O nadador americano Nathan Adrian deu uma entrevista recente ao Olympic Channel em que comenta um pouco sobre sua rotina de treinamentos e expectativas para o futuro da carreira. Aos 31 anos o campeão olímpico dos 100m livre em 2012, falou sobre seu tratamento de câncer e sobre sua nova rotina de treinos.
O nadador montou uma pequena academia na garagem da casa onde vive em Oakland, na Califórnia, e tem contato com a água em piscina improvisada. “Honestamente, eu estava preparado para isso. Fui diagnosticado com câncer há pouco mais de um ano. Temos essa ilusão do controle…eu tinha isso até eu ter câncer. Você pode controlar seu estilo de vida e diminuir fatores de risco, mas não pode controlar uma condição genética, por exemplo. Vi a COVID crescendo na China, um amigo depois falando sobre como estava em San Francisco. Eu esperava que poderíamos lidar com a doença”, comentou Adrian.
“Mas eu, Nathan, só podia treinar, tentar agir como se as Olimpíadas fossem acontecer, como se as seletivas fossem acontecer. Quando foram adiadas, eu e meu técnico Dave Durden cuidamos do treino, adaptamos a uma piscina que não era olímpica. Eu pensava que pessoas em outros países menos atingidos pela COVID estariam treinando normal. Foi algo muito difícil, com muita ansiedade. Dave fez um ótimo trabalho dizendo o que íamos fazer no ambiente em que tínhamos”, contou.
O campeão olímpico divulgou em janeiro de 2019 que estava com câncer no testículo. Após o tratamento e uma cirurgia, voltou a competir em alto nível em uma velocidade impressionante. Depois da cirurgia e de superar o câncer, Adrian mudou sua visão sobre a forma como enxerga a competição e o esporte. “Faço tudo diferente e penso duas vezes antes de tudo. As vezes a medalha não é o mais importante, foi isso que eu aprendi depois do câncer. Eu sonho, eu como, eu durmo pensando em medalhas, mas no fim do dia me dou conta que existem outras coisas que importantes na minha vida”, comentou depois dos 100m livre nos Jogos Pan-Americanos de Lima.
Sobre sua aposentadoria, ele afirmou que Tóquio será sua última participação olímpica. “Eu comecei essas conversas porque sinto que há necessidade de uma transição da vida esportiva até algo pós esporte. Eu não me vejo competindo em Paris. Se 2024 fosse em Los Angeles (que será sede em 2028) eu talvez tentasse esticar minha carreira. Competir em casa seria incrível, mas eu sabia que precisava estar equipado com isso quando chegasse a hora de parar”, disse.
Como parte da busca por equilíbrio emocional em tempos tão incertos, Nathan contou que conta com apoio da USA Swimming para cuidar da saúde mental. “A USA Swimming depois de 2016 reconheceu que saúde mental é importante e criou um fundo para ajudar os atletas e fazer terapia. Através disso já tinha uma relação com um psiquiatra e falo com ele a cada duas semanas. Eu tinha esses sentimentos. O esporte é algo super masculino, acredita-se que ser durão é não ter que falar sobre seus sentimentos, fazer as coisas de qualquer forma porque vai compensar no fim. Isso funciona até certo ponto, até que não funciona mais”, disse.
Em seu currículo, Adrian soma oito medalhas olímpicas, sendo cinco de ouro, uma de prata e duas de bronze. Na última Olimpíada, no Rio-2016 ele conquistou o bronze nos 50m e 100m livre e dois ouros com os revezamentos 4x100m livre e 4x100m medley. Já em Mundiais são mais 19 medalhas conquistadas na longa e curta e mais nove pódios em Campeonatos Pan-Pacíficos.
Por fim, Adrian disse que pretende seguir nadando, mas sem se colocar sob muita pressão. “Tem dias em que estou cansado, então falo com o meu técnico o que eu posso fazer para tirar o melhor nessas condições. O que vai acontecer no ano que vem, desde que eu tenha essa mentalidade sobre a minha natação, o que quero é me dar a melhor oportunidade. Não podemos controlar o que as pessoas estão fazendo. Pode ser que eu fiquei o ano inteiro sem uma piscina, no pior cenário. Eu não vou colocar esse peso em mim. Eu vou fazer o melhor que eu puder”, completou.