Enfrentar as águas frias virou rotina para um grupo de nadadores em Melbourne, na Austrália, durante esta pandemia. Os atletas enfrentam condições congelantes no Port Phillip Bay para nadar. Os famosos icebergers de Brighton Beach são conhecidos por ser o local em que muitos nadam de roupas de borracha. Na pandemia este grupo aumentou ainda mais.
“Quando as piscinas fecharam, queríamos continuar nadando. Eu e um dos meus amigos saímos para as águas abetas e a partir daí crescemos e crescemos”, diz Mercedes Colla que nada no local até três vezes por semana.
A imersão em água fria é apontada por estudos como sendo benéfica para para a saúde física e mental, argumento que esses nadadores tentam provar. Uma das nadadoras da equipe, Olivia Collins, diz que o grupo começou a nadar apenas buscando dar um mergulho na baía para começar o dia. Já Francesca Gulino, outra nadadora, comentou que a nova rotina matinal tem sido desafiadora e ajuda a lidar com o estresse causado pela pandemia. “Tivemos que lidar problemas que sofremos há 15 anos, e essa tem sido realmente uma das minhas maiores salvações”, diz ela.
Em Half Moon Bay, o treinador de águas abertas Peter Hendriks diz que o fechamento de piscinas levou a uma comunidade totalmente nova que está começando a praticar a modalidade em águas abertas. “O aumento dos nadadores de águas abertas tem sido fantástico. Estamos no meio do inverno e as pessoas querem ver se podem durar a temporada inteira. O verdadeiro desafio será ver se elas voltarão no próximo ano”, disse o treinador.
O profissional ajudou alguns nadadores a fazerem a transição entre a piscina e as águas abertas. Um desses atletas foi o nadador paralímpico Ben Morrison. “Fui apresentado ao Ben no início da pandemia por sua mãe, Jane, que o treina na piscina. Ele está se preparando para o campeonato australiano de águas abertas em Adelaide no próximo ano e fez toda a sua preparação aqui”, comentou Hendriks.
Com uma deficiência intelectual, autismo e um distúrbio espinhal, sua transição para o oceano é foi notável. Ele entra na água em Half Moon Bay, seis dias por semana, com Hendriks ao seu lado de caiaque e nada às vezes por até três horas diárias. “A temperatura da água é de 10ºC hoje. Para durar três horas nessas temperaturas, a maioria das pessoas não conseguiria, mas ele é inacreditável, é um campeão”, diz Hendriks.
Bruce e Chelsea Matheson, pai e filha, descobriram uma nova paixão e uma chance de se relacionar, depois que Matheson deixou seu emprego no País de Gales e voltar para casa em março. Os dois ocasionalmente nadavam juntos no verão, mas com o Chelsea de volta na Austrália e as piscinas fechadas, eles regularmente se aventuram na praia de Sandringham.”Se há algo de bom na pandemia é que recuperei minha garota e minha amiga de natação”, comentou Matheson.
Na cidade de Brighton, Samantha Cross diz que ama a emoção que é nadar em águas geladas e o companheirismo que o grupo desenvolveu ao longo da pandemia. “É como uma aventura todos os dias e você sente que está escalando o Monte Everest. É incrível”, comentou para a reportagem do site ABC da Austrália. Veja mais sobre essa história detalhes aqui.