Dia de emoções ao rubro com a fantástica medalha de bronze conquistada pelo júnior Diogo Ribeiro no Campeonato Europeu em Roma aos 50m mariposa.
Poucos prognosticavam que o mais novo dos finalistas fosse, afinal, o terceiro mais rápido com o novo recorde júnior e absoluto de Portugal em 23.07, apenas a dois escassos centésimos de igualar o recorde europeu e mundial júnior, do russo Andrei Minakov em 2020.
Esta é apenas a terceira medalha de sempre que Portugal conquista em Europeus de piscina longa, depois da prata de Alexandre Yokochi aos 200m bruços (Sofia 1985), e do bronze de Alexis Santos aos 200m estilos (Londres 2016), num dia que foi – no total – também inédito para a natação portuguesa: apenas numa tarde foram nadadas três finais e três meias-finais, sinal claro que algo está a mudar na modalidade.
A evolução do recorde de Diogo (a negrito os recordes nacional absoluto) e nome dos técnicos:
23.07 – 12/08/22, CE Roma – Alberto Silva
23.18 – 11/08/22, CE Roma – Alberto Silva
23.24 – 11/08/22, CE Roma – Alberto Silva
23.28 – 19/04/22, Open Dinamarca – Alberto Silva
23.54 – 03/04/22, Nacionais Coimbra – Alberto Silva
23.69 – 03/04/22, Nacionais Coimbra – Alberto Silva
24.02 – 23/12/21, Jamor, Oeiras – Alberto Silva
24.09 – 07/07/21, CE Jún. Roma – Vítor Raposo
24.13 – 06/07/21, CE Jún. Roma – Vítor Raposo
24.22 – 06/07/21, CE Jún. Roma – Vítor Raposo
(André Vaz foi técnico do Diogo entre 2016 e maio de 2021)
Diogo obtém a terceira medalha para Portugal (Foto: FPN)
Objetivo é…o Mundial ‘22
Em declarações à RTP (estação pública de TV em Portugal) o júnior que representa o SL Benfica e treina com Alberto Silva no CAR Jamor, ainda não acreditava no que tinha sucedido…mas já referia que o “grande objetivo [da época] é o Mundial Júnior…!”
Ou seja, no dia em que conquista um feito extraordinário, em que já era o segundo mais novo finalista de Portugal em Europeus (depois de Vítor Fonseca, 7º em 1962 aos 200m mariposa com apenas 16 anos), e em que se torna o segundo júnior do planeta mais rápido de sempre nos 50m mariposa, refere, com simplicidade, que ainda tem sonhos mais altos e que este nem é o ponto alto da época…
Na capital do Peru, Lima, pode mesmo voltar a escrever história para Portugal na competição que se disputa de 30 de agosto a quatro de setembro. Mas para já, ainda faltam cinco dias de Europeu e há que ter a cabeça fria.
Cerca de 30 minutos após o bronze (que soube a ouro), Ribeiro foi à sua segunda meia-final no ‘Stadio del Nuoto’, para ‘esmagar’ mais um recorde nacional júnior e absoluto, o seu quarto em dois dias: 48.52 nos 100m livres…!
Retira duas décimas ao anterior máximo de 48.72 que o próprio obtivera a 31 de março deste ano nos Nacionais em Coimbra, sua terra natal, e foi nono classificado a…oito centésimos do oitavo lugar para a final. Nas eliminatórias já tinha nadado em 48.88 que na altura era a segunda, agora terceira, marca lusa mais rápida de sempre.
Nadou em mais uma prova para o ‘livro de recordes? É que o seu ‘colega’ júnior David Popovici (Roménia) voltou a fazer ‘das suas’; e que feito fabuloso, que pode ser resumido assim: só não bateu o recorde mundial absoluto; com 46.98 (!) afundou (e bem) o recorde europeu absoluto, o recorde europeu e mundial de juniores e claro o recorde dos campeonatos.
Para sábado a final promete ser mais uma para guardarmos na memória; e será que o icónico recorde mundial de César Cielo (46.91), alcançado a 30 de julho de 2009 nesta mesma piscina (no Mundial) vai ser batido? Não percam a transmissão.
