Alfred Nakache, nascido em 18 de novembro de 1915 em Constantine, na Argélia francesa, foi um nadador francês e jogador de pólo aquático. Ficou mundialmente conhecido por ser um dos dois únicos atletas judeus a competirem nos Jogos Olímpicos depois de sobreviverem ao Holocausto e passarem anos presos em um campo de concentração. Recordista mundial nos 200 metros peito e nadador olímpico em Berlim-1936, Nakache passou anos detido no famoso campo de concentração em Auschwitz até ser libertado por soldados aliados.
Após deixar Auschwitz em 1945 já no fim da II Guerra Mundial, voltou a nadar e conseguiu participar dos Jogos de Londres em 1948. Nakache era o segundo de 11 filhos e com dez anos aprendeu a superar o medo da água e aprendendo a nadar. Em 1931, venceu a Taça de Natal do Desafio Constantino e até 1934 foi membro do Clube Náutico da Juventude de Constantino, na Argélia que até então era colônia francesa.
Em 1933 começou a participar do Campeonato Francês e mudou-se para Paris. No ano seguinte foi o segundo melhor nadador do país nos 100m livre e em 1935 tornou-se campeão nacional na prova, embora preferisse nadar peito. Nesse mesmo ano, foi um dos mil atletas judeus que viajaram para Tel Aviv para participar da segunda edição dos Jogos Anuais de Maccabiah, onde ganhou a medalha de prata no 100m livre.
Em 1936 Nakache foi selecionado para nadar os Jogos Olímpicos, que aconteceram em Berlim. Na época a Alemanha já vivia sob o domínio do governo nazista de Adolf Hitler. Ele terminou em quarto lugar com o revezamento 4x200m livre e ao voltar para casa foi forçado a interromper seus estudos na Escola Normal de Educação Física e fugir de Paris com sua esposa e sua filha.
Como judeu argelino, Nakache perdeu a nacionalidade francesa. Entre 1936 e 1944, ele venceu os 100m livre em seis oportunidades no Campeonato Francês, além de também conquistar quatro títulos nos 200m livre e nos 200m peito e uma variedade de outros títulos nacionais, muitos deles estabelecendo recordes.
Em 1941, estava no auge de sua carreira e no dia 6 de julho daquele ano quebrou o recorde mundial de 200m peito com o tempo de 2min36s8. A marca perdurou por cinco anos só sendo superada em 1946 pelo americano Joe Verdeur.
Durante este período, Nakache começou a se aproximar das redes de resistência judaicas, como o Armée Juive (Exército Judaico), ajudando principalmente na preparação física dos recrutas. Na época de suas melhores marcas os nazistas já ocupavam parte do território França e Paris estava ocupada pelas tropas alemães.
Autoridades faziam de tudo para impedir Nakache de competir na França, mas outros nadadores franceses se retiraram das competições nacionais em apoio a seus companheiros atletas. A Federação Francesa de Natação proibiu então Nakache de nadar no campeonato nacional de 1943.
Quando a deportação dos judeus começou, Nakache foi traído por um amigo. Junto com sua esposa e filha foi preso em novembro de 1943 e deportado para o campo de concentração de Auschwitz em janeiro de 1944. Sua esposa e sua filha de dois anos foram assassinadas pelos nazistas quando chegaram à Alemanha.
No final da guerra ele foi transferido para Buchenwald e em 1945 foi libertado pelos soldados aliados. Nakache foi um dos 47 sobreviventes deste campo e na época pesava apenas 42 kg. Quatro meses depois, voltou a Toulouse e começou a treinar com o treinador Alban Minville. Menos de um ano após a libertação já fazia parte da equipe francesa em 1946 que estabeleceu um recorde mundial no revezamento 3×100m livre e se tornou o campeão nacional nos 200m peito e no revezamento 4x200m livre.
Na primeira Olimpíada pós-II Guerra, em Londres-1948, Nakache nadou o revezamento francês 4×200m livre, os 200m peito, além de integrar o time de polo aquático que terminou em sexto lugar geral.
Até onde se sabe, foi um dos únicos dois atletas judeus que competiram nas Olimpíadas depois de sobreviver aos horrores do Holocausto. Muitas piscinas na França têm o seu nome como a piscina principal da cidade de Toulouse, nomeada em 1944 quando ele ainda estava preso no campo de concentração de Auschwitz.
O nadador se aposentou da natação na década de 1950 e se dedicou ao ensino. Na sua carreira de técnico ajudou a treinar o nadador francês Jean Boiteux, campeão olímpico dos 400m livre em Helsinque-1952.
Nakache teve um destino trágico. Em 1983 se afogou sofrendo um ataque cardíaco durante seu treino diário no Porto de Cerberus na costa francesa. Nakache foi introduzido ao Hall da Fama da Natação Internacional em 2019 e foi o tema de um documentário francês em 2001, intitulado Alfred Nakache, o nadador de Auschwitz.
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