Michael Phelps, o maior nadador de todos os tempos e maior atleta olímpico da história, esteve em São Paulo no último sábado. Ele falou para uma plateia de empreendedores e investidores na Expert XP, considerado o maior evento de investimentos do mundo, com cerca de 30 mil participantes.
Foi a sétima vez que Phelps esteve no Brasil. Dessa vez, ele estava com Bob Bowman, seu treinador por toda a carreira. Ambos participaram da sessão denominada “Sem limites – a incansável busca pelo prazer de vencer” – curiosamente o mesmo título da biografia de Phelps lançada em 2008.
Phelps e Bowman falaram da carreira do ex-nadador, força de vontade, motivação, superação de limites, etc em cerca de 45 minutos. Detalhe: os dois chegaram a São Paulo no sábado de manhã e retornaram aos Estados Unidos no mesmo dia!
Abaixo, trazemos alguns dos principais tópicos e algumas lições que com certeza todos podemos levar para a vida.
- Com 11 anos, Phelps começou a rotina de estipular metas. Bob Bowman descreveu que, quando seu pupilo tinha essa idade, anotou pela primeira vez em um caderno “quero conquistar uma medalha de ouro olímpica.” Depois, rabiscou e escrever “quero ser um nadador olímpico”, pensando que o primeiro objetivo era muito ousado. Phelps também fez questão de enfatizar que hoje, mesmo não competindo mais, continua anotando suas metas para que olhe para elas todos os dias, uma prática que adotou durante toda sua carreira e que o ajuda a direcioná-lo para alcançar o que estipula.
- Em 2008, Phelps nadou 175 metros dos 200m borboleta da Olimpíada de Pequim com seus óculos cheios d’água. Em um episódio bem conhecido, ele nadou quase a prova inteira praticamente às cegas. Mas sabia exatamente o número de braçadas a executar em cada parcial, e quebrou o recorde mundial da prova. Ele mencionou que Bowman o preparou para aquilo, danificando ou escondendo seus óculos em competições preparatórias para que ele pudesse saber lidar com uma situação como aquela. E não foi só isso: ele estava pronto para as mais diversas situações, como perder uma touca, o traje rasgar etc. Phelps lembrou que era surreal o quanto eles estavam super preparados para diversos tipos de imprevistos e como lidar mentalmente com essas situações. Bowman disse que, em uma Olimpíada, há muita coisa que pode dar errado e que eles fizeram de tudo para estarem preparados para o que quer que acontecesse. De acordo com o treinador, o nadador tinha que estar pronto para ter um desempenho normal em um ambiente totalmente anormal, com muita pressão, muitas câmeras e muita gente no seu pé. Era preciso estar pronto caso algo desse errado.
- Por seis anos, o americano não faltou a nenhum treino, nem de domingo. Phelps mencionou que, se o nadador descansa no domingo, na segunda-feira ele está de volta ao estágio que estava no sábado. Treinando todos os dias, de acordo com ele, estava sempre seguindo em frente, sem passos para trás. Ele, então, perguntou à plateia se havia alguém que acordava todos os dias com motivação e cheio de vontade para ir ao trabalho. Algumas pessoas levantaram as mãos. Ele disse que isso não acontecia com ele. Por diversas ocasiões, ele não quis sair da cama para treinar. Mas ele sempre ia. E, assim, se aperfeiçoava 10%, 20%, 30% a mais em relação a quem não ia treinar. E são esses dias que mais fazem a diferença no final.
- Nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, Phelps foi derrotado pelo sul-africano Chad le Clos nos 200m borboleta, em uma prova que o marcou muito. O americano disse que sempre foi obcecado em analisar suas provas, seu nado, seus desempenhos assistindo e reassistindo aos vídeos. No entanto, ele nunca quis rever aquela prova. Pois ele tinha tudo para vencer e perdeu, após falhar em fundamentos como viradas e chegada. De acordo com ele, aquela prova refletiu a falta de treinamento e seu desleixo na preparação para aquela Olimpíada, frutos da desmotivação que o atingiu após as oito medalhas de ouro de 2008. E também foi essencial para que ele voltasse da aposentadoria em 2014, pois ele queria que sua última Olimpíada fosse marcada por grandes desempenhos e ótimas lembranças, o que ocorreu em 2016 e não em 2012.
- Para Phelps, 23 é um número mitológico. Simplesmente porque foi envergado, no basquete, por Michael Jordan, que ele diz ser seu maior ídolo no esporte. De acordo com ele, Jordan popularizou o basquete de uma forma que Phelps sempre quis fazer com a natação. Na natação, na infância, seu ídolo era Pablo Morales, nadador de borboleta e medley, campeão olímpico em 1992. Bob Bowman citou como influência Phil Jackson, lendário treinador de basquete e que guiou o Chicago Bulls de Jordan a seis títulos na NBA.
- Phelps menciona que a prova que talvez relembre com mais carinho é a que rendeu sua primeira medalha de ouro olímpica, os 400m medley na Olimpíada de Atenas em 2004. Bowman também tem uma recordação especial dessa prova, por ter sido o primeiro ouro olímpico, com recorde mundial, o início da saga de 28 medalhas. Phelps também mencionou, como provas inesquecíveis, os 100m borboleta da Olimpíada de 2008 e do Mundial de 2009 e duas da Olimpíada de 2016: 200m borboleta (“por ter voltado a vencer depois de ter perdido em 2012”) e 200m medley (“por ter sido a quarta vitória consecutiva na prova”, algo jamais alcançado por outra pessoa na natação em Olimpíadas).