João Costa nadou os 200m costas em 1:59.30 no quinto dia do Mundial de Fukuoka, e fez a melhor marca nacional do ano, que lhe deu o 19º lugar em 39 participantes.
Ainda assim, o acesso à meia-final fechou em 1:58.46, e não próximo de 1:57.26 (que era o 16º melhor tempo de inscrição), o que nem deixava o vitoriano muito longe do apuramento caso melhorasse o seu recorde pessoal, 1:58.68, obtido nas eliminatórias do Europeu de Roma há um ano.
É a sua quinta melhor marca de sempre, sendo o recordista nacional Francisco Santos (Sporting) cujos 1:57.06, mínimo olímpico em junho de 2021, ainda lhe dariam no Japão acesso à…final. O oitavo apurado foi o melhor nadador masculino espanhol dos últimos anos, Hugo Gonzalez, com 1:57.28.
Mas percebe-se que a grande aposta de João para este Mundial era a obtenção do mínimo olímpico aos 100m costas, e esse objetivo foi cumprido, e claro que treinar para 100m não é o mesmo que treinar para 200m.
Nadará ainda os 50m costas no dia 29, e os seus 100m costas novamente, a abrir a estafeta lusitana de domingo, o último dia do 20º Mundial de piscina longa.
Na próxima madrugada, dia 28, nadam:
Diogo Ribeiro – 100m mariposa – 8ª e última série, pista 7; eliminatórias às 02h49; ‘meias’ às12h09
RNA: 51.45 (1/4/23); MMAno: a mesma; M.Olímpico: 51.67 (já cumpriu)
Camila Rebelo – 200m costas – 3ª série (em 5), pista 1; eliminatórias às 03h00; ‘meias’ às 12h20
RNA: 2:09.84 (31/3/23); MMA: a mesma; MO: 2:10.39 (já cumpriu)
Diogo Ribeiro (pista 7) e Miguel Nascimento (pista 1) nadam os 50m lives na mesma série, a 12ª em 13 (na última série nada Andrii Govorov, pista 0); eliminatórias às 03h34, ‘meias’ às 12h40
Diogo: RNA: 21.87 (dele, 30/3/23); MMA: a mesma; MO: 21.96 (já cumpriu)
Miguel: RNA: 21.87 (DR, 30/3/23); MMA: 21.97; MO: 21.96 (já cumpriu com 21.90)
Tamila Holub – 800m livres – 3ª série (em 4), pista 9; eliminatórias às 04h34; final (não há ‘meia’) dia 29 às 13h23
RNA: 8:29.33 (D. Durães, 2018); MMA: 8:33.96 (13/5/23); MO: 8:26.71
Análise
Será um dos dias mais importantes para Portugal em Fukuoka, e onde se tudo correr bem poderemos alcançar mais três ou quatro meias-finais. Grandes favoritos são Diogo e Camila: ele nos 100m mariposa, ela nos 200m costas, já que os seus recordes de Portugal alcançados este ano os ‘colocam’ nas ‘meias’.
Chegar à meia-final nos 50m livres não será ‘pêra doce’, mas tanto Diogo como Miguel podem conseguir o feito. De Tamila espera-se uma reação aos seus 1500m livres menos bem conseguidos, até porque os resultados desta época têm demonstrado que está no bom caminho para poder vir a alcançar o objetivo de uma terceira participação olímpica.
Nacionais só premeiam os campeões
No Centro Olímpico de Piscinas Municipais de Coimbra decorrerá de sexta-feira a domingo o Campeonato Nacional de Juvenis, Juniores e Seniores/Open, que serve de barómetro ao real valor médio da natação portuguesa e da massa crítica existente, pois não contará com os oito ‘mundialistas’ que estão no Japão.
Não estarão também alguns dos mais valorosos jovens, ao serviço do Comité Olímpico de Portugal no Festival Olímpico da Juventude Europeia em Maribor (Eslovénia), entre eles o juvenil Rafael Mimoso (SLB).
