A 484 dias de distância dos Jogos Olímpicos Paris 2024, e a 517 dias dos Jogos Paralímpicos, a nata da natação portuguesa reúne-se na Madeira para quatro dias que prometem eletrizantes.
É o Open de Portugal/Campeonatos Nacionais de Juvenis e Absolutos, que o bem conhecido Complexo de Piscinas Olímpicas do Funchal na Penteada recebe entre amanhã e domingo, com mais de 700 atletas (358 femininos e 361 masculinos), representando um total de 103 equipas.
E a expectativa justifica-se: logo em primeiro lugar porque a natação portuguesa teve em 2022 o seu melhor ano de sempre, com três medalhas no Europeu de Roma (em agosto) por Angélica André (10k), Gabriel Lopes (200m estilos) e Diogo Ribeiro (50m mariposa), tendo este endiabrado júnior conquistado mais três ouros no Mundial da categoria (setembro no Peru), a que juntou um histórico recorde europeu e mundial júnior dos 50m mariposa (22.96).
Mas não foi ‘só’ por este fantástico quarteto que a natação portuguesa esteve em grande na época que passou; foi também pelos ótimos Jogos do Mediterrâneo (menos impactante, é verdade), e em especial pelas inéditas nove finais que os dois homens acima alcançaram (duas por Diogo), juntamente com Tamila Holub (duas vezes), Camila Rebelo, João N. Costa, Ana Catarina Monteiro e Diana Durães, e os dez recordes absolutos de Portugal em Itália, que refletem uma natação em crescendo.
Sete meses após Roma o que mudou? Pouco, e para melhor: estes sete magníficos acima referidos mantêm-se como referências maiores da natação portuguesa, e fortes favoritos à obtenção de mínimos olímpicos já esta época, que também querem que seja grande.
Ribeiro e Nascimento favoritos aos mínimos
Ribeiro e Miguel Nascimento (que abdicou do Europeu 2022 devido ao Nascimento da primeira filha) apuraram enormemente as suas qualidades, sendo os dois únicos que já nadaram neste ciclo olímpico abaixo dos exigentes mínimos (uns bem mais difíceis que outros, diga-se).
Miguel foi o primeiro, quando colocou pela primeira vez o máximo nacional dos 50m livres abaixo dos 22 segundos, com 21.90 em 30 de julho do ano passado, sendo o mínimo 21.96 (ver em baixo).
Diogo tem dois mínimos no corpo (e na mente…), pois venceu o ouro aos 50m livres no Mundial Júnior com 21.92, e nadou a meia-final dos 100m mariposa do Europeu de Roma em 51.61.
E se apostas houvesse neste ‘Jogos Santa Casa – Open de Portugal’ seriam claramente para os dois benfiquistas, que treinam desde setembro de 2021 com Alberto Silva e equipa no Centro de Alto Rendimento do Jamor, com resultados bem à vista, inclusive já ao longo desta época, a aproximarem-se em vários casos dos seus melhores tempos, alcançados quando em pico de forma.
Sei bem que a veteraníssima Catarina Monteiro (única portuguesa numa meia-final olímpica, em 2021), e o ‘top 100 mundial de sempre’ aos 200m costas, Francisco Santos, já nadaram também – no anterior ciclo olímpico – abaixo da marca exigida para Paris: ela por três vezes (duas em 2018 e uma em 2019), e ele uma vez (no Meeting do Porto de 2021, quando obteve o mínimo para Tóquio).
Mas talvez não seja já no Funchal que a capitã do Fluvial Vilacondense (treinada por Fábio Pereira) e o olímpico do Sporting (de Carlos Cruchinho, e que tem estudado e treinado esta época nos Países Baixos) irão obter o acesso a Paris, antes estando mais focados – e corretamente – em o tentar no 20º Mundial de Fukuoka (natação de 23 a 30 de julho).
Gabriel, Camila e Cª.
Por certo a engrossar a comitiva para a capital francesa quererão estar os muito trabalhadores Gabriel (200m estilos) e a jovem Camila (nos 200m costas), uma dupla de grande sucesso da Louzan e dos técnicos Vítor Ferreira e Gonçalo Neves.
Nos 100m costas o recordista nacional, João (treinado pelo irmão Rui), e as super experientes e olímpicas Tamila (treinada por Luís Cameira) e Diana (por Ricardo Santos) – nas provas de fundo – irão por certo querer, já no Funchal, demonstrar o que pretendem alcançar esta época, sabendo-se que os atletas não querem deixar para a época olímpica as tentativas de obtenção dos mínimos.
