MVP em mulheres foi a surpreendente Camila Rebelo

Se em masculinos não há dúvidas quanto ao MVP, em femininos a escolha era mais difícil. Mas eu considero como MVP…Camila Rebelo!

Eu sei que Carolina Fernandes fez uns Nacionais incríveis (títulos, recordes e mínimos), que Ana Rodrigues também esteve em alta (recordes, mínimos e títulos), e que Tamila Holub foi tripla vencedora e com mínimos para o Mundial.

Mas gostei da atitude vencedora da jovem Camila, e de “não queria saber qual era o mínimo [aos 100m costas], e fui nadar sem saber!” conforme me disse após a fantástica vitória e mínimo para o Europeu nos 100m costas (de sexta-feira), reconhecendo ter sido “acima das minhas expectativas”.

E se aos 100m esteve muito bem, o que dizer dos 200m costas de hoje? Nas eliminatórias juntou o recorde nacional dos 200m costas em piscina curta ao de piscina longa: por apenas dois centésimos retirou a Rita Barros Frischknecht (filha da antiga recordista nacional nesta prova, a olímpica Ana Barros) o máximo que esta detinha desde nove de fevereiro de 2020 em Lisboa.

A atleta da Louzan (Coimbra) melhorou o recorde pessoal que estava em 2:15.72 (7/4/19, em Coimbra) e passou a ter os dois recordes nacionais seniores e absolutos de 200m costas (piscina curta e longa) e os de 100m costas que obteve nesta mesma cidade há dois dias.

Mas se na final se esperava – dada a sua forma – que baixasse o novo recorde da República Portuguesa, ou até que se aproximasse um pouco do mínimo para o Europeu (2:13.00), penso que ninguém esperaria o que sucedeu.

Qual jogo do ‘monopólio’ Camila foi diretamente para uma marca histórica sem passar pela fasquia dos 2.14, nem dos 2.13, ou 2.12, e entrou ‘sem pedir licença’ nos 2:11, obtendo mais um mínimo para o Europeu de Roma com…2:11.18! A escassos dez centésimos ficou o exigente mínimo para os Mundiais na capital húngara, sendo agora a quarta melhor da Europa, segundo o ranking publicado já durante a noite de domingo.

A marca foi acima das minhas expectativas

A atleta de Gonçalo Neves e Vítor Ferreira (como me disse) foi super honesta nas declarações que me fez, dizendo: “com os registos de treino que tinha feito, achei que seria possível nadar abaixo de 2:13. Mas 2:11 foi acima das expectativas.”

E agora Camila? Agora a responsabilidade aumenta para o Campeonato da europa,” reconheceu a jovem, que só a três de fevereiro completou 19 anos.

Noutra final empolgante, os 50m mariposa, podemos assistir ao terceiro título absoluto de Carolina Fernandes, que precisou de 27.53 para vencer a forte Mariana Cunha (27.61), sendo Ana P. Rodrigues terceira em 27.70.

A atleta ainda júnior do Galitos de Aveiro sai de Coimbra com três ouros absolutos, um recorde nacional da categoria aos 50m livres, e quatro mínimos: três para o Europeu de juniores (50m e 100m livres e 100m mariposa), e um para o tão desejado Mundial, na prova de mariposa, onde esteve fantástica.

Francisco Santos (de verde) no pódio – Foto: Reprodução/FPN

Francisco Santos com mínimo Europeu

No quarto e derradeiro dia do regresso dos Campeonatos de Portugal – após dois anos de interrupção – o olímpico Francisco Santos ‘disse’ a João N. Costa que se nos 100m o vimaranense manda, no duplo hectómetro o cetro é do Leão; recordista nacional em 1:57.06, o sportinguista de Carlos Cruchinho venceu em 1:59.10, cumprindo o mínimo para os Europeus. Apesar da excelente ponta final (29.52 nos últimos 50m), João foi segundo em 1:59.74, a sua terceira marca de sempre, melhor da época.

