A criação do Campeonato Mundial Júnior aprovada pela FINA durante a assembleia da entidade no Campeonato Mundial de Montreal em 2005 não foi fácil. Na época, Estados Unidos e Austrália eram as vozes mais ostensivas contrárias a criação do evento por entender que poderia “abreviar” carreira de jovens nadadores. A história provou que isso estava errado.
Desde a primeira edição, no Rio em 2006, o Mundial Júnior tem sido celeiro nos presenteando estrelas que despontaram e brilharam na natação de alto rendimento, com medalhas olímpicas e até recordes mundiais.
Em 2006, na piscina do Julio de Lamare, vimos a espanhola Mireia Belmonte vencer os 400m livre e 400m medley, também teve a francesa Camille Muffat que foi bronze nos 50m e 100m livre. Muffat ganhou três medalhas olímpicas em Londres-2012, uma de cada cor, e faleceu prematuramente três anos depois em um acidente de queda de helicóptero.
Entre os homens, naquela edição inicial do Mundial Junior ganhamos Scott Flowers, nome original de Tyler Clary que fez a mudança após ser adotado. Clary seria campeão olímpico dos 200m costas e quatro vezes medalhista em Campeonatos Mundiais.
O Mundial de 2008, em Monterrey no México, foi disputado duas semanas antes dos Jogos Olímpicos de Beijing-2008 e marcava o aparecimento da nova geração de velocistas italianos como Lucca Dotto e Marco Orsi. No time da Rússia, apareceria Danila Izotov que venceu os 200m e 400m livre e na sequência estava no pódio olímpico integrando a equipe vice-campeã do 4x200m livre em Beijing.
Que time de estrelas o Mundial de Lima 2011 nos trouxe. A lista é enorme com os australianos Cameron McEvoy e Bronte Campbell, os fundistas italianos Gregorio Paltrinieri e Gabriele Detti, o velocista grego Kristian Gkolomeev, os japoneses Kosuke Hagino, Akihiro Yamaguchi e Kanako Watanabe e os americanos Simone Manuel e Jacob Pebley.
Este Mundial de Lima foi tão bom que até nadadores que não subiram ao pódio se tornariam estrelas mundiais como o americano Chase Kalisz e Joseph Schooling de Singapura.
Caeleb Dressel apareceu para o mundo no Mundial de Dubai em 2013. Lá ainda teve o australiano Mack Horton e Ruta Meilutyte, esta não entra na estatística das revelações pois já era campeã olímpica, mundial e até recordista mundial dos 100m peito.
O maior destaque e maior medalhista do mundial de 2015 em Singapura foi o australiano Kyle Chalmers, seis medalhas e vitórias nas provas individuais dos 50m e 100m livre. Naquele Mundial ainda teve o americano Michael Andrew, o russo Anton Chupkov e a canadense Penny Oleksiak.
Duas nadadoras que estavam no Mundial de 2015 voltaram em 2017, em Indianápolis. Taylor Ruck do Canadá e Rikako Ikee do Japão sendo as duas maiores medalhistas da história da competição, respectivamente com 13 e 11 medalhas.
A geração Indianapolis-2017 é outra das mais talentosas que inclui o húngaro Kristof Milak, a americana Regan Smith, o francês Maxime Grousset, o italiano Nicolo Martinenghi e até o australiano Zac Stubblety-Cook que foi bronze nos 200m peito e atualmente é o recordista mundial da prova.
Um dado interessante do Mundial de 2017 é o revezamento masculino da Hungria campeão do 4x100m e 4x200m livre. É a mesma equipe que hoje está na natação absoluta e foi finalista do Mundial de Budapeste e ganhou a prova do 4x200m livre e foi prata no Europeu de Roma na semana passada.
O russo Andrei Minakov esteve nos Mundiais de 2017 e 2019, ao final das duas participações se tornou o maior medalhista entre os homens acumulando 11 medalhas sendo quatro de ouro, cinco de prata e duas de bronze.
A última edição do Mundial Júnior de 2019 em Budapeste ainda nos trouxe a australiana Lani Pallister que ganhou dos 200m aos 1500m livre, algo inédito na história da competição. Também estavam naquele Mundial, a italiana Benedeta Pilatto, a americana Torri Huske e a australiana Mollie O’Callaghan.
Ainda em 2019, duas medalhas de ouro e três de bronze para o italiano Thomas Ceccon, o novo recordista mundial dos 100m costas e maior medalhista masculino do Campeonato Europeu da semana passada.
Sete edições de muita qualidade e grandes revelações. Com certeza, a partir da próxima semana, Lima 2022 vai nos trazer outros grandes nomes a serem adicionados nesta lista de estrelas, é só esperar. O Campeonato Mundial Júnior 2022 começa no dia 30 de agosto, na piscina de VIDENA, em Lima, no Perú.