Camila iguala melhor classificação de sempre
Ainda é cedo para avaliarmos o impacto que esta medalha e resultados poderão ter na nossa natação, mas a consistência das marcas e classificações do primeiro e segundo dias não deixam muitas dúvidas: hoje, e além do terceiro lugar no pódio de Ribeiro, também é de enaltecer o quinto lugar da igualmente estreante Camila Rebelo nos 200m costas, que iguala a melhor classificação nacional feminina de sempre, obtida nos 200m mariposa por Ana Catarina Monteiro em Glasgow 2018.
À Camila (Associação Louzan) deve ser enaltecida a atitude e confiança quando pela primeira vez no palco com as melhores, nadando com determinação e crença em que estava a dar o seu máximo; terminou em 2:11.03, segunda marca nacional de todos os tempos, atrás do seu recorde de Portugal, 2:10.41, e a deixar ótimas indicações para o que ainda falta.
Também ela foi uma das mais jovens finalista de sempre no setor, atrás de Tamila – 19 anos na sua primeira final em 2018 – e da ‘recordista’ Sara F. Oliveira, que tinha apenas 16 anos e oito meses quando foi sétima na final de 200m mariposa de 2002.
Terceira final lusitana do dia, e terceira da carreira para Tamila Holub, agora a portuguesa mais finalista de sempre (tinha duas finais, tal como Sara Oliveira).
A prova vinha abençoada (após forte chuvada que caiu em Roma, e obrigou à interrupção das provas durante cerca de 10 minutos), e a atleta que já tinha sido sétima em 2018 e oitava em 2021 (sempre aos 1500m livres) lançou-se à água para os 800m livres como uma verdadeira ‘guerreira’ (é do SC Braga).
Foi grande parte do tempo com o grupo da frente, e ainda deu a entender que se iria aproximar do recorde de Portugal (8:29.33), mas as últimas centenas de metros já foram um pouco mais lentos, totalizando 8:36.36, para um inédito sexto lugar.
Meias-finais dos 200m costas
Nas meias-finais dos 200m costas João N. Costa piorou um pouquinho o seu tempo da eliminatória (1:58.68), para ser 11º classificado em 1:58.96, deixando bons indicadores para a sua prova principal, os 100m costas.
O recordista de Portugal dos 200m, Francisco Santos (em 1:57.06) nadou de manhã nuns modestos 2:00.88, e à tarde, apesar da boa entrada na prova, acabou por melhorar pouco, para 2:00.73. Também ainda terá os 100m costas para mostrar um pouco mais do seu valor.
Ainda nas eliminatórias do segundo dia nadou Ana P. Rodrigues, que completou os 100m bruços em 1:09.73, que por certo não refletem o momento de forma da experiente atleta; ainda há pouco mais de uma semana nos Campeonatos/Open de Portugal deu ótimos indicadores. Nadará ainda os 50m bruços onde por certo estará melhor.
Medalhas e classificação por países
Ao segundo dia são já nove os países medalhados:
Itália – 9
Países Baixos – 3
Hungria – 4
Grã-Bretanha – 4
França – 3
Alemanha – 1 (prata)
Portugal – 1 (bronze)
Lituânia – 1 (bronze)
Turquia – 1 (bronze)
Na classificação por países, 25 já pontuaram (pelas presenças em finais e meias-finais), ocupando Portugal o 11º lugar com 43 pontos, ex-aequo com a Suíça (à frente de países como a Grécia, Turquia, Eslovénia), sem dúvida uma boa posição entre os 50 países presentes (Rússia e Bielorússia são os únicos membros da LEN impedidos de participar).
Portugueses no sábado (13/8/22):
Diogo Ribeiro, 100m Mariposa (8h15)
Camila Rebelo, 50m Costas (8h32)
Rafaela Azevedo, 50m Costas (8h32)
Gabriel Lopes, 200m Bruços (8h42)
Dueto fez história
Logo bem cedo também Beatriz Gonçalves e Cheila Vieira mostraram querer ter um lugar na história da modalidade: pela primeira vez uma equipa de artística chegou a uma final de uma grande competição internacional, sendo o nono melhor dueto livre em 18 seleções; e também pela primeira vez superaram os 79,000 pontos, com uns ótimos 80,9667 pontos (quase 81,000).
A equipa das atletas da GES Loures (que treinam no Centro de Estágio em Lagos, Algarve) e são treinadas pela selecionadora Sylvia Hernandez (apoiadas pela sua técnica no clube, Chilua Pegado) competem sábado na final a partir das 14h, sendo a sexta equipa a atuar entre as 12 finalistas.