Assim, as ‘honras’ da casa pertencerão à quarta melhor no Mundial aos 5k, Angélica André (FC Porto), à semifinalista em Tóquio 2021, Ana Catarina Monteiro (CF Vilacondense), e a Francisca Martins (FOCA), que obteve mínimos para Fukuoka, mas já fora do prazo exigido pela FPN, e que aponta baterias aos Europeus de Sub-23 (11 a 13 de agosto em Dublin).
Juntam-se em femininos valores como Rafaela Azevedo (Algés e Dafundo), Mariana Cunha (Col. Efanor), Ana M. Guedes (GCV Real), Raquel Gomes Pereira (SLB), entre outras.
Em masculinos, menos nomes destacados, com o olímpico (referido atrás neste artigo) Francisco Santos (Sporting), Miguel Marques (SLB), e Kevins Apseniece (FCP), entre outros.
Urge rever o regulamento
No entanto alguma indignação surgiu nas últimas semanas em relação ao regulamento, que sobre os prémios a entregar diz: “serão entregues prémios aos 3 primeiros classificados na categoria OPEN e serão premiados os campeões nacionais de cada categoria (Sénior, Júnior e Juvenil) e por escalão na categoria de Juvenis (Juvenis-A e Juvenis-B).”
Ou seja (e confirmámos junto de alguns técnicos de jovens), na última e principal competição nacional da época só os campeões nacionais receberão prémio, os segundos e terceiros classificados não.
No limite, até se perceberia que os seniores não recebessem (é a minha opinião), pois é mais provável que sejam eles a estar entre os melhores em Open; mas também é muito provável que os medalhados em Open sejam vários dos estrangeiros (seniores) que nadarão em Coimbra.
Mas não entregar aos restantes melhores juniores e juvenis é claramente desvalorizar (e desmotivar) estes tão importantes escalões de formação, numa fase tão determinante das suas vidas, havendo – segundo me referem também – percentagens elevadas de desistências neste escalão.
Para mais sabendo-se que Portugal – ao contrário do que possa parecer ao público menos atento – vive alguma crise de valores em jovens, que é urgente rever e reverter. A própria página de Facebook da FPN refere alguns comentários que nos demonstram isso.
Como escrevi após o Europeu Júnior (ver em Apesar do Europeu “positivo” Portugal deve rever o seu programa júnior – Swimchannel) Portugal teve apenas quatro juniores no Europeu deste ano (e que fizeram o seu melhor, sem dúvida), e atingiu uma final. Devido à exigência dos mínimos da FPN pelo menos um quinto júnior não foi apurado para a seleção por centésimos, sendo que o seu tempo lhe daria uma potencial presença na meia-final…
Em 2022 tivemos teve três rapazes e uma rapariga, e conseguimos apenas duas meias-finais na competição. Na classificação por pontos deste ano fomos o 35º em 40 países no Europeu Júnior…
Não temos conseguido apurar jovens para o Mundial de Juniores, Diogo Ribeiro à parte, claro, que não é infelizmente – como Alexandre Yokochi ou José Couto não eram – o topo de uma pirâmide consistente e com massa crítica.
Está à vista de todos – e confirmo com os vários técnicos da formação que ouvi – que o programa nacional júnior deve ser reavaliado, e todos os envolvidos ouvidos, sem outros intuitos que não sejam o real e honesto desenvolvimento da modalidade.
Falcoski substitui Batista em Rio Maior
Foi já anunciado em comunicado da FPN que o Centro de Alto Rendimento de Rio Maior – onde treinam muitos dos nossos jovens valores – deixará de ter Rodrigo Batista como treinador responsável após estes Nacionais de Coimbra, assumindo essas funções Felipe Falcoski, sob orientação direta do treinador de alto rendimento da FPN, Alberto Silva.
Que possa servir de faísca para uma nova e bem melhor fase da formação em Portugal é o que todos desejamos.