Estreia histórica da natação portuguesa no 36º Europeu de Roma, com três atletas apurados para as finais, o que desde já ultrapassa o registo do último Europeu (com duas), e iguala a segunda melhor campanha nacional, de três finais em Berlim 2002 (excetuando as edições em que houve medalhas).
Os estreantes absolutos em grandes palcos internacionais, Diogo Ribeiro (com dois recordes de Portugal nas duas vezes que nadou) e Camila Rebelo (com a segunda marca lusa de sempre), e a experiente Tamila Holub foram as estrelas do dia.
Duas vezes atleta olímpica, a nadadora do Sporting de Braga foi a quinta melhor das eliminatórias aos 800m livres com 8:34.25 (a sua segunda melhor marca de sempre) e torna-se na primeira portuguesa a marcar presença em três finais de Europeus absolutos de piscina longa, depois do 7º lugar aos 1500m (Glasgow 2018), e do 8º posto no Europeu de há um ano (Budapeste) na mesma distância. Até ao momento estava empatada com Sara F. Oliveira (7ª aos 200m mariposa em Berlim 2002, e 8ª aos 100m mariposa em Budapeste 2010) em número de finais femininas alcançadas.
A nadadora do técnico Luís Cameira nadou muito confiante e disse-me após a prova: ”gostei muito de nadar, e estava realmente um bocado ansiosa, pois foi ano um pouco complicado para mim; isto apesar de serem os meus terceiros Europeus; mas fui capaz de direcionar essa ansiedade no bom sentido”.
Ainda entusiasmada pelo feito acrescentou: “estou muito muito feliz porque é a minha terceira final europeia, e sempre que competi consegui uma final; agora estou ansiosa para ver o que vai acontecer [sexta-feira], mas vou nadar sem pressão, e é desfrutar da final”.
800m livres (final: 18h27, na RTP2; hora portuguesa)
Tamila Holub, 5º melhor tempo para a final
MM Época: 8:34.25 (1/08/22, Roma)
RP: 8:32.30 (01/06/21, Cannet-en-Roussillon (Fra.)
RNS e absoluto: 8:29.33 (Diana Durães, 23/06/18 (Tarragona, Esp)
Diogo exemplar
Pouco mais de um ano depois da prata alcançada nesta mesma piscina do Foro Italico (no Europeu Júnior, os 100m mariposa) o júnior Diogo Ribeiro mostrou-se muito confiante e focado nos 50m mariposa. Tanto nas eliminatórias como na final foi rápido na partida: de manhã afundou o seu próprio recorde nacional júnior-17 anos e absoluto, que passou de 23.28 para 23.24 (terceira melhor marca para a ‘meia’). Deve sublinhar-se que a sua reação ao sinal de partida (TR) foi o mais rápido dos quase 60 participantes, com 0.45 segundos de TR (um ‘pormenor’ que faz a diferença nas provas de 50m).
À tarde reagiu 0.58 após a partida, mas agarrou-se bem à luta com os adversários de peso (e todos mais velhos claro), tocando na parede apenas 23.18 depois, uma nova marca limite do país, e que é (atenção) a quarta melhor para a final de amanhã.
Se pode chegar ao pódio? Pode, mas não é nada fácil, pois boa parte dos adversários são ‘feras’ que já nadaram antes abaixo dos 23 segundos… Acredito, tenho a certeza, que o atleta do SL Benfica e treinado por Alberto Silva no CAR Jamor fará o seu melhor, e que isso pode dar novo recorde nacional. Quanto ao resto, é sonhar e fazer uma prova irrepreensível.
Camila continua o sonho
A outra jovem estreante nos maiores palcos foi Camila Rebelo, igualmente muito concentrada nas suas tarefas. A atleta de Vítor Ferreira e Gonçalo Neves esteve tranquila nas eliminatórias, onde foi a sexta melhor em 2:12.10, dando a ideia que foi sempre a controlar a prova, sabendo o que fazer e quando (uma última piscina bem forte).
Na meia-final, que era o seu grande objetivo (disse ontem a Swim Channel, ver declarações) voltou a realizar três quartos da prova bem, sem perder o contacto com o grupo da frente, para acabar ainda melhor, com uns últimos 50 metros em 32.78; isto para um total de 2:11.05, a sua segunda (e nacional) melhor marca de sempre. Apurou-se, pois, para a tão desejada final de sexta-feira com a sétima melhor marca; a sua final e a de Tamila serão a nona e décima presenças femininas em finais de Europeus, quase trinta anos depois das primeiras: na mesma tarde, no Europeu de Sheffield 1993, Ana Barros foi a primeira lusitana em finais (100m costas), seguida de Joana Arantes (finalista nos 200m mariposa).
A quarta atleta nacional a atuar neste primeiro dia foi Diana Durães, a quem a prova manifestamente não correu bem. Nadando lado a lado com Tamila, não conseguiu mostrar o que tem – por certo – no corpo, sendo 14ª classificada com 8:47.42.
Resultados das meias-finais (e horas das finais em PT cont.):
50m mariposa (17h07 em direto na RTP2)
Diogo Ribeiro, 4º melhor tempo das meias–finais (23.18)
RNJ 17 anos e absoluto: 23.18
Do próprio em: 11/08/22, Roma
200m costas (17h00 em direto na RTP2)
Camila Rebelo, 7º melhor tempo de inscrição (2:11.05)
RNS e absoluto: 2:10.41
Da própria em: 2 de julho de 2022 (Oran, Arg.)
Portugueses no 2º dia
Quatro portugueses atuam no segundo dia de competição: Diogo na sua segunda de quatro provas, Ana P. Rodrigues, Francisco Santos e João N. Costa (ver em baixo).
Diogo e equipa já teriam este cenário pensado: nadar esta eliminatória dos 100m livres de manhã, e a final dos 50m mariposa à tarde; no entanto o espaço de horas entre ambas deverá ser suficiente para a sua recuperação. Mas, se for apurado para a meia-final dos 100m (às 17h33) terá pouco mais de meia hora para algum repouso desde a final dos 50m.
Também os restantes portugueses, Ana, Francisco e João, têm boas hipóteses de ser apurados para as meias-finais, afinal o ‘objetivo mínimo’ traçado para este Europeu, e com todo o sentido.
100m livres (08h10, RTP Play)
Diogo Ribeiro, 17º melhor tempo de inscrição
RNJ 17 anos e absoluto: 48.72
Do próprio em: 31 de março 2022 (Coimbra)
100m bruços (08h31, RTP Play)
Ana P. Rodrigues, 15º melhor tempo de inscrição
RNS e absoluto: 1:08.69
Da própria em: 30 de julho 2021 (Oeiras)
MME: 1:08.76 (1/4/22, Coimbra)
200m costas (08h42, RTP Play)
Francisco Santos, 12º melhor tempo de inscrição
RNS e absoluto: 1:57.06
Do próprio em: seis de junho de 2021 (Porto)
MME: 1:59.10 (3/4/22, Coimbra)
200m costas (08h42)
João Costa, 15º melhor tempo de inscrição
RP: 1:58.58 (21/5/21, Budapeste)
MME: MME: 1:59.74 (3/4/22, Coimbra)
Legenda: RNA – recorde nacional absoluto; S – sénior; J – júnior; RP – recorde pessoal; MME – melhor marca da época