Nos 200m bruços a benfiquista Raquel P. Gomes entrou para o top das melhores marcas da competição, com 2:28.29 (a valerem 822 pontos FINA). Embora sem efetuar qualquer mínimo (mas ficando próximo) a atleta regressa ao estádio da Luz como uma das três mulheres com tripla vitória (além de Tamila e Carolina), que consegui ainda nos 400m estilos e nos 200m estilos; será indispensável na equipa de Ricardo Santos para o grande desafio do próximo fim-de-semana, o Nacional de Clubes da 1ª divisão.

Segunda vitória obteve a felgueirense Francisca Martins, com uns bons 2:01.85 nos 200m livres, tornando-se apenas a segunda portuguesa de sempre em menos de 2:02, depois da recordista absoluta Diana Durães. Letícia André (SL Benfica), Tamila Holub (SC Braga) e Ema Conceição (Física de Torres Vedras) classificaram-se por esta ordem, sendo candidatas a um lugar na seleção na estafeta de 4x200m livres que irá a Roma.

Tamila Holub no centro do pódio – Foto: Reprodução/FPN

Coimbra ‘tem mais encanto’ na natação

A última das 34 provas do programa foi tudo menos monótona. Os 400m livres masculinos podiam ter lideranças alternadas dados os candidatos, entre eles o recordista absoluto José P. Lopes. E assim sucedeu, com Tomás Veloso a querer brilhar em casa, embora o outro Tomás, Lopes, não tenha facilitado nada a vida.

O atleta do Clube Náutico Académico de Coimbra (CNAC) acabou por vencer apenas por cinco centésimos de segundo, em 4:00.61; Lopes (Vitória de Guimarães) foi vice-campeão (4:00.66), e Gustavo Marques, também de Coimbra, foi bronze em 4:01.04. O jovem do União de Coimbra 1919 – antigo clube de Diogo Ribeiro – obteve, deste modo, o mínimo para o Europeu de juniores, batendo no limite o olímpico José Lopes, quarto com 4:01.28. São agora quatro os apurados para Bucareste, pois Gustavo junta-se a Carolina, Diogo e Kevins Apseniece (FC Porto) que nos 200 mariposa logo do primeiro dia carimbou o mínimo.

Nota para o bom desempenho de vários atletas de Coimbra, que quer afirmar-se como um dos grandes centros da natação, a par de Lisboa e Braga, e um pouco menos do Porto neste momento.

Medalhas: destaque para SC Braga, Benfica e Sporting

Aliás, as medalhas revelam uma modalidade extremamente descentralizada (como haverá poucas no país), o que é de louvar.

Em juniores nada menos que 29 clubes alcançaram medalhas, tendo liderado Algés e Dafundo, Galitos, SL Benfica, CN Praia da Vitória e União de Coimbra (o Sporting obteve tantas medalhas como o Algés, mas apenas um título).

Em absolutos 23 clubes foram ao pódio, destacando-se SC Braga (10 medalhas, 8 de ouro), SL Benfica (17, 7 de ouro), e Sporting CP (15, 3 de ouro); seguiram-se Louzan (Coimbra), Galitos de Aveiro e Vitória de Guimarães.

No próximo fim-de-semana a piscina olímpica do Jamor recebe as 15 melhores equipas em cada sexo para os muito competitivos Campeonatos Nacionais da 1ª divisão.

Diretor Desportivo avalia os Nacionais

Em declarações a Swim Channel o Diretor Desportivo da FPN fez a seguinte avaliação à competição:

“Foi um campeonato com um conjunto de resultados fora de série, que permitem concluir que existem vários nadadores com potencial para o alto rendimento. Não acho relevante estar a destacar os principais autores desses resultados porque, para quem acompanha a natação, eles estão identificados. Por outro lado, acho mais importante pensarmos que estamos no limiar de um percurso que a meta terá de ser atingida com resultados ainda melhores, que agora parecem mais possíveis. É importante saber que há um lote muito promissor de valores espalhado por todo o país, e que têm em conjunto a mesma vontade de mudar o paradigma da natação portuguesa. Esperemos que todos continuem a querer cada vez mais, e que agora tenham verdadeira consciência de até onde poderão chegar. A natação portuguesa pode sonhar mais alto do que ser apenas campeão de trimestre, Península ou de algum outro grupo. A meta é uma final olímpica e isso ainda continua muito distante.”

Atletas com melhores marcas pela Tabela FINA de pontos

Femininos: