Nadador que se “auto treina” existem, provavelmente aos montes, mas no padrão mundial, com resultados expressivos e medalhas internacionais, Dylan Carter de Trinidad & Tobago é um dos poucos, senão, o único.
Com a maturidade e a profissionalização dos atletas de natação, cada vez mais nadadores participam de forma ativa dos seus próprios programas de treinamento. Bruno Fratus é um exemplo disso, atuando direto com a esposa e treinadora Michelle Lenhardt na formatação dos treinos. Carter, vai mais além, é tudo com ele.
Este final de semana, Dylan Carter foi um dos maiores destaques da etapa de abertura da Copa do Mundo em Berlim, na Alemanha. Venceu suas três provas, e em duas delas bateu o recorde nacional em piscina curta. Vitórias com recorde de Trinidad & Tobago nos 50m livre (20s77), nos 50m costas (23s15) e nos 50m borboleta (22s13), esta última sem superar seu próprio recorde.
Aliás, recorde é algo que marca a carreira de Dylan Carter. Ele explodiu para a natação do Caribe ao disputar o Campeonato do Carifta ganhando oito medalhas de ouro e uma de prata estabelecendo sete recordes. E sempre foi assim, desde as categorias menores, até chegar ao alto rendimento. Olhando para a tabela de recordes nacionais absolutos de seu país são sete recordes nacionais em piscina longa (100m, 200m e 400m livre, 50m e 100m costas, 50m e 100m borboleta) e outros oito em piscina curta (50m, 100m, 200m e 400m livre, 50m e 100m costas, 50m e 100m borboleta).
Versatilidade também é algo que marcou a carreira de Carter. Desde jovem, sempre conseguiu bons resultados em livre, borboleta e costas, e até arriscava algumas provas de medley.
Dylan Carter nasceu em Santa Clara, nos Estados Unidos. Seus pais ainda estudavam na época quando ele nasceu, mas teve toda a sua base da natação desenvolvida em seu país. No seu último ano de high school se mudou para os Estados Unidos onde treinou no Davie Nadadores, ali alcançando seu primeiro resultado internacional global, foi prata nos 50m borboleta no Campeonato Mundial Júnior de Dubai.
Depois teve carreira de destaque na natação universitária na University of Southern California. Lá, além de várias subidas ao pódio nas provas de revezamento ainda foi vice campeão dos 200 livre no NCAA de 2017. Os 200 livre em jardas já tinha sido uma prova expressiva para Carter quando em 2012 se sagrou campeão e recordista americano júnior.
Com a graduação em Estudos Ambientais e o fim da carreira de natação universitária, Carter ainda treinou por mais algumas temporadas sob o comando de Dave Marsh. Foi depois da sua segunda Olimpíada, e com resultados abaixo do esperado é que tomou decisão em iniciar um trabalho solo, combinando a experiência e vivências que foi exposto em sua carreira.
Alternando locais e piscinas, seja nos Estados Unidos, onde sempre vem com frequência, ou em Trinidad & Tobago, sua maior base, ou ainda nas muitas viagens que faz, Carter faz um programa que ele mesmo chama de “efetivo”, muita qualidade, pouca perda de tempo.
Os resultados tem sido a comprovação que o trabalho tem dado certo. No Mundial de Budapeste, este ano, chegou em quarto lugar nos 50m borboleta (22s85), sua melhor colocação nesta competição. Já tem duas medalhas em Mundiais de Curta, ambas em 50m borboleta.
Carter também fez parte das duas últimas temporadas da ISL e sempre figurando entre os nadadores mais pontuadores do primeiro no LA Current e no último ano no London Roar.
Satisfeito com a boa fase e em busca de maiores vôos, Carter segue seu programa focado para Paris-2024 e desde o último Mundial agora também faz parte da Comissão de Atletas da FINA, eleito pelos próprios nadadores filiados a entidade.