Se for para resumir a campanha da natação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Tóquio as duas palavras cabem bem neste quesito.
Foi histórico pela conquista de 23 medalhas, recorde absoluto no retrospecto do Brasil superando a marca anterior que pertencia as campanhas de Beijing-2008 e Rio-2016 quando somamos 19 medalhas.
Num ciclo mais longo (cinco anos), e afetado diretamente pela Pandemia, a resposta dentro d’água foi a melhor possível. Atletas do mundo inteiro, em todos os esportes, sofreram algum tipo de restrição durante a pandemia, seja em competições, ou em treinamentos. No esporte paralímpico, por muitos destes atletas serem do chamado grupo de risco, a privação e o afastamento do programa normal foi ainda maior.
Oito ouros, cinco pratas e dez bronzes, 23 medalhas que tem um caráter bastante promissor para a natação paralímpica do Brasil. Este foi o ciclo que o Brasil perdeu André Brasil e também que marcou a despedida de Daniel Dias. Assim, os resultados ganham uma outra dimensão pois mostram um avanço significativo em classes e provas ampliando nosso potencial de medalhas.
A lista de fatores positivos é enorme:
- 23 medalhas conquistadas sendo 13 pelos homens, sete pelas mulheres e três em provas mistas.
- Brasil ganhou medalhas em dez diferentes classes, nas classes baixas, nas classes altas, nas três classes de deficiência visual e na classe de deficiência intelectual.
- Ganhamos medalhas na prova mais curta (50m livre), na prova mais longa (400m livre), nos quatro estilos (livre, costas, peito, borboleta) e também no medley.
- Os oito ouros conquistados foram obtidos por cinco nadadores diferentes. Lembrando que o recorde de ouros do Brasil foi em Londres 2012, nove medalhas de ouro, mas todas divididas na época entre apenas dois nadadores (André Brasil e Daniel Dias).
- Maria Carolina Santiago quebrou uma série de paradigmas nesta Paralimpíada. O Brasil ficou 17 anos sem ganhar um ouro na natação feminina paralímpica, Carol voltou com três.
A aposentadoria de Daniel Dias é impactante. É inegável que a sua retirada afeta diretamente, mas a consequência do avanço e principalmente da forma como avançamos neste ciclo é promissora.
Neste ciclo, o Comitê Paralímpico Brasileiro conseguiu abranger mais classes, mais provas, novos nadadores, criou-se uma dinâmica e uma renovação na seleção brasileira. Os resultados de Tóquio foram apenas consequência de algo que já havia sido identificado tanto no Mundial de 2017 no México, no Mundial de Londres em 2019 e nos Jogos Parapanamericanos de Lima em 2019.
A história e perspectiva positiva seguem, o ciclo para Paris-2024 será menor, mas como tudo no esporte de alto rendimento, o objetivo é sempre maior, e pelo que se viu em Tóquio, estamos no caminho certo.
Veja abaixo as 23 medalhas do Brasil em Tóquio
Oito ouros
Gabriel Araújo 200m livre S2
Gabriel Araújo 50m costas S2
Gabriel Bandeira 100m borboleta S14
Talisson Glock 400m livre S6
Wendell Belarmino 100m peito S11
Maria Carolina Santiago 50m livre S13
Maria Carolina Santiago 100m livre S12
Maria Carolina Santiago 100m peito S12
Cinco pratas
Gabriel Araújo 100m costas S2
Gabriel Bandeira 200m livre S14
Gabriel Bandeira 200m medley S14
Cecilia Araújo 50m livre S8
4x100m livre misto 49 pontos
Dez bronzes
Daniel Dias 200m livre S5
Daniel Dias 100m livre S5
Phelipe Rodrigues 50m livre S10
Talisson Glock 100m livre S6
Wendell Belarmino 100m borboleta S11
Beatriz Carneiro 100m peito S14
Maria Carolina Santiago 100m costas S12
Mariana Gesteira 100m livre S9
4x50m livre misto 20 pontos
4x100m livre misto S14