Apertem os cintos e se preparem para voar! A repercussão foi a melhor possível para o anúncio do Comitê Olímpico Internacional da entrada das provas de 50 metros nos estilos para o programa dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. Não foi a única mudança no programa olímpico, afinal 24 das 31 federações internacionais de esporte fizeram solicitação de mudanças e inclusão de provas.
É tecnicamente impossível atender a todos, e mesmo com a importante decisão de colocar todos os atletas dos esportes coletivos, pela primeira vez, com mesmo número de homens e mulheres, a entrada das provas de 50 metros nos estilos foi a de maior impacto. É incontestável.

Não é novidade que a World Aquatics queria isso há muito tempo, para ser mais exato desde Atenas-2004 o pedido era feito, e sempre negado. O argumento sempre foi de não aumentar o número de atletas na modalidade. E assim foi feito.
Ou seja, para Los Angeles-2028, vamos ter o mesmo número de nadadores na piscina (852) assim como todas as mudanças não vai alterar o número total de participantes na Olimpíada (10.500). Esta decisão já tem impacto direto e consequências.
A entrada dos 50 metros nos estilos não é uma simples inclusão de provas, é uma verdadeira revolução em nosso esporte. Talvez as pessoas ainda não tenham identificado o impacto e a magnitude de tudo isso, mas é gigante, imensurável.

Vamos ter mudanças nos programas de treinamento, nos programas e regulamentos de competição, prolongamento de carreiras e até mesmo especialização nos trabalhos de velocidade. Fico com um pouco de medo da especializaçãoprecoce, que é bem provável que aconteça, embora a fisiologia aponte como os principais fatores das provas de velocidade sejam a força e potência, valências que se evidenciam na fase mais adulta do atleta.
Não dá para apontar um motivo exato do que aconteceu para o COI mudar de ideia e receber o pedido da Aqua para a inclusão das provas diferente do procedimento das Olimpíadas anteriores, mas o fato da próxima Olimpiada ser nos Estados Unidos (vencedor da natação olímpica de forma consecutiva desde 1992), a influência e o poder econômico da NBC, maior patrocinador da entidade, e a busca de maior engajamento entre jovens terem contribuído diretamente na decisão.
Depois de três Olimpíadas consecutivas de liderança (2008, 2012 e 2016), a natação acumula duas derrotas de audiência para o atletismo, Tóquio e Paris. Michael Pheps faz falta!

As provas de 50 metros nos estilos estão no programa do Campeonato Mundial dos Esportes Aquáticos desde 2001, do Mundial de Curta desde 1999, nos Jogos Olímpicos da Juventude desde a sua primeira edição em 2010. Chegou a hora de entrar para o show principal.
A repercussão foi imediata. Com exceção do italiano Thomas Ceccon, dono de quatro medalhas olímpics, e também campeão mundial dos 50m borboleta em 2023, todo mundo comemorou. Uma quantidade enorme de atletas passou a considerar a extensão de suas carreiras, entre eles Adam Peaty, Sarah Sjoestroem.
E o Brasil? Alegria total, de Norte a Sul. É incontesável que o brasileiro gosta destas provas, vibra muito. Atletas da base ao absoluto, a empolgação foi geral. E temos tradição, muita tradição. São 11 medalhas desde a implementação das provas nos Mundiais em 2001. Três ouros, seis pratas e dois bronzes.

O que vem agora é gigante! Programas de treinamento serão ajustados, programas de competição serão alterados, critérios de convocação, premiação de índice técnico, convocação de treinadores, é muita, muita coisa vai mudar. Como mencionei acima, é uma revoluação na natação mundial.
No meio de tanta empolgação vamos ter alguns ajustes. Como não vai alterar o número total de atletas na Olimpíada (852) nem o total de atletas por equipe (26 de cada sexo), alguém vai sobrar. Não tem como, nadadores que alcançarem o índice como segundo nadador das provas de 200 metros nos estilos, ou os reservas de revezamento, alguns de vocês vai sobrar, a conta não fecha.
Também não fecha a programação de provas, afinal o programa da natação com nove dias não vai conseguir comportar a entrada de seis provas sem ser alterado. Ou se aumenta um dia de competição para 10 ou o pior, o corte das semifinais das provas de 200 metros nos estilos. Ou um, ou outro, alguma coisa vai ter de ser feita, é inevitável.

Portanto, não dá para contabilizar “apenas” a entrada de seis provas, é uma revolução em nosso esporte, de grande dimensão e impactos imediatos. Que estejamos prontos e preparados para esta nova fase de nosso esporte.
Alexandre Pussieldi, editor chefe Best Swimming e Grupo Swim Channel
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