Michael Phelps na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro (foto: Getty Images)
Em Indianápolis está ocorrendo o Campeonato Americano de Verão, que formará a seleção dos Estados Unidos para o Mundial de Budapeste.
Apesar de contar com grandes estrelas, como Katie Ledecky, Nathan Adrian, Simone Manuel, Ryan Murphy e outros, uma ausência é sentida: Michael Phelps.
Tudo bem que não é o primeiro Campeonato Americano de Verão sem ele. Em 2012, ao anunciar sua primeira aposentadoria, ele também ficou de fora da edição de 2013, voltando somente em 2014.
Mas agora a aposentadoria parece ser definitiva. E precisamos nos acostumar a não mais ver em ação o maior nadador de todos os tempos.
Além de sua ausência na principal competição de seu país, há outro motivo para lembrar de seus feitos: há exatos 32 anos, no dia 30 de junho de 1985, Michael Phelps vinha ao mundo.
Que ele é o maior medalhista olímpico da história e tem a melhor performance olímpica de todos os tempos, isso todo mundo sabe. Por isso, em sua homenagem, trazemos hoje uma lista de 32 fatos que você não sabia (ou, ao menos, não lembrava) sobre o americano.
1. Seu primeiro recorde de categoria foi conseguido aos 10 anos, nos 100m borboleta.
2. Ele ainda é detentor de 12 recordes americanos de categoria (registrados até a idade de 18 anos), sendo 9 em piscina de 50 metros e 6 em piscina de 25 jardas.
3. Seus ídolos na juventude eram Tom Malchow e Tom Dolan, que o inspiraram a nadar competitivamente após assistir os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996 – não por acaso, especialistas em borboleta e medley.
4. Outro fato que o inspirou a nadar foi sua irmã Whitney não ter conseguido classificação para os Jogos Olímpicos de 1996. Ela também nadava os 200m borboleta.
5. Em 2000, aos 15 anos, ele era não só o mais jovem americano da seleção olímpica de natação do país, como o mais novo da natação masculina americana a nadar uma Olimpíada desde 1932.
6. Ao terminar os 200m borboleta na quinta posição naquela Olimpíada, aos 15 anos, poderia sair da competição satisfeito, certo? Errado. Mesmo tendo feito sua melhor marca, Phelps saiu da piscina frustrado por ter sido derrotado. Após a prova, foi nadar na piscina apoio. Lenny Krayzelburg, campeão dos 100m e 200m costas naquela Olimpíada, viu aquilo, e não parecia que Phelps estava simplesmente relaxando, e sim nadando forte. Foi lá e disse, “a Olimpíada acabou para você. Vá curtir! O que está fazendo?” E Phelps respondeu: “estou treinando para a Olimpíada de 2004.”
7. Phelps tinha a incrível capacidade de treinar de domingo a domingo, sem precisar de um dia de descanso para recuperar corpo e mente. Dos 11 aos 16 anos, o americano não deixou de treinar um dia sequer, sem fins-de-semana, feriados ou férias. Foram mais de 1500 dias de treinamentos consecutivos, e a sequência só foi interrompida porque um certo dia ele não conseguiu sair de casa por causa de uma nevasca. De 1996 a 2008, somente imprevistos muito graves o tiraram dos treinos, como uma cirurgia para retirada de dentes do siso em 2003 e uma fratura no braço no final de 2007. Nesse período de 12 anos, ele deve ter passado no máximo dez dias sem treinar.
8. Na natação masculina, Phelps é o atleta mais novo a alcançar uma marca mundial: tinha 15 anos e 9 meses quando superou o recorde dos 200m borboleta, em 2001, no Campeonato Americano.
9. O Mundial de 2003 foi a competição em que Phelps mostrou sua versatilidade e domínio em um grande evento mundial pela primeira vez – foram seis medalhas, sendo quatro outros, e cinco recordes mundiais. Ao ser escalado para nadar a parcial de borboleta na eliminatória do revezamento 4x100m medley pela equipe B americana – pois a vaga na final e na equipe A iria para Ian Crocker, vencedor dos 100m borboleta -, Phelps se disse decepcionado por não ter batido o recorde mundial. Mesmo nadando em uma eliminatória pelo time B de seu país. Pouco ambicioso?
10. Phelps é o único homem da história a superar dois recordes mundiais individuais no mesmo dia. Isso ocorreu no Mundial de Barcelona, em 2003, no qual bateu o recorde na semifinal dos 100m borboleta e, pouco depois, melhorou a marca na final dos 200m medley. Na natação feminina, o feito já havia sido alcançado (por exemplo, a australiana Shane Gould batera recordes no mesmo dia nos 100m borboleta e 200m livre na Olimpíada de 1972).
