A natação no gelo é uma das modalidades aquáticas que esta crescimento. Dezenas de milhares de nadadores estão caindo na água fria diariamente e antes das restrições do COVID viajavam para eventos da Sibéria à Argentina, da Antártica às montanhas da Califórnia e aos lagos da Irlanda.
Mergulhar em águas geladas tem raízes históricas em países mais ao norte do globo e fazia parte de uma rotina de muitos moradores de nações nórdicas. O esporte cresceu rapidamente à medida que duas organizações se formaram para coordenar eventos e impulsionar os padrões de segurança: a International Winter Swimming Association criada em 2006 e a International Ice Swimming Association criada em 2009. Ambas contribuíram para implementar uma temporada de natação em águas abertas que se estende durante os invernos nos hemisférios norte e sul.
A natação no gelo é considerado um esporte radical e o nadador tem entrar na água apenas um pequeno maiô ou sunga, além de touca e óculos. Os trajes de neoprene são proibidos. As temperaturas da água variam dependendo do desafio, podendo chegar a números negativos. A sensação térmica pode ampliar ainda mais o desafio e as provas ocorrem em piscinas ao ar livre, lagos, mares, rios e ou na superfície do gelo.
Houve vários marcos importantes que contribuíram para o surgimento do esporte. Lynne Cox foi uma das primeiras a nadar em águas gélidas, com temperatura de 4ºC em um desafio de 3,5 km no Mar de Bering entre a Rússia e os EUA. Em 2000 foi realizado na Finlândia o primeiro campeonato mundial no gelo e o famoso nadador de águas geladas Lewis Pugh, nadou por 1 quilômetro no Polo Norte em 2007 para destacar o aquecimento global. Detalhe, a temperatura da água era de -1,6ºC.
Para nadadores de piscina tradicionais, os problemas com a água fria começam na temperatura da água que é de 15ºC. Já os nadadores de águas geladas estão acostumados com sessões de treinamento mais curtos e o segredo fazer com que o corpo e cérebro se acostumem. Alguns se sentam em uma banheira de gelo gigante para se preparar e visualizar e outros estabelecem metas como tempos mais rápidos, mais tempo na água, representar seu país em uma viagem à Sibéria, etc.
O esporte apresenta uma série de provas e desafios. Existem competições por faixa etária, com provas de 50 e 100 metros e essas provas também podem permitir uma etapa de natação de “resistência” com 450 metros. Outros eventos aumentam a distância para 1 km com faixa etária registrada e recordes mundiais gerais. Os desafios individuais começam abaixo de 5ºC e com uma milha de gelo.
Em todos os esportes radicais, os protocolos de segurança desenvolvem-se continuamente à medida que o conhecimento aumenta. O principal perigo é a hipotermia, quando a temperatura corporal central de um nadador cai abaixo de um certo nível e que pode resultar em falência de órgãos.
A pesquisa permite que as equipes de segurança procurem sinais de que um nadador está se aproximando de um problema e terminem sua prova com segurança. O esporte exige práticas seguras como realizações de exames médicos com uma certa frequência, nunca nadar sozinho, respirar devagar, sair da água logo que nãpo se sentir confortável, entre outros.
Quanto ao futuro estão previstos novas provas e desafios. Será que a natação no gelo poderá integrar os Jogos Olímpicos de Inverno algum dia? Leia mais sobre esses eventos no site da WOWSA clicando aqui.