Aos 41 anos de idade, Fabrizio Antonelli faz parte da nova geração dos treinadores italianos. Mesmo tão jovem, já tem resultados de expressão desde 2010, mas nenhuma performance se compara ao que aconteceu neste Campeonato Mundial de Budapeste. No total, entre piscina e águas abertas, Antonelli teve 9 medalhas, sendo quatro ouros, três pratas e dois bronzes.
A enxurrada de medalhas começou no último dia da natação. E veio com uma das melhores performances da competição, o ouro com recorde europeu e de campeonato nos 1500m livre para Gregorio Paltrinieri. O tempo de 14min32s80 foi a segunda melhor marca da história da prova.
Antonelli não se continha ao assistir a prova na Duna Arena. Gritava e corria de lado a lado, clamava por apoio do público e se emocionava a cada volta. Ele é assim, energético e ativo. Nas águas abertas não foi diferente, a cada prova corria gritando para receber seus atletas nas chegadas acirradas e disputadas.
Seus comandados ganharam medalhas em todos os dias de competição no Lago Lupa. Foram três ouros para Gregorio Paltrinieri nos 10 quilômetros, para Dario Verane nos 25 quilômetros, para Leonie Beck da vitória alemã no revezamento. Três pratas, Gregorio Paltrinieri nos 5 quilômetros, Domenico Acerenza nos 10 quilômetros e Beck nos 10 quilômetros feminino. E para fechar, mais duas medalhas de bronze no time de revezamento da Itália.
Ao ser abordado pela SWIM CHANNEL ao final da última prova, onde Dario Verani ganhou o ouro nos 25 quilômetros, Antonelli revelou muita felicidade pelas 9 medalhas, mas ainda ressaltou: “também tivemos quatro vezes em quarto lugar” completou ele.
Esta é a mentalidade de um profissional do esporte de alto rendimento, sempre em busca de mais, contente, mas nunca satisfeito. Antonelli foi nadador de fundo e águas abertas, fez parte da seleção italiana de 2005 a 2008. Dois anos depois, estava na borda iniciando a carreira como técnico. Em 2012, passa a trabalhar para a Federação Italiana e já nos Jogos Olímpicos do Rio, era o técnico do dois nadadores olímpicos da Itália e levou uma prata para casa com Rachele Bruni nos 10 quilômetros.
Eleito no ano passado pela primeira vez como Melhor Treinador do Ano na Itália, Antonelli recebeu uma missão durante a Pandemia. O maior fundista do país, Gregorio Paltrinieri quebrou uma relação de muitos anos de trabalho com o reconhecido técnico Stefano Morini para também se dedicar as águas abertas.
Mesmo sendo diagnosticado com mononucleose a poucas semanas dos Jogos de Tóquio, Paltrinieri não deixou a Olimpíada de mãos abanando, levando uma prata nos 800m livre e um bronze na prova da maratona aquática. Este Mundial de Budapeste, mostrou toda a capacidade de Paltrinieri. Primeiro em resiliência, pois ficou fora do pódio na primeira prova que disputou (4o lugar nos 800m livre), e seguiu pela ordem com vitória nos 1500m livre, bronze no revezamento das águas abertas, prata nos 5 quilômetros e fechou com ouro nos 10 e com dobradinha italiana.
Paltrinieri é, sem dúvida, a maior estrela do time de fundo e águas abertas que Antonelli comanda no Centro de Treinamento de Ostia, próximo a Roma. Porém, seu grupo deu um salto de qualidade, agora reunindo também atletas estrangeiros formando um verdadeiro esquadrão de estrelas das águas abertas mundial.
EM TEMPO – A escolha editorial em apontar Fabrizio Antonelli como o treinador da competição, é simbólica pelo crescimento e número de medalhistas em diferentes provas e de diferentes países. Afinal se considerarmos apenas pelo número de medalhas, Anthony Nesty, surinamês que dirigiu a equipe masculina dos Estados Unidos seria o “treinador da competição” de Budapeste.
Foram oito medalhas de ouro e uma prata de seus comandados:
Caeleb Dressel, ouros nos 50m borboleta e 4x100m livre
Katie Ledecky, ouros nos 400m, 800m, 1500m e 4x200m livre
Bobby Finke, ouro nos 800m livre e prata nos 1500m livre
Kieran Smith, ouro no 4x200m livre