Você já pensou que parte dos exercícios de reequilíbrio muscular e prevenção de lesões pode ser realizada dentro da água? Um bom exemplo são os exercícios de palmateio. Mas afinal, você sabe o que é palmateio?
Palmateios são exercícios que tem como objetivo a melhora da sensibilidade, percepção e propulsão na água através de movimentos giratórios das mãos e braços. O deslocamento do nadador depende de sua habilidade em gerar propulsão enquanto reduz a resistência ao avanço do seu corpo (Toussain&Beek, 1992).
Entender e dominar o uso das mãos para uma ação de braço eficaz em todas as braçadas é um bom caminho. Alguns estudos, como o citado por H. Takagi et al. em publicações na revista científica Human Movement Science (2014), corroboram para isso, mostrando que explorar para maior domínio da aplicação desses movimentos giratórios (vórtice), tem grande potencial para aumentar a eficiência do nado.
Esses movimentos – junto com mudanças de posições do corpo – oferecem extensa gama de experiências. A variedade de exercícios é enorme, podendo o nadador estar em posições onde é preciso puxar, empurrar ou se manter na superfície, enquanto permanece com o corpo em uma posição ideal para melhor flutuabilidade. Já sabemos da importância do palmateio, mas de que forma este pode ser útil para a prevenção e reabilitação do atleta?
Sabemos que existe uma conjunção de fatores que desencadeia uma lesão, ou seja, as lesões são sempre multifatoriais. Dentre esses fatores existe o desequilíbrio muscular, comum em um esporte cíclico como a natação, visto que o gesto esportivo (braçada) é repetido inúmeras vezes em um só treino.
A sobrecarga em algumas regiões do corpo pode ocorrer e uma fraqueza muscular em outra pode ser notada. Isso acontece principalmente quando a demanda é maior que o condicionamento, quando o atleta não fez um fortalecimento adequado para as regiões mais requisitadas ou, quando sua técnica gera elevado gasto energético e a fadiga gera uma acomodação, colocando o atleta em desvantagem biomecânica.
Sabemos que no caso dessas lesões devemos trabalhar o reequilíbrio da estrutura comprometida e ao mesmo tempo das demais estruturas que podem estar gerando essa lesão. É importante notar que a lesão pode não estar conectada só com a articulação acometida; o termo “interdependência regional” tem como premissa subjacente deste modelo que deficiências aparentemente não relacionadas em regiões anatômicas remotas do corpo podem contribuir e estar associadas ao relato primário de sintomas de um paciente.
A implicação clínica desta premissa é que as intervenções dirigidas a uma região do corpo muitas vezes terão efeitos em áreas remotas e aparentemente não relacionadas.” (Sueki et al, 2013). Concluímos que o trabalho de mobilidade e fortalecimento realizado de forma global auxilia na prevenção de lesões em todo corpo.
A natação provoca no corpo a necessidade de buscar a posição ideal através da flutuação, para isso é preciso um bom posicionamento e o aprendizado de onde devemos aplicar as forças para flutuar e deslocar no meio líquido.
A variedade de exercícios de palmateios pode exigir do atleta por exemplo, uma manutenção da posição com ou sem o uso dos membros inferiores, e assim aumentar o recrutamento da cadeia extensora do quadril e tronco.
Pensando na regional interdependente, o palmateio pode auxiliar em lesões ou prevenção da região torácica, cervical, membros superiores e principalmente ombro – a região mais acometida na natação – além do excelente trabalho de percepção do corpo no meio líquido que esta estratégia promove.
Tendo em vista a importância de tirar o mínimo possível o atleta do seu ambiente de treino, a ideia é usar e abusar de exercícios de palmateios afinal, o que queremos é cair na água e manter uma relação saudável entre nosso corpo e esse maravilhoso esporte.