O olímpico Gabriel Lopes foi a grande figura do Open do Jamor em piscina longa, ao alcançar ‘três em um’ com a sua vitória nos 200m estilos em 1:59.34: mínimos para o Campeonato da Europa, para o Campeonato do Mundo, cumprindo ainda o mínimo dos Jogos Olímpicos de…Tóquio.
Não, não é gralha; de acordo com o Plano de Alta Rendimento da FPN para o Ciclo 2022-2024, os atletas que nadem dentro dos exigentes mínimos A – que serviram de referência para Tóquio 2020(1) – passam a integrar a bolsa de apoio do Comité Olímpico de Portugal (COP), tendo o atleta de Vítor Ferreira conseguido o índice mais difícil dos três objetivos: 1:59.67.
Para o Europeu de Roma (11~16 de agosto) o exigido é 2:00.30, e para o Mundial de Fukuoka (22~29 de maio) é 1:59.76.

Gabriel (do Louzan Natação, Coimbra) já dava boas indicações de manhã, quando obteve novo recorde pessoal nos 100m costas, com 54.99 (tinha 55.01), sendo o terceiro luso em menos dos 55 segundos, depois do recordista Francisco Santos e de João Costa.
Obteve a melhor marca masculina da competição (871 pontos FINA), e venceu com grande garra umas das mais interessantes provas da tarde, em disputa quase até ao fim com o colega olímpico Alexis Santos (recém chegado do Mundial de curta em Abu Dhabi, logo, mais cansado), que ainda assim ficou a 52 centésimos do mínimos para o Europeu, sendo segundo em 2:00.82.
Esta é a terceira melhor marca de sempre de Gabriel (de 24 anos), que por certo ficou satisfeito com a decisão de não ir ao recente Mundial de curta, apostando desde já em resolver a questão dos apuramentos para as principais competições da época.

Diana Durães, a experiente; Rafaela Azevedo, a jovem
Entre as mulheres os maiores destaques foram para a olímpica Diana Durães e para a jovem Rafaela Azevedo (dupla finalista no Mundial de Juniores de 2019).
Diana vinha de uma presença modesta no Mundial de Abu Dhabi, mas quis mostrar toda a sua raça. Nadou ‘sem’ adversárias a prova mais longa, de 1500m livres, e ainda assim cumpriu como Gabriel Lopes o mínimo olímpico para obtenção da bolsa do COP ao vencer em 16:31.51, a sua terceira melhor marca de 2021, abaixo dos 16: 32.04 que eram o mínimo para a bolsa.
Agora um pouco mais descansada com este objetivo cumprido, a atleta de Ricardo Santos no SL Benfica poderá tentar os próximos desafios: obtenção dos mínimos para Europeu e Mundial de longa sendo, curiosamente, o do Europeu mais exigente – 16:28.47 – que o do Mundial – 16:29.57 (tem a ver com os critérios que estão na base dos tempos-índice).

Já Rafaela Azevedo é um caso sério de talento…na sessão da manhã da primeira competição da época em piscina longa a atleta do Sport Algés e Dafundo (que treina com Alberto Silva no CAR Jamor) colocou em 28.24 o novo tempo limite nacional dos 50m costas, melhorando os seus 28.43 obtidos a 9 de fevereiro do ano passado e repetidos a 13 de fevereiro deste ano (curiosamente é a marca que também detém em 2021 Federica Pellegrini…recordista do mundo dos 200m livres, recentemente retirada das competições.)
A marca de Rafaela foi a mais pontuada em femininos e de toda a competição (872 pontos), e não é apenas a melhor nacional da história, é a terceira melhor de sempre na península ibérica, e a melhor desde 2013, quando Mercedes Peris colocou o recorde de Espanha em 27.71. Isto porque a segunda melhor marca é da campeoníssima Nina Zhivanevskaya (russa naturalizada espanhola), com 28.11 em 2008.
A atleta cumpriu ainda o mínimo para o Campeonato da Europa de Roma ((28.40), e ficou a escassos dois centésimos do mínimo para os Mundiais do Japão. No hectómetro, à tarde, obteve a sua terceira marca de sempre em 1:01.31, segunda ibérica de 2021, atrás da espanhola Africa Zamorano (1:01.06).
O recorde nacional de 1:01.17, que lhe pertence, fica para uma próxima oportunidade.

Diogo Ribeiro apurado para o Europeu e Mundial Júnior
Destaque ainda para o júnior Diogo Ribeiro (SLB, e a treinar no CAR Jamor) com dois recordes de Portugal de ‘juniores de 18 anos’: nos 50m mariposa (de manhã) nadou em 24.02 (mantendo-se no ranking europeu júnior como 8º melhor de 2021), enquanto à tarde bateu – sem grande surpresa – o recorde nacional que estava em 54.16 e que Miguel Nascimento tinha obtido em 2013. Não que este recorde não fosse de valor, mas Diogo já tem como recorde pessoal 52:54, no Europeu da categoria deste ano. Cumpriu os mínimos para o Europeu Júnior (55.25) e para o Mundial Júnior (54.16).
Fernando Silva, também regressado há horas dos Emirados Árabes Unidos, ainda foi segundo em 53.80; na mesma situação – recém-chegado de Abu Dhabi – Francisco Santos venceu os 200m costas em 2:00.41.
José Paulo Lopes, grande figura lusa no Mundial de Curta (junto com Alexis Santos), nadou ‘sozinho’ os 800m livres (o que ‘detesta’, pois gosta é de luta…), nuns interessantes 8:02.01, deixando para mais tarde o ataque aos mínimos europeus e mundiais.

Concluo esta análise com a muito interessante marca de Francisco Quintas (Sporting): obteve novo recorde pessoal nos 200m bruços, 2:14.02, passando do terceiro para o segundo lugar entre os melhores de sempre na prova em Portugal; tinha 2:14.26 no Europeu de maio em Budapeste. O recorde nacional continua a ser de Carlos Almeida, ainda o único em menos de 2:14, com 2:13.21.
Mas Quintas, que esteve no Europeu de curta em Kazan, deixou boas indicações para novas boas marcas esta época.




