Portugal tem já sete atletas com mínimos para Fukuoka, onde até poderá igualar ou superar os números do Mundial de Gwangju (Coreia) 2019, onde tivemos quatro mulheres e seis homens.
Camila Rebelo (Louzan)
Diana Durães (SL Benfica)
Tamila Holub (SC Braga)
Diogo Ribeiro (SL Benfica)
Gabriel Lopes (Louzan)
João N. Costa (Vitória SC)
Miguel Nascimento (SL Benfica)
Penso que a estes têm muitas hipóteses de se juntar a Rafaela Azevedo (Algés e Dafundo, nos 50m costas), a Ana P. Rodrigues (ED Viana, nos 50m bruços), ambas apenas a dois centésimos da marca-limite nas provas referidas, sendo que a veterana brucista tem realizado uma época com muito bons indicadores.
A seguir com atenção também as prestações de Mariana Cunha (Colégio Efanor), que continua a evoluir e a acreditar no mínimo aos 100m mariposa, assim como Francisca Martins (Foca/Felgueiras), com iguais ambições nos 200m e 400m livres; e ainda os candidatos/as a integrar as estafetas lusas nas grandes competições, que tem sido uma das apostas de Alberto Silva à frente do alto rendimento de Portugal.
Euro Sub-23 é objetivo
Não esqueçamos que a novel competição da LEN – o Europeu de Sub-23, em agosto, e onde os EUA também estarão… – traz igualmente novas ambições a jovens de muito valor, como a regressada Raquel G. Pereira e Miguel Marques (ambos do SL Benfica), o sénior de primeiro ano Kevins Apseniace (FC Porto), e Inês Henriques (Louzan), entre outros.
Serão ainda cabeças de cartaz na Penteada o recordista mundial Andrii Govorov (Vitória SC), que está inscrito nos 50m mariposa e 50m livres, e o reforço do Clube Naval do Funchal, o brasileiro Gabriel Perseguin Dias (n. 2003), que está inscrito p.e. aos 100m mariposa com 52.46, ele que foi nada menos que campeão Sul-Americano Juvenil em 2021 nesta prova.
Natação adaptada com ilustres
Na natação adaptada estaremos atentos a alguns dos melhores nomes nacionais, como:
Susana Veiga (Colégio Vasco da Gama)
Diogo Cancela (Louzan/Efapel)
Diogo Neves (Colégio Vasco da Gama)
Marco Meneses (O Crasto)
Miguel Cruz (CF Belenenses)
Tiago Neves (CF Belenenses)
Tomás Cordeiro (Colégio Efanor),
Destes atletas, os incríveis Cancela (400m livres e 200m estilos) e Cordeiro (200m estios) já obtiveram recentemente os mínimos para Paris 2024, tendo Meneses batido também há dias o recorde mundial dos 50m costas!
Finalmente, informar que o juiz árbitro da competição madeirense será Sérgio Manso.
Mínimos para o 20º Mundial PL Fukuoka 2023
(segundo o Plano de Alto Rendimento da FPN)
Masculinos PROVAS Femininos
00:22.12 50m LIV 00:25.04
00:48.51 100m LIV 00:54.25
01:47.06 200m LIV 01:58.66
03:48.15 400m LIV 04:10.57
07:53.11 800m LIV 08:37.90
15:04.64 1500m LIV 16:29.57
00:25.16 50m COS 00:28.22
00:54.03 100m COS 01:00.59
01:58.07 200m COS 02:11.08
00:27.33 50m BRU 00:31.02
00:59.75 100m BRU 01:07.35
02:10.32 200m BRU 02:25.91
00:23.53 50m MAR 00:26.32
00:51.96 100m MAR 00:58.33
01:56.71 200m MAR 02:09.21
01:59.53 200m EST 02:12.98
04:17.48 400m EST 04:43.06
Mínimos para os Jogos Olímpicos Paris 2024
(segundo o Plano de Alto Rendimento da FPN)
Masculinos PROVAS Femininos
00:21.96 50m LIV 00:24.70
00:48.34 100m LIV 00:53.61
01:46.26 200m LIV 01:57.26
03:46.78 400m LIV 04:07.90
07:51.65 800m LIV 08:26.71
15:00.99 1500m LIV 16:09.09
00:53.74 100m COS 00:59.99
01:57.50 200m COS 02:10.39
00:59.49 100m BRU 01:06.79
02:09.54 200m BRU 02:23.91
00:51.67 100m MAR 00:57.92
01:55.78 200m MAR 02:08.43
01:57.94 200m EST 02:11.22
04:12.50 400m EST 04:38.53