Campeão rima com emoção! E que enorme emoção se viveu esta noite no Peru e em Portugal pelas braçadas de Diogo Ribeiro, novo campeão mundial júnior dos 100m mariposa, conquistando a primeira medalha de sempre para o país nesta competição.
Diogo sucede no cetro mundial a gigantes de nível planetário como o russo Andrei Minakov (campeão em 2019) e o húngaro Kristof Milak (vencedor em 2017).
E este é, sem qualquer dúvida, um dos maiores feitos da história da natação portuguesa, que também viveu há duas semanas os melhores Campeonatos da Europa de sempre (com três medalhas, uma por Diogo – bronze aos 50m mariposa), e que tem no jovem atleta do Sport Lisboa e Benfica um autêntico diamante de potencialidades ainda desconhecidas.
E já me pediram comparações com Alexandre ‘O Grande’ Yokochi…deixarei essa avaliação para mais tarde.
13 minutos entre as provas
Alberto Silva, treinador de Diogo no Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Natação no Jamor (Oeiras), já tinha sublinhado que este Mundial tinha “um programa de provas incoerente” (ver Diogo Ribeiro com ambição quer ser campeão mundial em Lima – Swimchannel), pela grande proximidade de finais e meias-finais de provas habitualmente nadadas pelo mesmo tipo de nadadores e nadadoras.
E assim foi: treze (!) escassos minutos após vencer a sua meia-final dos 50m livres com o segundo melhor tempo para a final (22.45), Ribeiro já estava postos para se atirar à água. E percebeu-se logo que acabou a meia-final que tinha pressa, pois saiu imediatamente da água para ainda ter tempo de alguma recuperação.
A final não foi fácil, pois o checo Daniel Gracik ia motivado: passou em segundo a meio percurso em 24.41, mais dois centésimos que o dinamarquês Casper Puggard, sendo o português líder em 24.12. Quando do recorde absoluto de Portugal (51.61 no Europeu de Roma) passou em 23.90, pelo que o máximo ainda podia cair. Mas em grandes competições como esta – todos o sabem – mais importante ainda que o tempo é a posição em que se acaba, e o jovem de Coimbra demonstrou isso mesmo na segunda metade: com 27.91 superou-se claramente aos adversários, com Gracik (28.10) a ser vice-campeão mundial em 52.51, e o nórdico Puggard bronze em 52.94.
Estreia para Alberto
Também para Alberto Silva foi um estreia, ele que tem as mais importantes medalhas, em Jogos Olímpicos e Mundiais absolutos p.e.; mas nunca um atleta seu tinha alcançado uma vitória em Mundiais Juniores (ver artigo referido atrás), pelo que o dia também teve um final bem feliz para o ex-treinador da seleção do Brasil e do Pinheiros (São Paulo).
E pela postura que Diogo tem apresentado, pela confiança que nos demonstrou quando com ele falámos antes do Mundial, sente-se que – naturalmente – esta foi apenas a primeira de quatro finais que o português quer nadar.
Nos 50 m livres (ver em baixo horários) é claro favorito ao pódio, e acredito que à vitória, pois está confiante e em ótimo momento. Mas volta a ter pouco tempo de descanso entre as ‘meias’ dos 50m mariposa e a final dos 50m livres (apesar de ser uma prova curta).
Depois da extraordinária prova que hoje deu, tanto a nível físico como mental, a sua auto-confiança só terá tendência a aumentar, pelo que as boas notícias para a natação – e para o desporto português – irão por certo continuar mais uns dias.
‘Hala Diogo!’
O que ainda falta nadar a Diogo (dias e horas de PT continental)
(2 eliminatórias + 2 meias-finais + 3 finais)
02/9 (6ª f.)
50m mariposa – 15h44 (eliminatórias); RNJA (dele): 23.07 (12/8/22)
03/9 (sábado)
50m mariposa – 00h49 (meias-finais)
50m livres – 01h23 (final)
100m livres – 15h30 (eliminatórias); RNJA (dele): 48.52 (12/8/22)
04/9 (domingo)
100m livres – 00h25 (meias-finais)
50m mariposa – 00h48 (final)
05/9 (2ª f.)
100m livres – 00h02 (final)