É o técnico com mais títulos da natação portuguesa

Carlos Cruchinho já recebeu neste domingo a prenda pelo 63º aniversário, que completa no próximo 29 de Abril.

Ex-nadador de bruços do rival Sport Lisboa e Benfica, aí iniciou também a carreira de treinador, ficando até ao final do ano olímpico de 1988; em 1989 ingressou em Alvalade e mais não saiu.

Já era o treinador com mais títulos coletivos da natação portuguesa, mas hoje reforça essa posição com os dois novos títulos, num total de dezasseis campeões de clubes da 1ª divisão (!), nove em masculinos e sete em femininos.

Torna-se, também, apenas no terceiro treinador a conseguir o duplo título feminino e masculino numa edição, depois de Lima Santos pelo FC Porto em 1990/91 e 1991/92 (único com duas ‘dobradinhas’) e Paulo Frischknecht pelo Sport Algés e Dafundo em 1994/95.

Carlos foi treinador do muito talentoso José Couto, olímpico em 1996, 2000 e 2004 (e para muitos o segundo melhor luso de sempre, a seguir a Alexandre Yokochi), e dos olímpicos Pedro Ferreira (1996), Alexis Santos (2016 e 2021) e Francisco Santos (2021). Só para referir os portugueses que chegaram à prova mais sonhada.

Há quase 35 anos em Alvalade tem-se sabido rodear das pessoas certas, e vários continuam com ele há décadas também. Recordo que foi o Treinador de 2021 em Portugal do Troféu Best Swimming.

Mas, mais do que escrever sobre ele é melhor ouvi-lo; foi o que fiz quando as contas na piscina do Jamor já o consagravam duplo campeão nacional, mesmo antes da última prova em cada setor terminar.

Parece que foi fácil mas não foi

Estava acompanhado de outro grande profissional do desporto nacional, José Carlos Manaças (Diretor Geral para as Modalidades), e perguntei se tinha sido fácil conquistar estes títulos: “parece que foi fácil, mas não foi; este é um percurso longo, árduo, difícil, nunca é fácil…Os nossos adversários são muito competitivos e tivemos que dar o nosso melhor”, sublinhou.

Mas a ‘dobradinha’ estava nos planos? “bom, tivemos esta oportunidade as oportunidades são para agarrar com unhas e dentes”, eu diria com ‘garras’ e dentes…

Isto depois dos Nacionais de Coimbra da semana passada não terem corrido de feição ao Sporting? “Sim, não correu particularmente bem, tínhamos muita gente doente, alguns lesionados…mas soubemos fazer face aos contratempos.”

Falta ao Sporting o que falta à natação portuguesa

E o que precisa a natação do Sporting para ser ainda mais forte, ou já tem tudo? “Bom, falta ao Sporting o que falta à natação portuguesa; não temos piscinas suficientes para nos preparar, horários para treinar convenientemente… Temos a nossa piscina de 25 metros mas já não cabe toda a gente.”

Continuou ainda, numa reflexão às piscinas que (não) temos): “as instalações são as mesmas de há mais de 20 anos; por exemplo esta do Jamor foi inaugurada em 1998, a do Estádio Universitário de Lisboa também… A natação portuguesa avançou muito, mas as condições não evoluíram, temos estas piscinas que são as mesmas, e agora estão maios degradadas.”

O que falta então, pergunto? “Falta muita coisa para termos resultados internacionais mais consistentes; novos valores no clube? Nós temos jovens valores, o que não é difícil ter; o mais difícil é conseguir ter atletas consagrados e motivados a treinar, pois estes são sempre os mais experientes e mais velhos”, no que percebo ser um alerta às condições do pós-carreira que os atletas de alto rendimento têm, ou ainda não têm.

Fica a chamada de atenção, exatamente num dia em que o recém-empossado Secretário de Estado do Desporto, João Paulo Correia, visitou e acompanhou algum tempo os Nacionais de Clubes. Espero que tenha gostado Sr. Secretário de Estado, e que ao nosso desporto, atletas e técnicos possam ser dadas mais condições. É que Paris 2024 é já daqui a dois anos e pouco.