11. Em 2003, ao vencer os 200m livre, 200m costas e 100m borboleta, ele se tornou o primeiro a vencer provas em três estilos diferentes (o medley não entra nessa conta) em um Campeonato Americano de natação.
12. Entre 2001 e 2004, Phelps era obcecado por Ian Thorpe. Além das conquistas, achava incrível o modo como o australiano vendia sua imagem e conseguia popularizar a natação. Em 2004, ele decidiu que, se quisesse ser o melhor do mundo, precisava desafiar Thorpe. Por isso nadou os 200m livre na Olimpíada de Atenas, mesmo sabendo que suas chances eram pequenas de vitória. Ele considera aquela prova como decisiva para suas pretensões de superar o recorde de sete ouros de Mark Spitz em uma Olimpíada, pois a partir dali passou a treinar freneticamente para os 200m livre, rendendo recordes e ouros mundiais e olímpico de 2005 a 2008.
13. Phelps nadou os 100m livre em uma grande competição internacional somente uma vez, no Mundial de 2005, em que terminou na sétima colocação. Mas poderia ter tido grandes conquistas na prova. No Mundial de 2007, abriu o 4x100m livre para 48s42, enquanto o tempo para vencer a prova individual foi 48s43. E, no Pan-Pacífico de 2010, abriu o revezamento para 48s13, melhor que o 48s15 que Nathan Adrian fez para vencer a prova individual.
14. Também tem desempenhos fantásticos nos 100m e 200m costas, provas que deviam estar entre a sétima e a oitava de suas prioridades. Em 2003, fez 1min55s30 nos 200m e ficou a somente 15 centésimos do recorde mundial. Em 2007, fez 53s01 nos 100m, apenas três centésimos da melhor marca da história. Em ambas as ocasiões o recordista era o americano Aaron Peirsol.
15. Phelps ter vencido os 200m borboleta com recorde mundial na Olimpíada de Pequim, em 2008, após seus óculos terem enchido d’água e ele ter nadado boa parte da prova sem enxergar, guiando-se somente pelo número de braçadas para completar cada piscina, é um fato bem conhecido. Poucos sabem que isso já havia acontecido antes, no Mundial de 2007, em Melbourne, em que venceu os 200m medley praticamente sem enxergar nada nos últimos 50 metros. E que seu técnico, Bob Bowman, o havia preparado para aquilo. Por mais de uma vez, Bowman quebrou ou desajustou os óculos de Phelps propositalmente antes de competições preparatórias para que estes enchessem d’água e o nadador precisasse nadar praticamente às cegas, como forma de preparação caso aquilo viesse a acontecer em um grande evento.
16. O americano tem em seu currículo diversas provas memoráveis: 200m medley no Mundial de 2003, 200m borboleta no Mundial de 2007, 400m medley na Olimpíada de 2008, 100m borboleta em 2008 e 2009… Mas qual ele considera a melhor de sua carreira? “Os 200m livre da Olimpíada de 2008. Foi a melhor prova que nadei, do começo ao fim.” Assista àquela prova abaixo.
17. Ele considera seu momento de maior embaraço os 100m borboleta no Mundial de 2005. Phelps foi destruído por Ian Crocker, que bateu o recorde mundial com 50s40 e chegou mais de um segundo à frente. Mesmo assim, Phelps olhou o placar e, equivocadamente, achou que ele próprio havia batido o recorde mundial. Vibrou efusivamente, quando percebeu o equívoco. “Foi constrangedor”, lembraria anos depois. Aquela marca de Crocker seria uma obsessão sua, e sem trajes tecnológicos ele jamais a superaria.
18. Em 2009, o recorde de Crocker ainda estava vigente. Era época de trajes tecnológicos. Phelps preferia nadar provas de borboleta apenas com calça, dizendo se sentir melhor assim. No Campeonato Americano daquele ano, decidiu usar um traje de corpo inteiro, e superou o recorde com 50s22. Na ocasião ficou empolgado e disse que se soubesse o quanto que o traje inteiro o faria melhorar, teria usado antes. Ironicamente, no Mundial de Roma, três semanas depois, foi derroado nos 200m livre e fechou a cara, dizendo que os trajes é que haviam decidido a prova e que estavam destruindo a natação. Pimenta nos olhos é refresco…
19. Entre os dias 9 e 28 de julho de 2009, Phelps foi o detentor de 8 recordes mundiais simultaneamente em piscina de 50 metros (200m livre, 100m e 200m borboleta, 200m e 400m medley, 4x100m e 4x200m livre e 4x100m medley). Quem mais chegou perto disso na história da natação foi Mark Spitz, com 7 recordes em 1972.
