Em Londres-2012, Leo de Deus tinha 21 anos, era sua estreia olímpica. Parou nas eliminatórias dos 200m borboleta, ficando em 21º lugar e dois dias depois voltou para ser semifinalista dos 200m costas, terminando em 13º lugar.
O Rio-2016, Leo foi mais longe. Desta vez, chegou a semifinal da sua prova, ficou em 13º lugar. Dois dias depois, nada os 200m costas, termina na mesma 13ª colocação e quebra o recorde brasileiro.
A terceira Olimpíada é diferente. Leo, agora tem 30 anos, está casado, seu filho Theo vai completar um ano em breve e já falou até papai via Face Time. Ele poderia colocar os 200m costas, a prova era depois dos 200m borboleta, não iria atrapalhar nada e sempre tem ajudado a minimizar quando as coisas não saem exatamente como estão planejadas.

Desta vez não. Leo não quis nem ser inscrito nos 200m costas, é tudo nos 200m borboleta. É sua prova, é sua terceira Olimpíada, é a hora de conseguir o que ele tanto treinou e se preparou. Para isso, uma mudança significativa aconteceu no seu programa.
Leo e seu treinador Felipe Domingues concluíram que o seu tempo de 100m borboleta estava muito abaixo, distante mesmo, dos seus principais adversários. Ganhar força, incrementar velocidade, ter a capacidade de passar mais rápido sem comprometer sua volta e fechar a prova com boa técnica.
Este é o plano, assim feito e aplicado aqui em Tóquio. Mesmo com o desempenho apenas razoável na Seletiva Olímpica, a expectativa era de colocar a melhor prova e conseguir o melhor resultado. E veio.
Na eliminatória Leo faz 1min54s83, terceiro melhor tempo da prova, sua melhor marca pessoal baixando do 1min54s87 do Open de 2018. Nadando na última série ao lado de Kristof Milak, o recordista mundial dos 200m borboleta, os dois assistiram as séries anteriores e viram as mais fortes eliminatórias da prova. Chad le Clos classificou com o 16º tempo.

Para a semifinal, Leo novamente nadou ao lado de Milak, e mais uma vez uma marca expressiva, 1min54s97, sua quarta vez abaixo de 1min55s na carreira.
Amanhã, Leo de Deus volta a piscina para nadar a final dos 200m borboleta. Classificou com o segundo tempo e é a apenas a segunda vez na história que o Brasil tem um nadador na final da prova. O anterior foi Kaio Márcio de Almeida que terminou em sétimo na Olimpíada de Beijing-2008.
São 24 horas de recuperação completa para a execução do plano. E que saia perfeito, nos enchendo de alegria e fazendo o pequeno Theo ter ainda mais orgulho do pai.