Na natação aptidão, treinamento e a adaptação ao meio líquido, parecem ser fatores determinantes para a prevenção de lesões. Por ser um esporte seguro e recomendado por profissionais da área da saúde, os atletas que não tiveram uma vivência neste esporte ou que não dedicam o tempo necessário para uma adaptação adequada dos tecidos (músculos, tendões e articulações) desrespeitam um importante fator: a progressividade. Tendo em vista que as contusões mais comuns acontecem por “overuse” (uso excessivo em português), estes atletas estão mais suscetíveis a lesão.
Um programa individualizado de treinamento pode ser um bom começo para a prática segura da natação. As lesões de cunho estruturais que acometem o nadador podem aparecer por alteração da biomecânica da braçada , frouxidão ligamentar, overuse ou ainda fadiga da musculatura do ombro, escápula e coluna.
O ombro é uma das articulações mais comprometidas na maioria dos atletas sendo que cada estilo ou tipo de prova apresenta particularidades. Podemos citar como exemplo os nadadores do estilo crawl, principalmente fundistas (longas distâncias), onde o ombro é sem duvida a articulação que merece maior cuidado, já em velocistas os joelhos e a região lombar são os principais pontos de lesão. Em nadadores de águas abertas, além dos ombros, a região cervical merece atenção pois costumam apresentar sintomas na cintura escapular (região das escápulas). No estilo peito nitidamente sobrecarrega a região lombar, músculos adutores (região interna da coxa) e joelhos. Já no costas e borboleta ainda existe uma prevalência de lesões nas articulações dos ombros, sendo que no nado de borboleta a lombar se apresenta como um fator de queixa também.
Tem-se observado, em situação clínica, um aumento significativo no atendimento de atletas, profissionais e amadores, apresentando quadro de lesões nas regiões da lombar e joelhos. Uma possível explicação seria o incremento de treinamentos fora da água, principalmente com trabalho de força, que, quando não realizado de forma adequada, pode acarretar sobrecarga nestas regiões e tornar mais suscetível a lesões.
Em nadadores jovens de elite, (estudo publicado na Brazilian Journal of Physical Therapy (BJPT) em 2018, por Habechian e colaboradores), em três anos de prática já podemos observar desequilíbrios musculares da cintura escapular, com aumento da força dos rotadores internos e diminuição dos rotadores externos do ombro, favorecendo possíveis lesões nesta região e isto parece se aplicar também em atletas que iniciam tardiamente neste esporte.
A maior parte das lesões parecem ser muito mais complexas e multifatoriais, do que somente estruturais. Os fatores biopsicossociais que envolvem os atletas profissionais, recreacionais e masters não podem ser ignorados pois, são parte importante do contexto para desenvolvimento do quadro de inúmeras contusões.
Entre os principais fatores a serem considerados na dinâmica de vida do atleta deste apaixonante esporte, alguns pontos devem ser considerados de extrema importância e bem observados na hora de prevenir e ou tratar as lesões que se apresentam.
Entre eles estão:
- Treino adequado ou falta de (condicionamento);
- Técnica e vícios do gesto esportivo;
- Quantidade (sobrecarga) e progressividade;
- Postura (desequilíbrios musculares);
- Descanso inadequado: intervalo entre treinos – má qualidade ou quantidade insuficiente de sono;
- Alimentação;
- Fontes de estresse (relacionamentos, trabalho, lazer).
Alguns atletas buscando atingir a performance ideal ignoram sintomas e sinais iniciais de uma possível lesão o que pode levar ao comprometimento de todo o trabalho planejado portanto, é preciso estar atento e perceber as variações tanto físicas como emocionais para buscar o equilíbrio e manter a saúde, nosso bem mais precioso.