A jamaicana Alia Atkinson encerrou sua carreira depois de participar do 15º Campeonato Mundial de piscina curta em Abu Dhabi no final do ano passado. Cinco vezes olímpica e 12 vezes medalhista em Mundiais, ela se despede das piscina como recordista mundial nos 50m e 100m peito, além de ter deixado seu legado na história da natação negra e jamaicana.
Alia transformou talento em oportunidade, começando com sua estreia olímpica nos Jogos de Atenas-2004 aos 15 anos. Naquela Olimpíada ela competiu nos 50m livre e 100m peito, ficando em 44º e 32º lugares respectivamente. Quatro anos depois, em Pequim mudou radicalmente seu programa de provas e terminou em 25º lugar os 200m peito.
Nos Jogos de Londres-2012 ficou muito perto de uma inédita medalha fechando os 100m peito na quarta colocação com 1min06s96. Ela ainda igualou o melhor resultado da natação jamaicana: o quarto lugar de Janelle Atkinson nos 400m livre em Sydney-2000. Ela esteve mais uma vez na final olímpica dos 100m peito terminando em oitavo lugar no Rio-2016. Em Tóquio nadou os Jogos pela última vez ficando na 22ª posição nos 100m peito.
Em Mundiais ela soma duas medalhas em piscina longa, ambas na edição de Kazan-2015 quando foi prata nos 50m peito e bronze nos 100m peito. Mas seus melhores resultados são na piscina de 25 metros onde foi ao pódio dez vezes. Foram quatro medalhas de ouro, com destaque para um tricampeonato mundial nos 100m peito em Doha-2014, Windsor-2016 e Hangzhou-2018. E vale destacar que todas medalhas são em provas individuais.
Seus três recordes mundiais em vigor também são da piscina de 25 metros. Nos 50m peito ela superou a marca pela primeira vez em 2016 com 28s64 e na etapa de Budapeste da Copa do Mundo em 2018 baixou para 28s56. Nos 100m peito ela conseguiu bater e igualar o recorde mundial anos depois. O primeiro veio no Mundial de Doha-2014 quando nadou para 1min02s36 e igualou a marca de Ruta Meiltyte que era a recordista da prova. Dois anos depois Alia nadou para o mesmo tempo na etapa de Chartes da Copa do Mundo.
“Eu queria fazer algo que algum jamaicano jamais havia feito antes. Depois de 2012, quando fiquei em quarto lugar, era mais do que ‘do que Alia é capaz?’ O que posso fazer no esporte que nunca esperei fazer – ou evento pensado ou sonhado”, disse a jamaicana em entrevista ao site da FINA. Alia foi uma das principais nadadoras negras dos últimos anos e firmou-se como um grande exemplo de representatividade, além de levar a Jamaica a conquistas nunca antes vistas.
Para se manter em alto nível internacional ao longo de quase duas décadas é preciso muita dedicação. Ou, como diz a nadadora de St. Andrew, na Jamaica, de muita persistência. “Estou muito orgulhoso da minha persistência. Nem sempre foi divertido. Existe definitivamente lágrimas e muita luta mental. Algo que definitivamente aprendi é perseverar. Se é o seu sonho, se é algo que você realmente deseja alcançar, faça-o – não importa o que aconteça. “Não importa o que vier em seu caminho, se é um traje rasgado, se são as pessoas que não acreditam em você, se é você que não acredita em você. Você tem que saber quanto vale o seu sonho”, acrescentou.
Recém- aposentada das piscinas ela já foi inclusive homenageada pelo governo de seu país, que reconheceu sua importância para influenciar jovens e novos atletas jamaicanos após uma carreira de grande sucesso. “Estou feliz em dizer que terminei cada grama de talento de natação que Deus me deu. A garrafa esta vazia”, escreveu Alia em suas redes sociais.