Poucas atletas tem uma história de vida tão fascinante como a nadadora canadense Hannah Margareth McNair MacNiel, ou simplesmente Maggie MacNeil. Adotada ainda bebê e destaque na natação universitária americana, Maggie teve um ano de 2021 inesquecível que a colocou entre as melhores nadadoras da atualidade e um dos nomes que devem continuar brilhando ao longo desta década.
Ela nasceu no dia 26 de fevereiro de 2000 na cidade chinesa de Jiujiang e era a segunda filha de um casal chinês. Na China vigora a política do filho único, medida adotada pelo governo na década de 1970 para tentar controlar a alta natalidade no país (a China é o país mais populoso do mundo com 1,4 bilhão de pessoas). Caso uma família decida ter mais de um filho, ela precisará pagar pesadas multas ao Estado. Devido a essa situação, seus pais biológicos a entregaram a adoção. Com apenas um ano de idade, o casal canadense MacNeil a adotou e ela ganhou a cidadania do novo país.
Maggie cresceu na cidade de Londres, na província de Ontário, no Canadá. Começou a nadar ainda criança, mas ao assistir pela TV os Jogos Olímpicos de Pequim-2008, que aconteceram no país onde nasceu, passou a dedicar mais a natação e a perseguir o sonho de um dia chegar a maior competição do esporte mundial. Ela nadou pela sua escola e pelo clube aquático da cidade, e em 2016 chegou a disputar a seletiva olímpica canadense. Porém, não conseguiu integrar o time que foi ao Rio de Janeiro.
Após terminar os estudos, foi aceita na Faculdade de Literatura, Ciências e Artes da Universidade de Michigan e também passou a integrar a equipe da tradicional universidade americana. Pela equipe dos “Blues” ela somou inúmeras medalhas em competições universitárias, com destaque para duas vitórias no NCAA em 2021, títulos de conferência e alguns recordes obtidos em piscina de jardas.
Em 2019 ela já havia surpreendido o mundo ao conquistar a medalha de ouro nos 100m borboleta no Campeonato Mundial de Gwangju-2019, batendo inclusive a superfavorita Sarah Sjostrom. Na ocasião ela havia dito que não esperava bater a sueca, que lutava pelo quinto título mundial na prova. Naquele Mundial ela ainda ganharia mais duas medalhas de bronze com os revezamentos 4x100m livre e 4x100m medley do Canadá.
Mas o melhor estava por vir e em 2021 Maggie teve o ano dos sonhos. Primeiro tornou-se a primeira mulher da história a nadar os 100 borboleta abaixo dos 49 segundos em piscina de jardas: 48s89. Depois brilhou nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 conquistando a medalha de ouro olímpica nos 100m borboleta batendo o recorde das Américas com 55s59 e superando a chinesa Yufei Zhang por apenas cinco centésimos em uma chegada de tirar o fôlego. Ainda conquistaria uma prata com o 4x100m livre e um bronze com o 4x100m medley, sendo eleito pela Associação dos Comitês Olímpicos Internacionais (ANOC), a melhor atleta feminina de todos os Jogos entre todas as modalidades.
Maggie encerrou seu ano com chave de ouro ao terminar o Campeonato Mundial de piscina curta com cinco medalhas conquistadas, sendo quatro de ouro. Nenhuma outra mulher ganhou tantos ouros quanto ela em Abu Dhabi. Os grandes destaques foram suas vitórias nos 100m borboleta, unificando os títulos, e nos 50m costas com novo recorde mundial de 25s27.
Com apenas 21 anos Maggie MacNeil é um dos frutos da talentosa e fortíssima nova geração da equipe canandese de natação que conta com outros atletas de perfil multicultural e com raízes migratórias, caso de Penny Oleksiak que tem origem polonesa e ucraniana, Kayla Sanchez que tem descendência filipina e Joshua Liendo com raízes tobaguenhas, apenas para citar alguns casos. Mesmo com uma curta carreira, Maggie tem feitos impressionantes e não dá sinal de que vai parar por ai. Bom para nós amantes do esporte.