Por Thiago Medeiros Rodriguez
Uma dúvida muito frequente entre os atletas de natação (e de outras modalidades também) é em relação ao alongamento. Embora muito se fale sobre a importância do alongamento muscular, existem muitas controvérsias do ponto de vista científico sobre os benefícios deste tipo de exercício. Isso acontece pois, muitos parâmetros precisam ser avaliados para entender os efeitos do alongamento; como por exemplo: o tempo de manutenção na posição de alongamento, a intensidade do alongamento, a frequência com que é realizado e o momento a ser realizado em relação à prática esportiva principal.
É sempre importante entender as demandas específicas do esporte, ou seja, as necessidades inerentes a cada modalidade e de cada atleta. A flexibilidade exigida de um ginasta é completamente diferente daquela exigida de um corredor, que também é diferente do que se espera de um nadador. A natação é um esporte que, naturalmente, promove frouxidão das articulações devido ao ambiente aquático. Neste caso, o alongamento faz com que as articulações adquiram mais movimento do que necessário, o que pode causar lesões a longo prazo.
Alguns estudos mostram que em atividades que exigem força muscular, pode ocorrer uma perda na capacidade dos músculos em gerar força caso sejam alongados. Isso significa que, para um nadador de provas curtas, alongar-se antes da prova pode até mesmo provocar uma diminuição da performance.
Estes fatos, porém, não significam um atestado para não alongar-se. O alongamento tem sim sua importância quando praticado no momento correto e com uma indicação correta. Após os treinos, para ajudar a relaxar a musculatura e diminuir as dores musculares produzidas pelo esforço realizado, ou quando praticado em dias específicos da semana, como uma sessão de treino extra, ajuda na manutenção ou ganho da amplitude de movimento de articulações que estejam com movimentos restritos.
O que fazer antes de cair na água então?
É sempre indicado que o atleta faça um bom trabalho de aquecimento antes dos treinos e/ou competições. Este aquecimento é composto de uma série de etapas que ajudam o corpo a preparar-se para a atividade principal, aumentando o fluxo sanguíneo para os músculos, acelerando os batimentos cardíacos e incrementando os impulsos nervosos do cérebro para os músculos. Este aquecimento deve ter uma duração entre 10 e 15 minutos. Para isso são indicados exercícios que primeiramente promovam movimentos rítmicos do corpo como correr no lugar, pular corda, realizar movimentos amplos com os braços e as pernas, a ideia é acelerar os batimentos cardíacos.
Na sequência alguns exercícios que promovam a mobilidade das articulações, no entanto sem a necessidade de estirar os músculos, apenas movimentar as articulações com os ombros, coluna, quadril e tornozelos. A terceira etapa deve conter exercícios de ativação muscular como os exercícios de elástico que simulam o gesto esportivo a ser praticado na água.
* Thiago Medeiros Rodriguez é fisioterapeuta, nadador e treina atualmente com a equipe Samir Barel Assessoria Aquática