Diana Durães regressa a casa do país ‘magiar’ com a sensação do dever cumprido; e mais que as duas melhores marcas pessoais da época, um 11º lugar e um mínimo para o Europeu de Roma, retoma os treinos com a mente mais limpa e novo ânimo para o que falta da época, e para o (muito) que falta da carreira.
No final da prova de 800m livres de quinta-feira do Mundial de Budapeste – onde foi 15ª classificada com 8:41.37 (4ª melhor europeia) – disse-me, sincera: “depois da prova de 1500m estava à espera de conseguir um pouco melhor nos 800m; contudo, foi a minha melhor marca da época; saiu do Campeonato do Mundo com mínimos para o Campeonato da Europa, e mais importante de tudo com sensações que não tinha há algum tempo.”
Esta época apenas tinha realizado 8:44.86 (a 12 de fevereiro), e mesmo em todo o ano olímpico de 2021 (e que incluiu um Europeu em maio nesta mesma cidade húngara) só por uma vez nadou melhor que neste Mundial – 8:38.58 em abril, Coimbra.
Recordamos, pois, as suas importantes declarações a Swim Channel após a prova de 1500m livres (de domingo), onde refere que a marca e mínimo para o Europeu lhe fez “sentir que o corpo está recuperar aos poucos, e principalmente voltei a sentir-me a Diana a nadar, algo que não sentia há muito tempo”.
É esta a grande conclusão da participação da atleta benfiquista no 19º Campeonato do Mundo: a Diana está a recuperar de um processo longo e difícil relacionado com os distúrbios alimentares que – com enorme coragem e maturidade – assumiu publicamente ter, após os Jogos Olímpicos de Tóquio.
E sabemos como as lesões puramente físicas têm um tratamento mais objetivo, pragmático e previsível, enquanto as da alma e da mente são bem mais complexas; e temos tido um sem número de exemplos entre alguns dos maiores nomes do desporto mundial, de Michael Phelps, a Simone Biles, ou há dias o caso do multicampeão olímpico e recordista mundial Caeleb Dressel, que se retirou – não sem alguma surpresa – do Mundial de Budapeste, sem explicações ainda oficiais da ‘USA Swimming’ (e mesmo depois de já se ter sagrado campeão mundial na Duna Aréna aos 50m mariposa).
Estamos a sete semanas do início do Europeu de longa no belíssimo Foro Italico da milenar Roma; local e momento perfeitos para Diana voltar a ser a ‘deusa’ da caça, forte e poderosa – segundo a mitologia romana – e mostrar que as suas qualidades estão lá, e querem voltar a emergir. Para seu gáudio e de toda a natação portuguesa.