Versátil vem do latim “Versatilis” e quer dizer alguém que “volta rápido”, esta volta é de alguém capaz de fazer de novo, de se adaptar. A versatilidade é a capacidade de ser diverso nas suas habilidades, nas tarefas, nos desafios. No esporte o versátil virou “polivalente” ou completo.
Na natação, o nadador mais versátil será aquele capaz de nadar provas de estilos distintos, distâncias diversas e continuar apresentando alto rendimento. E, na natação de alto rendimento, não é fácil. Analisando no programa olímpico das 14 provas individuais, conseguimos identificar alguns nomes que saltam aos olhos e entram nesta difícil escolha para apontar quem é “o nadador mais versátil do mundo”.
A discussão chegou a editoria da SWIM CHANNEL pelo recente sucesso do jovem nadador francês Leon Marchand, 19 anos de idade, e que em pouco mais de um mês quebrou quatro novos recordes nacionais de seu país. Primeiro no Mundial de Budapeste, com as vitórias de 200m e 400m medley respectivamente com 1min55s22 e 4min04s28, depois a prata nos 200m borboleta com 1min53s37 e agora, na semana passada, no Open da Espanha com 2min08s76 nos 200m peito.
Marchand ainda esteve em dois revezamentos franceses finalistas do Mundial, fez o parcial do borboleta no 4x100m medley quinto lugar (51s50) e foi um dos integrantes do 4x200m livre sétimo colocado na prova (1min47s59). Ao final do Mundial, Marchand foi eleito como o melhor nadador da competição.
Da nova geração que brilhou em Budapeste ainda dá para citar o jovem americano Carson Foster que ficou em segundo lugar nos 200m e 400m medley perdendo exatamente para Marchand. Foster tem uma característica de nadar as provas de 200 metros nos estilos melhor do que nos 100 metros. Assim, seu 200m costas tem 1min55s86 contra 55s37 dos 100m costas, no borboleta ele tem expressivos 1min53s67 para os 200 metros e regulares 54s34 para os 100 metros, e até no peito, onde os tempos são mais fracos, os 2min18s42 é bem melhor do que 1min04s38.
Foster estava no time americano campeão do 4x200m livre e tem boas marcas de 1min45s57 e 3min45s29 respectivamente para os 200m e 400m livre.
Na briga dos versáteis, os nadadores de medley sempre estarão a frente. É o caso do japonês Daiya Seto que tem todos os quatro estilos muito bons e consegue ter 59s79 de 100m peito e 51s89 nos 100m borboleta. Seus 1min52s31 de 200m borboleta é recorde da Ásia. Seto já foi campeão mundial quatro vezes, três delas nos 400m medley e vez por outra também pode ser utilizado nos revezamentos 4x200m livre do Japão.
Outro que merece estar aqui é o escocês Duncan Scott, que aos 25 anos de idade, consegue combinar resultados de livre e medley como ninguém. Medalhista olímpico dos 200 livre e 200 medley, ele acumula os recordes britânicos dos 100 livre, 200 e 400 medley.
Para não ficar somente no masculino, a briga dos versáteis merece um capítulo especial para a Dama de Ferro. Talvez seja unanimidade, afinal Katinka Hosszu, a nadadora mais premiada da história e suas 96 medalhas internacionais acumula um feito de deter nove recordes nacionais de piscina longa e outros 12 em piscina curta na Hungria.
Isto que ela perdeu os recordes nacionais das provas de fundo, que também já foram dela. Atualmente, entre os recordes húngaros de piscina longa são de Katinka Hosszu: 50m, 100m e 200m livre, 50m, 100m e 200m costas, 200m borboleta que também é recorde europeu, além de 200m e 400m medley que ainda são recordes mundiais.
Se olharmos para o passado os nomes de Michael Phelps e Ryan Lochte entram com destaque na história dos versáteis. Ambos tinham como o nado peito o “mais fraco”, mas mesmo assim os dois nadavam na casa do 1min02s, Phelps com 1min02s54 e Lochte para 1min02s19.
Michael Phelps bateu seu primeiro recorde americano aos 10 anos de idade, nas 1650 jardas livre. Depois fez uma carreira gloriosa de ser o maior medalhista olímpico da história e ser capaz de por algum tempo ser o recordista nacional dos 100m livre (47s51) e deter até hoje o recorde dos 200m borboleta (1min51s51). Isso tudo, sem falar do recorde mais antigo em vigor e da história da natação mundial, os 400m medley de 4min03s84.
Ryan Lochte também era muito versátil. Seu recorde mundial de 1min54s00 na piscina longa e 1min49s63 na piscina curta seguem intactos. Lochte tinha 53s37 de 100m costas e 1min52s96 de 200m costas, 51s48 de 100m borboleta e um dos melhores tempos da história nos 400m medley com 4min05s18.
Uma das grandes qualidades de Lochte era o seu trabalho submerso. Isso talvez tenha feito dele no melhor nadador de piscina curta da história. Arrasava nas jardas, nas piscinas de 25 metros, até que surgiu Caeleb Dressel.
Não tem como não citar Dressel no “livro dos versáteis”. Atualmente, ele detém um total de 12 recordes americanos nos três cursos, 50m e 100m livre, 50m e 100m borboleta em piscina longa, 50m e 100m livre, 100m borboleta e 100m medley em piscina curta, 50 e 100 livre, 100 borboleta e 200 medley em piscina de jardas. E não dá para deixar de citar que ele já foi recordista americano das 100 jardas peito.
Viajar pelo mundo dos versáteis não poderia deixar o Brasil de fora deste artigo. E nossos dois mais versáteis da história são aposentados, mas merecem muito destaque.
Joanna Maranhão, atleta mais olímpica da natação feminina com quatro participações, foi a primeira (e única) a ganhar medalhas nos quatro estilos e medley no Troféu Brasil de natação. Joanna também já foi recordista sul-americana de três estilos e do medley, sendo que ainda são suas as marcas de 200m borboleta e 200m medley.
Thiago Pereira não fica atrás. Já foi recordista sul-americano dos 200m livre, 200m peito, e ainda mantém as marcas de 200m e 400m medley. Em Troféu Brasil, foi campeão das provas dos quatro estilos, e por várias vezes.
Se Joanna e Thiago já estão aposentados, a nova geração celebra a chegada da Stephanie Balduccini, a primeira (e segunda) a ganhar medalhas em todos os estilos em uma competição nacional. Stephanie ainda está na categoria Júnior e ainda não detém nenhum recorde sul-americano, mas é incontestável o seu explosivo crescimento e ainda mais a grande perspectiva de resultados.