20. Em 2012, seu patrimônio estimado era de 55 milhões de dólares. Entre atletas olímpicos na época, era o quarto maior – note que nesse ranking estavam incluídos apenas atletas que tinham na Olimpíada seu principal evento, ou seja, não entraram atletas como Roger Federer do tênis e Lionel Messi do futebol, que disputaram Olimpíadas, mas não são considerados “atletas olímpicos” na concepção usual do termo.
21. Phelps diz que uma de suas principais motivações para retornar à natação em 2014, após se aposentar dois anos antes, foi a perda do ouro olímpico no revezamento 4x100m livre em 2012 para a França. Prova que, em 2016, voltou a ser vencida pelos Estados Unidos – com Phelps marcando a melhor parcial de sua vida na prova.
22. Que Michael Phelps é o maior medalhista olímpico da história, com 28 láureas, você já sabe. Mas é bom que se diga: dos Jogos Olímpicos da era moderna, que tiveram início em 1896. Mas, ao conquistar sua 13ª medalha de ouro individual, o que ocorreu nos 200m medley na Olimpíada do Rio de Janeiro, o americano superou Leônidas de Rodes, um dos mais famosos atletas olímpicos da Antiguidade. Leônidas conseguiu 12 vitórias individuais nas três edições entre 164 a.C. e 152 a.C. Ou seja, Phelps, no Rio de Janeiro, superou uma marca que durou cerca de 2.160 anos como imbatível no esporte masculino (no feminino, a ginasta soviética Larisa Latynina tem 14 ouros).
23. Vejam o tamanho do feito que é conquistar 13 ouros olímpicos individuais: a mais próxima de Phelps na natação têm 5 (a húngara Krisztina Egerszegi), e se somarmos os ouros dos seis mais condecorados da história da modalidade, temos os mesmos 13 individuais que somente Phelps conquistou.
24. Além disso, com 28 medalhas no total, Phelps tem mais que o dobro dos concorrentes mais próximos (Jehnny Thompson, Dara Torres, Natalie Couhglin e Ryan Lochte, que têm 12 cada).
25. Em Mundiais, a vantagem não é tão grande, mas ainda assim ele é o maior medalhista, com 33, contra 27 de Ryan Lochte. Em termos de ouros, a distância é maior: 26 a 18.
26. Entre os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, e Rio de Janeiro, em 2016, Phelps subiu ao pódio em nada menos que 44% do total de provas da natação masculina de piscina no período – 28 de 64.
27. Antes de Phelps, jamais um mesmo atleta havia sido o maior medalhista de uma edição de Jogos Olímpicos em mais de uma ocasião. Pois o americano conseguiu o feito em incríveis quatro vezes – foi o mais condecorado em todas as Olimpíadas de 2004 a 2016.
28. O apelido dado a ele por seus colegas de treinamento é Gomer, devido à semelhança com um personagem de televisão da década de 60 chamado Gomer Pyle, do Andrew Griffith Show, interpretado pelo ator Jim Nabors.
29. Ele é o único nadador da história a nadar a final olímpica da mesma prova por cinco edições, nos 200m borboleta, entre 2000 e 2016.
30. Os 200m borboleta, aliás, são sua prova de estimação. Ele diz que jamais sua mãe iria deixá-lo abandonar a prova. Entre a derrota para Tom Malchow no Pan-Pacífico de 2002 e o revés para o chinês Wu Peng em uma etapa do Grand Prix americano em 2011, foram nove anos sem ser vencido na prova em qualquer tipo de competição.
31. O americano tem como melhor amiga a nadadora Allison Schmitt, com quem treinou durante anos. Chegavam até a dividir quarto nos hoteis durante training camps e competições, fato devidamente aprovado por Nicole, esposa de Phelps.
32. Uma série que Michael Phelps fez em preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro que ele não esquece como uma das mais dolorosas: 30x100m a cada 1min30s, sendo os primeiros 50m crawl tendo 35 segundos para nadar, subir para o bloco e saltar para mais 50m de borboleta, que deveriam ser cumpridos abaixo de 28 segundos.
Por Daniel Takata