A natação em águas abertas no Brasil vem crescendo muito, devido ao nosso clima e nossa costa litorânea, com belíssimas praias e paisagens, com lugares apropriados para esta prática. A modalidade vem ocupando espaço, assim como a corrida de rua nos domingos de manhã.
Porque este esporte cresce tanto?
Os motivos para esse crescimento são diversos. O fato das provas acontecerem em locais turísticos que podem ser frequentados por várias faixas etárias interagindo entre si, viabilizam um passeio e viagem em família, fazendo da competição um momento de união, mesmo que nem todos sejam praticantes, podem curtir a praia e todos os seus atrativos, enquanto seus familiares se desafiam.
Outro fator atrativo para muitos praticantes é a interação com a natureza, sendo que este ambiente aquático nos proporciona uma conexão única, uma vez que durante a prova não estamos com celulares e não tem como alguém te chamar ou conversar com você.
Os diferentes modelos de provas também dispõem de várias opções de distâncias, podendo se adequar aos diversos níveis dos atletas. Existem também peculiaridades, como o fato de integrar outros esportes além da maratona aquática no mesmo evento, onde paralelamente acontecem provas de aquatlhon, corrida na areia, stand-up, um movimento tradicional de esportes de praia. Algo que não é comum em provas de corrida de rua ou natação de piscina.
Muitos atletas vindos de outras modalidades encontram nas águas abertas um esporte sem impacto físico e também mais acessível financeiramente, ficando atrás apenas da corrida de rua. A união destes fatores faz com que a maratona aquática ganhe cada vez mais adeptos e assim são disponibilizados também mais eventos, o que vem lotando nosso calendário nacional.

Afinal, ter muitos eventos é bom ou ruim?
Isto é bom ou ruim? Temos os dois lados. Há atletas que querem participar de todos os eventos, experimentando novos ambientes e buscando uma melhor qualidade de vida. Outros já são fiéis a um circuito ou campeonato e querem ter um parâmetro de comparação do seu desempenho nas diversas provas e em relação a seus adversários.
É importante que cada atleta avalie seu momento dentro da modalidade: se quer evoluir e comparar seu parâmetro com as provas anteriores e os mesmos adversários, repetindo percursos e locais (lembrando que isso não garante uma exatidão no parâmetro de comparação, porém é a forma mais próxima de conseguirmos avaliar nossa evolução em ambientes abertos), ou se prefere conhecer novas provas, novos lugares e novos eventos, buscando na modalidade possibilidades de descobrir novas experiências, colecionando momentos inéditos.
Para este último, há um grande número de provas no calendário, que conta com um público cíclico, que circula pelos vários eventos da modalidade. Há atletas que não gostam de fazer sempre as mesmas provas, enquanto outros são muito fiéis. Quanto a esse cenário, a meu ver, o público é equilibrado nos diversos eventos, pois todo evento terá seus fiéis e estreantes. Pelo que tenho acompanhando, a quantidade de estreantes de um evento costuma ser próxima dos que migram deste para estrear em outro, e assim por diante.

Uma vantagem que observo nessa “lotação de calendário” é que o padrão de qualidade dos eventos tende a ficar mais rígido, pois se não, corre grande risco de perder seus participantes para o concorrente. Sendo assim os eventos já nascem com uma imensa preocupação quanto à segurança, estrutura de terra e água e a interação com o participante. Esse movimento também estimula o apoio de marcas afins para a modalidade, pois se há espaço para tantas provas, o segmento se mostra atrativo para o investimento.
Tal repercussão pode ser vista nos kits, premiações e qualidade de material utilizado pelas organizações, que usufruem desse espaço de comunicação com as marcas, criando soluções para atletas amadores que escolhem investir não só em conforto de seus materiais e assessórios para a prova, como também em equipamentos para melhorar seu desempenho.
Temos também muitos clubes, associações e assessorias que já possuem fidelização com alguns eventos obtendo alguma vantagem financeira nas inscrições, estando presentes sempre nas mesmas provas, mesmo que alguns de seus atletas procurem novos desafios.

Como escolher qual evento participar?
A maioria dos atletas acaba tendo que optar pela prova a qual pretendem participar, não só por questões financeiras, mas também pelo tipo de treinamento e agenda disponível. A minha sugestão para atletas que se sentem perdidos ao ver um calendário tão vasto de provas é que reconheçam o que estão buscando em sua prova e qual é seu objetivo particular na competição.
Assim podem organizar seus critérios, priorizando o que mais lhe interessa no momento: se é comparar a seu último resultado, se desafiando; ou se está à procura de uma melhor qualidade de vida; ou de uma nova experiência junto a seus amigos, conhecendo novos lugares; sempre levando em consideração sua disponibilidade de tempo, recursos financeiros distribuídos entre as demais provas e o desgaste das viagens em meio a sua rotina.
Dentre esses critérios e opções, os atletas vão se adequando ao extenso calendário de provas e eventos, que muitas vezes acabam por coincidir suas datas, principalmente no verão, estação do ano que concentra o maior número de provas.