A águas da Laguna Bujama, local das provas de águas abertas dos Jogos Pan-Americanos de Lima, foram palco de uma marca histórica para a natação brasileira. Pela primeira vez duas nadadoras do país foram ao pódio juntas em uma maratona aquática. Ana Marcela Cunha e Viviane Jungblut superaram a baixa temperatura da água e conquistaram ouro e bronze, respectivamente e ajudando o país que assumiu hoje a vice-liderança do quadro de medalhas de Lima-2019
Estava frio na Laguna Bujama, com a temperatura de água oscilando entre 17º C e 18º C. Devido a água gelada os trajes de neoprene com mangas foram liberadas pela organização do Pan. Já classificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio e vindo de uma campanha que resultou em dois títulos mundiais em Gwangju, Ana Marcela era o nome a ser batido. Porém, ninguém conseguiu pará-la e tendo a prova toda sob seu controle não deu nenhuma chance para as adversárias.
Ana Marcela sobrou ao longo dos 10 km e venceu com o tempo de 2h00min51s9, mostrando estar em uma fase incrível da carreira. Foi sua primeira medalha em Jogos Pan-Americanos, competição que disputou duas vezes (Rio-2007 e Guadalajara-2011), mas que jamais havia passado do quinto lugar. É também o primeiro ouro do Brasil em uma prova de águas abertas contando as provas masculinas e femininas. Mais uma façanha para o já recheado currículo de Ana Marcela.
Se a fase de Ana Marcela é boa, a de Viviane Jungblut também é. A jovem gaúcha, que ficou a poucos centésimos de conquistar a vaga olímpica em Gwangju, travou um belo duelo contra a argentina Cecilia Biagioli pela medalha de prata. Aos 34 anos, Biagioli disputa aquele que deve ser seu último Pan e conseguiu desgarrar no final para terminar na segunda colocação com 2h01min23s2. Foi a segunda medalha da argentina, que havia sido campeã em Guadalajara-2011. Já Viviane debutou no Pan conquistando a medalha de bronze com 2h01min24s0.
Homens sem medalha
Se na prova feminina tudo saiu perfeito para o Brasil, no masculino foi ao contrário. Victor Colonese e Allan do Carmo não conseguiram subir ao pódio nas águas de Lima. Colonese foi quem mais chegou perto. O baiano esteve sempre lutando por uma medalha, inclusive liderando a maratona na primeira metade dos 10 km. Mesmo crescendo na reta final ele acabou batendo na trave terminando em 4º lugar com o tempo de 1h54min03s6, apenas a um segundo da medalha de bronze.
Já Allan teve muito azar. O nadador teve problemas com seu traje de neoprene que acabou rasgando ao longo do percurso e prejudicou seu rendimento. Porém, Allan não desistiu e continuou nadando com a roupa rasgada (veja o vídeo da chegada aqui) e concluiu a maratona na 13ª colocação com o tempo de 2h03min33s5, quase dez minutos atrás do primeiro colocado.
A medalha de ouro ficou com o melhor nadador sul-americano da atualidade nas águas abertas, o equatoriano Esteban Enderica. Décimo primeiro colocado no último Campeonato Mundial em Gwangju, Enderica venceu a prova com um ótimo fim de prova, assumindo a ponta na reta final e vencendo a disputa em 1h53min46s7. Foi a segunda medalha do equatoriano em Jogos Pan-Americanos, já que ele havia sido bronze em Toronto-2015. A medalha de prata foi para o experiente argentino Guillermo Bertola com 1h54min00s0 e o bronze ficou com o americano Taylor Abbott com 1h54min02s7.
Os resultados completos das duas maratonas aquáticas podem ser conferidos no site oficial dos Jogos Pan-Americanos aqui. As provas de natação começam na próxima terça-feira e a SWIM CHANNEL estará in loco acompanhando o evento.