Estão de parabéns os quatro jovens portugueses que estiveram no 49º Europeu Júnior, entre os dias 4 e 9 deste mês em Belgrado (Sérvia), assim como os seus técnicos.
Quem faz o melhor em praticamente 100% das provas em que participa dificilmente pode ser criticado, e nunca é ‘culpa’ dos que estão presentes (merecidamente, porque fizeram os mínimos) que Portugal não tenha mais ‘Diogos’ Ribeiro (DR/União de Coimbra, em 2021), ‘Rafaelas’ Azevedo (RA/Algés e Dafundo, 2019), ou ‘Tamilas’ Holub (SC Braga; ouro e prata em 2016), os nossos únicos medalhados nas últimas sete edições.
Às 13 provas que nadou nas eliminatórias na Sérvia o quarteto luso juntou mais cinco: um ‘swim-off’ (vencido e com recorde nacional da categoria, por Carlos Nunes), três ’meias’ e uma final; e dos quatro jovens só um não chegou pelo menos a uma meia-final, exatamente Carlos Nunes (Náutico de Salvaterra de Magos), que nos 100m bruços ficou a 22 centésimos do 16º lugar…
Mimoso finalista
Destaque maior, claro, para o juvenil de 16 anos Rafael Mimoso, finalista nos 200m bruços (6º lugar), onde fez a segunda marca nacional de sempre na categoria (2:17.92), depois de nas meias ter feito a primeira, ao afundar o seu anterior recorde de Portugal de juvenil A, com 2:17.43 (ver nosso artigo anterior em Rafael Mimoso mais rápido que Alexandre Yokochi chega à final do Europeu Júnior – Swimchannel).
E para que não restem dúvidas (e porque recebi algumas mensagens dos nossos atentos leitores), eu não fiz comparações entre o Rafael e o histórico Alexandre Yokochi, que seriam disparatadas, injustas e perigosas para o jovem finalista.
O que escrevi (ver link acima) foi que ele já era o mais rápido do seu clube (SLB) nesta prova (logo, mais rápido que Yokochi, nos 200m bruços), batendo um recorde da equipa com 35 anos. Claro que a valia das marcas é incomparável com tantos anos de diferença, devendo ser acauteladas quaisquer comparações.
Recordo que o Rafael nasceu em 2007 e tem, por isso, ainda mais dois anos na categoria júnior para se afirmar nesta importante competição.
Reflexão sobre a formação
Mas concordo plenamente com a avaliação feita a Swim Channel (em baixo) pelo técnico da seleção nacional júnior, Rodrigo Batista (e responsável pelo grupo de treino do CAR de Rio Maior), pela sua avaliação honesta e frontal.
Só refletindo seriamente sobre o caminho que se está a traçar podemos ir verificando se é o correto, corrigindo onde haja a corrigir, e ouvindo os principais envolvidos no processo: os técnicos nacionais, que por certo serão os primeiros a saber identificar onde estaremos a falhar na formação.
Para uma modalidade que tem (segundo os dados da FPN) o segundo maior número de filiados a nível nacional, temos que reconhecer que os últimos anos têm sido muito modestos – Diogo Ribeiro à parte claro – e em especial no setor feminino, com três atletas apenas nas últimas três edições (ver quadro em baixo).
Na classificação coletiva (por número de finais e meias-finais alcançadas) Portugal foi o 32º país, com 16 pontos, em 35 que pontuaram (participaram 40 países).
“Balanço positivo”
Para Rodrigo Batista, ouvido por Swim Channel, “o balanço final é positivo, com a presença de três nadadores em meias-finais (Rafael Mimoso, Luís Galvão e Ricardo M. Santos), superando o número do ano anterior. Podíamos ter feito mais duas pelo Carlos Nunes aos 50m e 100m bruços, pois com o tempo dele dava acesso.”
Quanto a destaques refere: “os pontos mais altos foram a final do Rafael Mimoso, que tinha [ainda] como objetivo melhorar um pouco mais na final; mas a experiência internacional ainda é reduzida. Destaco também os recordes nacionais obtidos pelo Rafael na meia-final, e do Carlos Nunes no ‘swim-off’ aos 50m bruços”.
E numa avaliação global aos Europeus deixa um sublinhado e um desejo para o futuro: “notei de uma forma geral uma evolução dos tempos europeus, e em algumas provas o acesso às finais foi perto dos 800 pontos FINA. No futuro, na natação nacional, teremos que ser mais ambiciosos para conseguirmos aumentar a quantidade e a qualidade dos nossos nadadores.”
Os técnicos dos jovens portugueses são:
Nuno Franco, que treina Luís Galvão (Clube Desportivo Nacional), sendo de elogiar que a Madeira há 23 anos não tinha um apurado para os Europeus Juniores.
Paulo Soares treina Carlos Nunes, na boa surpresa que tem sido o Clube Náutico de Salvaterra de Magos.
Ricardo Santos e Edgar Silva treinam Rafael Mimoso (SL Benfica).
Rodrigo Batista (CAR) e Sebastião Santos (CPFZ), treinam Ricardo M. Santos, que nada pela Casa do Povo de Ferreira do Zêzere, e treina no Centro de Alto Rendimento de Rio Maior
Acompanhou ainda a seleção o fisioterapeuta Luís Arsénio.
Juniores portugueses em CEJ e melhores resultados (2020 não houve/Covid-19)
Local/ano Medalhas Finais Meias-finais Nº atletas
Belgrado ’23 0 1 3 4 (mas.)
Otopeni ’22 0 0 2 2 (1 fem; 3 mas.)
Roma ’21 1 (prata/DR) 6 (1 estaf.) 9 6 (2 fem.; 4 mas.)
Kazan ’19 1 (bronze/RA) 3 8 12 (8 fem.; 4 mas.)
Itália dominadora
Coletivamente a Itália, orientada por selecionador Marco Menchinelli, foi a grande dominadora, em medalhas e pontos; mas enquanto em 2022 (já sem a Rússia, banida) conquistou 14 pódios (4 ouros, 5 pratas, 5 bronzes), este ano obteve 21 medalhas (9-8-4).
Destaque no medalheiro – além da habitual Hungria (13) – para a subida enorme da Dinamarca, terceira com 9 pódios (5-3-1), um feito notável; isto depois de em 2022 ter conquistado apenas três medalhas (1-2-0). Vinte e cinco países subiram ao pódio, tendo 13 conquistado o ouro.
Por pontos a supremacia italiana foi avassaladora:
- Itália, 935 p.
- Alemanha, 655 p.
- Hungria, 589 p.
- França 552 p.
- Bretanha, 524 p.
- Espanha, 401 p.
- Dinamarca, 340 p.
- Turquia, 319 p.
- Roménia, 272 p.
- Lituânia, 203 p.