Nascida em Juiz de Fora, a luso-portuguesa Mayra Santos começou a praticar natação em águas abertas há quatro anos na Ilha da Madeira onde hoje reside e treina. Logo no seu terceiro ano de prática realizou o seu maior desafio até o momento: a travessia de 42 km da Ilha de Porto Santo à Ilha da Madeira em 12h07min de prova. Aos 41 anos de idade Mayra almeja quebrar seu primeiro recorde mundial.
Será no dia 6 de novembro às 10h locais que ela tentará superar o recorde do espanhol Alberto Lorente que nadou em junho 30 horas numa piscina de esteira. Mayra pretende superar essa marca na piscina da VILLA ORCA na ilha portuguesa. Após o feito do espanhol agora é a vez de Mayra inspirada pelo colega, escrever sua história. A SWIM CHANNEL conversou com a nadadora que esta na reta final de preparação para o desafio.
SWIM CHANNEL: De onde surgiu a ideia de tentar superar esse recorde nado em uma piscina de correnteza?
MAYRA SANTOS: O confinamento me levou a treinar em piscina de correnteza. Uma amiga que possui alojamento local (casa para hospedagem, onde não mantem residência fixa), me possibilitou usar no período de isolamento do COVID-19. Em paralelo a isso pude acompanhar diversos desafios, inclusive o seu na SWIM CHANNEL (a jornalista Catarina Ganzeli nadou 12 horas em maio, clique aqui para saber mais). Ai foram aparecendo ideias. No começo da pandemia recebi a notícia de uma prova do Pablo Fernandez, que nadou 25 horas nessa piscina de corrente. Meses depois em junho vi a notícia do espanhol Alberto Lorente, quebrando esse recorde e acompanhei toda a transmissão. Eu sempre tive essa vontade de nadar por mais tempo e vendo essas notícias e já treinando em uma piscina de corrente, só uni as informações e foi daí que nasceu o novo desafio.
SWIM CHANNEL: O que te motiva?
MAYRA: O que me motiva, sem dúvida, é o prazer de nadar. Gosto muito de passar meu tempo nadando, mas sobre tudo, é superar meus limites, é uma motivação extra para mim.
SWIM CHANNEL: Como está sendo sua preparação?
MAYRA: Estou sem treinador nesse momento, logo não tenho um apoio e um suporte técnico nessa fase. Quem está fazendo a preparação desde setembro sou eu mesma. Mario Bonança foi meu treinador e me apoiou na prova de 42km. Eu treinava no Clube Naval, com o técnico presente, mas com o fechamento da piscina fiquei sem treinador, ou seja, minha preparação vem daquilo que eu sinto, vou nadando muitos metros e muitas horas. Faço treinos de noite e na madrugada para adaptar o meu corpo. Faço sessões de treino de 2, 3 e 6 horas e assim tem sido minha preparação.
SWIM CHANNEL: Como será sua estrutura no dia do desafio?
MAYRA: No dia do evento terei apoio on-line do canal naminhaterra.com. O canal transmite ao vivo eventos da Ilha da Madeira para o mundo e acabou se tornando um veículo muito visto por conta do movimento turístico na Madeira. Terei três câmeras, sempre a me filmar em diferentes posições. Então a transmissão será completa e sem intervalos. O apoio de hidratação e alimentação será feito pelo meu marido, que já acompanha meus treinamentos no mar. A água não será aquecida, porque pedi que fique na temperatura ambiente e a piscina não está coberta, pois ainda estamos estudando a possibilidade de uma tenda. Porém, quero nadar ao ar livre como se eu estivesse nadando no mar. Essa será minha estrutura do dia.
SWIM CHANNEL: Qual sua expetativa para o desafio? Pretende nadar quantas horas?
MAYRA: Minha expectativa será sempre fazer história e a partir das 24 horas eu já estabeleço o recorde feminino. Logo, quando completasse 24 horas eu poderia parar, mas eu almejo o recorde absoluto, que é o masculino de 30 horas. Tentarei nadar mais do que o recorde do Alberto e não tenho um objetivo fechado, podem ser 31 ou 35 horas. Meu objetivo é simplesmente passar das 30 horas, porém sei que me manterei na água o máximo que puder se estiver me sentindo confortável e com vontade de continuar. Nesse evento eu peço contribuições para arrecadar fundos para a associação sem fins lucrativos ACREDITAR, que ajuda crianças e jovens com câncer e também oferece suporte emocional e social às suas famílias, como acolhimento, casas de apoio, voluntários de apoio hospitalar e domiciliar. Qualquer contribuição será muito bem-vinda. Eu ainda não sei qual será a forma de arrecadação, se será criada uma conta ou uma linha própria. Estamos estudando qual será a melhor forma e quero aproveitar esse desafio, que será midiático, para contribuir para esta causa tão importante.