E ao quinto dia de Europeus em Roma Camila Rebelo arrasou o recorde nacional dos 100m costas. Primeiro, nas eliminatórias, tornou-se a primeira portuguesa abaixo de 1:01, com um belíssimo 1:00.94, que lhe dava a oitava marca para a meia-final. O máximo luso já era seu com 1:01.10 desde um de abril em Coimbra
À tarde a atleta da ‘Louzan’ voltou a superar-se com 1:00.66, nova marca-limite, alcançado o recorde número oito para Portugal em Roma (mais seis finais). E recordo que o seu máximo pessoal no fim da época 2020/21 era…1:02.67. Excelente evolução, pois, para esta jovem de 19 anos, que retirou já 2.01 segundos ao seu melhor.
Os parciais da manhã e da tarde foram: 1:00.94 = 29.64 + 31.30; 1:00.66 = 29.77 + 30.89.
Ou seja, nas meias até iniciou ligeiramente menos rápida, sendo a segunda parte da atuação da ‘artista’ a que fez maior diferença, ao nadar 41 centésimos mais rápido e revelando as suas ótimas características de nadadora de 200m.
Terminou em 9º lugar nas meias-finais, a curtos 28 centésimos da final…que seria a sua segunda neste europeu, depois do ótimo quinto posto aos 200m costas. Mas ainda é ‘reserva 1’ para a final de terça-feira à tarde, e por enquanto não está de férias.
Rafaela Azevedo (Algés e Dafundo) esteve hoje melhor que nos 50m costas, chegando à meia-final com 1:01.78 (29.70; 32.08). Nesta, voltou a melhorar um pouco com 1:01.56 (29.54, 32.02), a sua segunda melhor marca da época, depois dos 1:01.31, que fez em dezembro no Jamor (o seu recorde pessoal é 1:01.17). O 13º lugar geral é uma subida em relação ao seu tempo de inscrição inicial, que era o 16º.
Tamila e Diana foram ‘guerreira’
Os 1500m livres eram a primeira final feminina a ter duas portuguesas apuradas, e ambas mereceram fazer parte da história.
Muito combativas desde o início, estavam decididas a demonstrar que o apuramento foi bem merecido; foi a quarta final europeia para Tamila (a primeira em duas finais numa mesma edição), e a segunda para Diana.
Até aos 800m ambas imprimiam um ritmo forte, determinadas a ficar entre as mais fortes deste Europeu: 8:38.36 para a atleta do SC Braga, e 8:41.13 para a do Benfica, ambas num ritmo melhor que o do recorde de Portugal, 8:41.93. E só aos 1050m os parciais de ambas a cada 50m começaram a entrar nos 33 segundos, perante os ataques das espanholas que ladeavam as portuguesas.
Uma delas, Paula Otero, ainda conseguiu ultrapassar Tamila, chegando a ter 1,3 segundos de avanço aos 1450 metros…mas a finalista em Roma nos 800m não se dava por vencida, realizando os mais rápidos últimos 50 metros de entre todas as oito finalistas: 30.50 (a campeã europeia, Simona Quadarela fez 30,59 p.e.).
Mas a espanhola não se dava por vencido, como que a querer vingar a derrota no duelo ibérico que a portuguesa lhe tinha infligido na final de 800m, em que superou a ‘nuestra hermana’ em escassos 15 centésimos…
Otero foi quarta classificada em 16:18.27, e Holub quinta com 16:18.64 (apenas mais 37c.), assinando a sua segunda mais rápida marca de sempre (a melhor é 16.15.50, no Europeu 2021).
Pouco atrás, em sétimo lugar, ficou Durães com 16:26.53, a sua segunda melhor marca deste ano, e quarta da carreira.
Ouvi as finalistas portuguesas após a final.
Tamila Holub:
“Estou obviamente muito feliz pela forma como as coisas correram; e muito surpreendida, porque esta foi uma época muito complicada, e não estava à espera de conseguir reagir para estes europeus. Por isso é realmente uma sensação de alegria e de uma certa tranquilidade. É sempre bom quando as coisas correm bem, e acho que não há nada melhor para um atleta do que termos a sensação de consciência tranquila ao ir para férias”.
Diana Durães:
“Não comecei [os Europeus] da melhor forma, mas consegui superar isso e estar presente em mais uma final; desliguei-me das redes sociais nos últimos dias para me focar só em mim e não ler coisas desagradáveis. [sei que] Não comecei da melhor maneira, mas consegui superar isso, levantei a cabeça e fui à lut; nem todos o conseguem fazer. E por isso estou orgulhosa de mim.
Passo a passo, e isto foi mais um passo, voltar a nadar numa final.”
“Ano muito complicado”
O treinador do SC Braga, Luís Cameira (que tal como Ricardo Santos, do Benfica, não integrou a seleção nacional), resumiu assim a prestação da sua atleta: “depois de um ano muito complicado da parte dela, com muitas interrupções na preparação, a entrada na universidade, a saída do projeto olímpico, questionar muito se valia a pena continuar no alto rendimento, decidiu-se a voltar em fevereiro; em março fez mínimos para o Campeonato Europeu, que passou a ser o grande objetivo, da época. Felizmente correu muito bem, ainda melhor que as nossas perspetivas, e a Tamila volta a escrever história na natação portuguesa”
Seis portugueses na terça-feira (16/8/22):
Eliminatórias (na RTP Play):
50m livres (8h00)
– Diogo Ribeiro (8ª série)
200m mariposa (8h17)
– Ana Catarina Monteiro (2ª série).
100m costas (8h30)
– Francisco Santos (3ª série)
– João Costa (4ª série)
50m bruços (8h45)
Ana P. Rodrigues (2ª série)
200m estilos (8h54)
– Gabriel Lopes (3ª série)
Meias-finais e finais às 17h (direto na RTP2)