Os 100 metros nado livre masculino é conhecido como a prova clássica da natação, e tem um motivo para isso. A prova é a única que se mantém no programa olímpico desde a sua primeira edição em 1896, em Atenas.
Ontem, dia 11 de abril, completou 125 anos de 100 metros nado livre na Olimpíada quando o jovem húngaro Alfred Hajos, de 18 anos de idade, completou a prova na gelada Baía de Zea, numa temperatura de 11 graus.
Se fosse hoje, a prova nem seria realizada. Importante destacar que a natação olímpica foi disputada em águas abertas até a edição de 1908, nos Jogos de Londres, quando uma piscina de 100 metros foi construída dentro do estádio olímpico.
Desde 1896, os 100m livre masculino só não foi disputado na edição de 1900 em Paris e foi adaptado para 100 jardas nos Jogos de 1904 em St. Louis.
Alfred Hajos aprendeu a nadar nas águas do Rio Danúbio que separa as cidades de Buda e Peste. Aos 13 anos, decidiu que iria virar nadador após seu pai morrer afogado. Hajos nasceu Arnold Gutman em 1o de fevereiro de 1878, mas mudou seu nome para homenagear o pai, Hajos quer dizer “marinheiro” em húngaro.
Hajos esteve em Cinco Olimpíadas, conquistou três medalhas, e entrou para a história como um dos poucos grandes atletas que também se destacou nas Olimpíadas de arte, isso mesmo, os Jogos de 1924, 1928 e 1932 tinham “provas artísticas”.
Aposentado das piscinas, se tornou um grande arquiteto com muitas obras de destaque incluindo a famosa piscina da Ilha de Margarida, em Budapeste, que leva o seu nome.
Em 125 anos de 100m livre na Olimpíada, os americanos dominam a prova com 13 vitórias incluindo os bicampeões históricos Duke Kahanamoku e Johnny Weissmuller. Duke é considerado o “pai do surfe”, enquanto Weissmuller foi o “Tarzan” mais famoso do cinema.
Outros dois não-americanos também se sagraram bicampeões olímpicos dos 100m livre, casos de Alexander Popov da Rússia em 1992 e 1996 e o neerlandês Pieter van den Hoogenband nos Jogos de 2000 e 2004.
O Brasil acumula um retrospecto positivo na prova dos 100m livre masculino sendo que quatro de suas 13 medalhas olímpicas aconteceram na distância. Começou com o bronze de Manoel dos Santos nos Jogos de 1960 em Roma, Gustavo Borges foi prata em Barcelona 1992 e bronze em Atlanta em 1996, e Cesar Cielo levou o bronze empatado com o americano Jason Lezak na Olimpíada de Pequim em 2008.
Em 27 vezes que a prova dos 100m livre foi disputada na Olimpíada, seis vezes veio acompanhada de recorde mundial e sete vezes de recorde olímpico. Aqui vale destacar que não temos um campeão olímpico vencendo os 100m livre com recorde mundial desde a edição de Montreal em 1976, quando o americano Jim Montgomery venceu com 49s99, o primeiro sub-50 da história.
Alfred Hajos, o primeiro campeão olímpico dos 100m livre, mesmo voltando a ser olímpico, nunca mais nadou a prova na Olimpíada. Ele foi o campeão olímpico mais jovem da história até os Jogos de Los Angeles-1932 quando o japonês Yasuji Miyazaki venceu os 100m livre aos 15 anos de idade.
Parabéns aos 100 metros nado livre masculino pelos seus 125 anos de belas e emocionantes histórias olímpicas, e que em Tóquio isso seja ainda mais enriquecido e, porque não, com outra medalha brasileira.