Portugal não terá qualquer equipa de esquemas em natação artística no próximo Europeu de Roma, uma decisão ontem tornada pública pela FPN e que terá apanhado (quase) toda a comunidade de surpresa.
A expectativa inicial era que a artística portuguesa – além do dueto de Beatriz Gonçalves e Cheila Vieira – participasse com a equipa técnica no Mundial de Budapeste (de junho, como sucedeu), mas também com a equipa livre no Europeu, em Itália de 11 a 15 de agosto, como aliás está definido no PAR (Plano de Alto Rendimento da FPN).
No “Calendário Geral de Atividades para 2022”, e como última competição da época – após os Nacionais que decorrem até este domingo em Tomar – o documento inclui o ‘Campeonato da Europa – Dueto ABS, Equipa ABS’, pode ler-se.
E acrescenta o PAR (em ‘participantes’ e ‘objetivos’): “Total de 10 atletas convocadas + 2 treinadoras + fisioterapeuta; e alcançar uma pontuação igual ou superior a 75000 pontos na coreografia de Equipa Técnica. Alcançar uma pontuação igual ou superior a 77000 pontos na coreografia de Equipa Livre. Contacto com realidade competitiva internacional de grande nível de exigência; Ultrapassar os países imediatamente acima classificados no último Campeonato Europeu”.

Assim, Swim Channel contactou a selecionadora nacional Sylvia Hernandez que confirmou: “sim, era suposto irmos com a equipa ao Europeu de Roma…mas essa foi uma decisão dos meus superiores”, acrescentando que “o presidente [António Silva] comunicou isso no dia a seguir a voltarmos do mundial”.
Segundo apurei, a decisão surpreendeu as atletas na altura, não só porque o Europeu estava previsto – como vimos – mas também porque a sua estreia em Mundiais por equipas foi muito positiva, com 13º lugar em equipas e 75.6638 pontos. A versão online do PAR está no site da FPN e é de 24 de março deste ano, sendo assinado pelo vice-presidente para a natação artística, José Miguel Miranda.
Segundo fonte que contactei e pediu o anonimato, “as atletas foram informadas por responsável federativo que afinal ‘houve um engano e que essa informação não devia ter saído, pois não estava autorizada, porque não havia orçamento’… e ou as atletas iam ao Mundial ou ao Europeu”, esclareceram-me.
Ouvi também o mais alto responsável da Federação Portuguesa de Natação, o presidente António Silva – rápido na comunicação com a Swim Channel – e que logo me esclareceu que “a equipa foi ao Mundial; e a aposta no Europeu é o dueto olímpico” para Paris 2024.

Portanto, questionei se nunca foi hipótese irmos com a equipa ao Europeu? “Só se o Mundial não se realizasse”, explicou-me António Silva.
Na prática o que pode suceder? Questionei novamente Sylvia Hernandez: “penso que pode causar muitas desistências [de atletas], algo que só para o próximo ano vamos ver; e pouca esperança de futuro”, confessou, desapontada.
Parece, pois, ter havido um erro de publicação no PAR da FPN (publicado já o Campeonato Nacional de Inverno se tinha realizado, em Lagos, a 19 e 20 de março), sendo alimentada até há poucas semanas a esperança de atletas e treinadoras quanto à sua presença no importante Europeu de Roma, gerando compreensivo mal-estar entre a comunidade de artística, e logo num momento em que a dinâmica e crescimento são notórios.