Nascida em São Paulo em 1915 e filha de imigrantes alemães, Maria Lenk começou a nadar aos dez anos de idade devido a um problema de saúde. Ainda criança ela sofreu com uma pneumonia dupla e seus pais acreditavam que nadar ajudaria a recuperar os pulmões da jovem Maria. Então em 1925 ela deu suas primeiras braçadas no Rio Tietê, que na época ainda era límpido e onde as pessoas praticavam esporte como natação e remo.
Devido a seu enorme talento foi convocada para nadar os Jogos Olímpicos de Los Angeles-1932. Aos 17 anos embarcou de navio para os Estados Unidos e após vários dias de viagem chegou a cidade americana. Ao cair na água em Los Angeles, Maria entrou para história ao se tornar a primeira mulher brasileira e sul-americana a disputar uma Olimpíada. Na Califórnia não conseguiu passar para a final, mas ganhou experiência que lhe ajudariam em futuros eventos.
Cada vez mais eficiente resolveu se aperfeiçoar na modalidade e obteve enorme sucesso nas águas do famoso rio paulista. Entre 1932 e 1935 venceu quatro vezes consecutivas a Travessia de São Paulo a Nado, uma tradicional prova de natação de 5,5 km entre a Ponte da Vila Maria e o Clube Espéria, na zona norte de São Paulo. A travessia foi realizada durante vinte anos, entre 1924 e 1944, e além de Maria outro grande nome que despontou nas águas do Tietê foi João Havelange, tricampeão da prova e futuro presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA).
Em 1936 veio a segunda oportunidade de disputar uma Olimpíada, desta vez em Berlim. Novamente uma longa viagem de navio, porém, desta vez ela e outros nadadores conseguiram a nadar em uma piscina improvisada no barco. Na capital alemã surpreendeu o mundo ao inovar a braçada do nado peito a fazendo por foda d’água. Nascia então o nado borboleta, que passou a ser praticado por outros nadadores e oficializado pela Federação Internacional de Natação (FINA) em 1956. Além do pioneirismo na natação brasileira, Maria também é tida como a criadora do nado borboleta.
Nos anos seguintes viveu seu ague, tendo batidos dois recordes mundiais em 1939 nos 200m e 400m peito ambos na piscina do Clube de Regatas Guanabara, no Rio de Janeiro. Os Jogos Olímpicos de Tóquio-1940 seriam especiais. Seriam, porque devido a II Guerra Mundial eles foram cancelados e Maria perdeu a maior chance de sua vida de ir ao pódio olímpico. Nadou por mais algum tempo, mas deixou as piscinas em 1942 para se dedicar aos estudos no curso de Educação Física.
Trabalhou durante muitos anos como professora e escreveu livros, mas faltava voltar as piscinas. Na década de 1980 foi uma das pioneiras da natação master e até o fim de sua vida bateu dezenas de recordes mundiais e conquistou centenas de medalhas ao longo dos anos nas competições da categoria. Em 1988 entrou para o Hall da Fama da Natação Internacional e em 2007 deu nome ao parque aquático que seria o palco dos esportes aquáticos dos Jogos Pan-Americanos. Maria Lenk faleceu no dia 16 de abril de 2007 aos 92 anos de idade após uma parada cardiorrespiratória.