No final de 2018, o site Best Swimming trouxe o chamado “pódio olímpico virtual.” Basicamente, uma projeção dos pódios das provas de natação em piscina para os Jogos Olímpicos de 2020 baseada nos rankings mundiais em piscina de 50 metros de 2018. Para ler a matéria, clique aqui.
Mas qual é a relação histórica dos resultados do ano que marca exatamente o meio do ciclo olímpico com os resultados da Olimpíada a seguir? Será que tais resultados costumam se confirmar dois anos depois? Afinal, 2018 (assim como foram 2014, 2010 etc) são anos sem campeonato mundial de piscina longa, e as projeções são baseadas majoritariamente nos resultados das principais competições da temporada internacional (Campeonato Europeu, Pan-Pacífico, Jogos da Commonwealth).
Para essa avaliação, fizemos um levantamento levando em conta os dois ciclos olímpicos passados, levando em conta apenas provas olímpicas individuais.
Comparando 2014 com 2016:
Entre aqueles que estavam em 1º no ranking mundial em 2014 nas 26 provas individuais, em somente 8 provas (30,7%) os nadadores mantiveram a 1ª posição na Olimpíada de 2016. Ou seja, em 69,3% das provas os líderes dos rankings em 2014 não confirmaram medalhas de ouro em 2016.
Aqueles que confirmaram foram:
Katie Ledecky (400m e 800m livre)
Sarah Sjöström (100m borboleta)
Mireia Belmonte (200m borboleta)
Katinka Hosszu (200m medley)
Gregorio Paltrinieri (1500m livre)
Adam Peaty (100m peito)
Kosuke Hagino (400m medley)
Entre aqueles que estavam entre as 3 primeiras colocações no ranking de 2014 (total de 78, 39 em cada sexo), apenas 15 no feminino (38,5%) e 13 no masculino (33,3%) se mantiveram em posições de pódio em 2016.
Veja como o quadro de medalhas virtual baseado nos resultados de 2014 e o quadro de medalhas obtido em 2016 são diferentes (lembrando que contabilizamos apenas provas individuais):
Virtual 2014
rank pais ouro prata bronze total
1 AUS 6 3 3 12
2 JPN 5 5 1 11
3 USA 3 3 6 12
4 GBR 2 4 1 7
5 SWE 2 1 1 4
Olimpíada 2016
rank pais ouro prata bronze total
1 USA 11 7 9 27
2 HUN 3 2 2 7
3 JPN 2 2 2 6
4 AUS 2 2 1 5
5 GBR 1 3 0 4
Comparando 2010 com 2012:
Entre aqueles que estavam em 1º no ranking em 2010 nas 26 provas individuais, em somente 7 provas (26,9%) os nadadores mantiveram a 1ª posição na Olimpíada de 2012. Ou seja, em 73,1% das provas os líderes dos rankings em 2010 não confirmaram medalhas de ouro em 2012.
Aqueles que confirmaram foram:
Ranomi Kromowidjojo (100m livre)
Jiao Liuyang (200m borboleta)
Rebecca Soni (100m peito)
Ye Shiwen (200m medley)
Sun Yang (1500m livre)
Michael Phelps (100m borboleta)
Ryan Lochte (400m medley)
Entre aqueles que estavam entre as 3 primeiras colocações no ranking de 2010 (total de 78, 39 em cada sexo), apenas 15 no feminino (38,5%) e 19 (48,7%) no masculino se mantiveram em posições de pódio em 2012.
A seguir a comparação entre o quadro de medalhas virtual baseado nos resultados de 2010 e o quadro de medalhas obtido em 2012 (apenas provas individuais):
Virtual 2010
rank pais ouro prata bronze total
1 USA 7 9 12 28
2 CHN 5 2 1 8
3 JPN 3 2 2 7
4 GBR 2 4 0 6
5 FRA 2 0 0 2
Olimpíada 2012
rank pais ouro prata bronze total
1 USA 12 7 5 24
2 CHN 5 2 2 9
3 FRA 3 1 0 4
4 RSA 2 1 0 3
5 NED 2 0 1 3
O padrão também se observa em ciclos anteriores. Por exemplo, de 2006 para 2008, em 7 provas (26,9%) os líderes de rankings confirmaram medalhas de ouro. Tanto para líderes de ranking quanto para pódio, menos de 50% se mantêm nos Jogos Olímpicos em posições que lhe garantiriam as conquistas virtuais dois anos antes.
Conclusão: muita água ainda vai rolar. Os resultados do ano anterior à Olimpíada (por exemplo, de 2015 para 2016) costumam servir como uma projeção melhor, o que é intuitivo. Os números mostram. Mas esse é um levantamento que reservamos para divulgar em uma data oportuna.
Voltaremos a ele no início de 2020.