Atenção: o Sporting Clube de Portugal pode tornar-se domingo no primeiro clube nacional a vencer um título nove vezes seguidas, caso confirme a liderança que possui em masculinos sobre o SL Benfica ao final do primeiro dia, na piscina olímpica do Jamor.
Mais: porque é líder também em femininos – setor em que não é campeão desde 2005/06 – pode ser apenas o terceiro clube português a conseguir a dobradinha, a vitória em ambos os sexos no mesmo ano.
Dobradinhas em Nacionais de Clubes da 1ª Divisão
(vitória no setor feminino e masculino numa mesma edição)
| FC Porto | 1990/91 |
| FC Porto | 1991/92 |
| Algés e D. | 1994/95 |
| Sporting? | 2021/22 |
O trabalho mental que o ‘mestre’ Carlos Cruchinho agora terá de fazer com os seus pupilos, a maioria bastante jovem, é exatamente mantê-los focados, pois ainda faltam 10 provas e um total de 310 pontos em jogo em cada um dos sexos. Uma distração pode valer uma desqualificação ou uma má classificação e comprometer as aspirações de um feito que poderá ser histórico.
Vamos ao resumo do primeiro dia, onde se comprovou que, mais do que as individualidades – e por muito boas que sejam – esta é mesma uma competição coletiva, e onde os resultados dos ‘segundos’ atletas de cada clube foram essenciais.

A união faz a força das ‘leoas’
A primeira prova do Nacional da 1ª Divisão foi a melhor demonstração disso. Aos 400m livres os três primeiros lugares foram para três olímpicas: Tamila Holub (SC Braga), com a marca mais pontuada do dia em femininos, 793 pontos FINA (4:15.45) a valerem-lhe os 31 pontos do primeiro lugar; Diana Durães (Benfica, 29 p.) e Angélica André (FC Porto, 28 p.).
No entanto, foi o Sporting quem mais pontuou no acumulado das duas atletas, com as obreiras Maria Moura e Inês Henriques a serem quarta e quinta classificadas e a arrecadarem 27 e 26 pontos, totalizando preciosos 53 pontos. A segunda melhor nadadora do FCP foi 11ª classificada, a segunda do Braga foi 14ª, e a segunda do Benfica 21ª…
Aliás, as nadadoras do Sporting só precisaram de vencer uma prova individual das oito do dia (Inês Henriques nos 200m mariposa, 2:15.36) para terminaram 39 pontos à frente de FC Porto, a outra única equipa que parece poder ainda lutar pelo título que em mulheres lhes foge desde 2015/16. Foram primeiras também nos 4x100m estilos em 4:17.16.
Destaque ainda nos 200m mariposa para a surpreendente marca de Angélica André que lhe deu um ótimo segundo lugar: a olímpica em águas abertas obteve um novo recorde pessoal por quase três segundos (!), nadando em 2:15.57.

Em homens será difícil destronar o campeão
Em homens o conjunto de Alvalade inicia o dia de amanhã com 53 pontos de avanço sobre os rivais Benfica, e 68 sobre os ‘dragões.
Hoje os campeões em título só precisaram também de vencer duas provas individuais e uma estafeta: os olímpicos Francisco Santos e Alexis Santos venceram os ‘seus’ 100m costas e 200m estilos, em 56.53 e 2.03.28, respetivamente.
Novamente, foi a força do conjunto verde-branco a fazer a diferença, que se refletiu numa vitória tranquila na estafeta de 4x100m estilos; chegaram 3:45.18 depois da partida, à frente de Benfica (3:49.18), Belenenses, Braga, FCP…
Francisco nadou o percurso de costas nuns interessante 55.60 (811 pontos, a marca mais pontuada dos campeonatos até ao momento); António Mendes superou-se a bruços com 1:03.50 (fora terceiro na prova em 1:04.34, com o bracarense Rafael Simões a vencer em 1:03.58), Igor Mogne nadou mariposa em 55.25, e Alexis fechou o quarteto em 50.73.

Benfica com primeiro recorde de estafetas desde 2019
Foi também em estafetas que foram obtidos os dois únicos recordes do dia.
Aliás em Portugal não se batiam recordes absolutos de estafetas desde 14 de abril de 2019, durante os últimos Nacionais da 1ª divisão realizados, e interrompidos em 2020 e 2021 devido à pandemia.
Mas o recorde de 4x100m livres não caía desde 19 de julho de 2009 (há quase 13 anos…), quando uma equipa do FC Porto nadou em 3:24.33. Hoje o quarteto comandado pelo técnico Ricardo santos pulverizou essa marca e desceu diretamente aos 3:20.94, graças a um quarteto que integrava os dois portugueses mais rápidos da atualidade: Miguel Nascimento e, claro, Diogo Ribeiro.
Diogo Lebre abriu em 51.53, seguido do júnior Ribeiro com 49.18, de Diogo Costa, 51.19, e do experiente Nascimento nuns muito interessantes 49.04.
Este recorde não é de seniores devido à categoria do júnior benfiquista, o que o Sporting agradece: foram segundos em 3:24.34 (a um centésimos do anterior recorde absoluto), superando o máximo sénior de 3:25.00 que uma outra equipa de ‘leões’ havia realizado em 13 de abril de 2019. Nadaram: Gustavo Ribeiro (51.38), Igor Mogne (51.01), Francisco Santos (50.28), e Tiago Costa (51.67).
Seguiram-se FC Porto, Belenenses e SC Braga.
Júnior Kevin Apseniace próximo do Mundial
Destaque individual para o promissor júnior portista Kevins Apseniace, que venceu os 200m mariposa nuns bons 2:01.84, terceiro recorde pessoal em 10 dias (desde os Nacionais de Coimbra), e pela primeira vez abaixo de 2:02. Começa a ser um caso sério este jovem do técnico José Manuel Borges, que ocupa agora a quinta posição europeia do ranking júnior de 2022.
Filho de pais da Letónia e Ucrânia, Kevins cumpriu pela terceira vez o mínimo para o Europeu Júnior, e ficou a escassos 45 centésimos do exigido para o Mundial da categoria, 2:01.39.
Diogo Ribeiro também voltou a cumprir aos 200m livres o mínimo para o Europeu Júnior de Bucareste – onde não estará (ver artigo de dia 8) – com a sua segunda melhor marca de sempre, 1:51.95, e próximo do mínimo para o Mundial Júnior (ainda sem local confirmado), que está em 1:51.44.

Classificação coletiva ao final do primeiro dos dois dias de competição
Femininos:
- Sporting, 432,00
- FC Porto, 393,00
- Sport Algés e Dafundo, 345,00
- SL Benfica, 337,00
- Galitos/Bresimar, 304,00
- SC Braga, 290,00
Masculinos:
- Sporting, 422,00
- SL Benfica, 369,00
- FC Porto, 354,00
- Sport Algés e Dafundo, 277,00
- Louletano/Loulé Concelho, 276,00
- Náutico Académico, 273,00


































