A melhor nadadora do mundo em 2015 é Katinka Hosszu.
Não concorda? Nem eu.
Mas, provavelmente, é o que afirmará a FINA em sua festa de premiação dos melhores do ano, que acontecerá em 31 de janeiro de 2016, em Budapeste, na Hungria.
E a polêmica da escolha da melhor de 2014 se repetirá, quando a mesma Katinka foi escolhida em favor da americana Katie Ledecky, que naquele ano destroçou recordes nos 400m, 800m e 1500m e era vista como uma barbada para ganhar o prêmio.
Naquela ocasião, a escolha foi feita por um painel de jornalistas, técnicos, dirigentes e ex-atletas.
Para a escolha dos melhores de 2015, a FINA anunciou que não haverá votação. Ao invés disso, elaborou um sistema de pontuação, que atribui pontos aos nadadores com base em títulos mundiais, olímpicos e de Copa do Mundo, recordes mundiais e colocações no ranking mundial (clique aqui para detalhes).
E é aí que a coisa pega. Para a FINA, recordes mundiais e colocações no ranking mundial têm o mesmo peso tanto em piscina longa quanto curta. No mínimo questionável.
Mais grave ainda: não é o caso de 2015, mas em um ano com Jogos Olímpicos e Mundial em piscina de 25m, de acordo com o sistema, um título olímpico vale a mesma pontuação que o de um mundial de curta! Este sim um absurdo sem precedentes.
Katinka Hosszu é uma nadadora fabulosa. Um dos fenômenos da nossa era. Mas Katie Ledecky deixou todos abismados no Mundial de Kazan e mostrou uma superioridade dificilmente vista no esporte. A última vez que havíamos visto tal hegemonia havia sido com um certo Michael Phelps.
E mesmo assim a americana corre o sério risco de perder novamente o título de melhor do mundo. Pois Katinka brilha em piscina de 25 metros, e é o que está fazendo exatamente agora no Campeonato Europeu, em Netanya, Israel.
Neste momento, as duas nadadoras têm exatamente a mesma pontuação: 1030 pontos. Mas, após ter batido o recorde mundial dos 400m medley ontem, Katinka tem boas chances de mais recordes nos 100m e 200m medley, além de mais vitórias que podem lhe render boas colocações no ranking mundial.
Ou seja, fatalmente a húngara levará o prêmio.
A mais longeva e tradicional premiação da natação mundial, da revista Swimming World, foi anunciada esta semana. Katie Ledecky levou, assim como já havia acontecido em 2014. No masculino, o escolhido foi o britânico Adam Peaty.
O fato de Ledecky ter sido a melhor de 2015 é um daqueles raros casos que transcendem a opinião. É praticamente a verdade absoluta. É unanimidade.
A FINA, como entidade máxima dos esportes aquáticos, deveria mais do que ninguém saber que competições em piscina curta não têm, e não deveriam ter, a mesma importância das de piscina longa. E que a superioridade de um atleta sobre seus adversários também deve ser um critério a ser considerado na escolha do melhor do mundo.
Apenas o fato de se elaborar um critério objetivo não traz confiabilidade à escolha. Pelo contrário, se os critérios não forem razoáveis.
E, com isso, o prêmio, que já foi duvidoso ano passado, vai perdendo cada vez mais a credibilidade.
Nem bem o sistema de pontuação foi adotado, já se clama por mudanças. E, se não ocorrerem, o prêmio da FINA corre o risco de em um futuro bem próximo não passar de apenas mais uma nota de rodapé.
Por Daniel Takata