Brasil no revezamento 4x100m livre. Duas chances de medalhas. E dois quase pódios. Foi isso que aconteceu em Kazan e Cingapura, com as equipes absoluta e júnior. Duas bolas na trave que por muito pouco não foram dois gols. Mas engana-se quem acha que iremos lamentar o resultado. Por mais que a medalha não tenha vindo, a análise mostra que o país caminha para subir novamente no pódio desta nobre prova.
Em Kazan, durante o Campeonato Mundial Absoluto, o Brasil chegou a final e terminou em quarto lugar. Mesmo sem a presença de Estados Unidos e Austrália, que falharam nas eliminatórias, o quarteto brasileiro nadou muito bem e durante todo o tempo esteve na briga por um lugar no pódio. A medalha escapou justamente na última parcial quando o italiano Filippo Magnini foi quase 1 segundo mais veloz que João de Lucca e tirou a diferença para alçar a Azurra a medalha de bronze. Embora os parciais brasileiros tenham sido equilibrados com todos na casa dos 48s e nadando sempre no pelotão da frente, os medalhistas tiveram atletas em sua grande maioria para 47s. E isso fez a diferença no final.
Na prova em Cingapura, válida pelo Mundial Júnior, novamente o Brasil bateu na trave ao terminar em quarto lugar. Porém, diferentemente do time absoluto o país só esteve na luta pelo pódio no primeiro parcial quando Felipe Ribeiro abriu na frente com 49s37. Depois a equipe caiu de rendimento, chegando a ficar em quinto lugar, e teve que fazer uma prova de recuperação para chegar em quarto, apenas 34 centésimos distantes da Itália que teve um time mais equilibrado com três atletas para 49s e um para 50s. E embora o Brasil tenha tido as melhores trocas entre todos os revezamentos, teve apenas um nadador para 48s, outro para 49s e dois para 50s.
Como podemos ver nos dois casos do revezamento os medalhistas subiram ao pódio por terem equipes com parciais próximos. No caso do absoluto o Brasil também teve esse equilibro entre os nadadores, porém, para lutar por pódio pelo menos dois ou três deles deveriam nadar para 47s como fizeram França, Rússia e Itália. Na versão júnior a mesma coisa. Austrália, Estados Unidos e Itália foram medalhistas porque tiveram três atletas na casa de 48s e 49s, enquanto o Brasil apenas dois.
Esses detalhes são trabalhos que serão aperfeiçoados com o passar do tempo e que já vem colhendo resultados ano após ano. Em Kazan o quarteto fez o melhor tempo desde o histórico 4x100m livre de Roma-2009 no auge dos trajes tecnológicos e em Cingapura a equipe fez o melhor tempo de sua história em Mundiais Júniors, quase quatro segundos abaixo do time medalhista de bronze em Monterrey-2008. Bons resultados que mostram que o Brasil, medalhista olímpico, mundial e mundial júnior no 4x100m livre, poderá voltar aos bons tempos em uma questão de tempo.
Por Guilherme Freitas