As ‘sementes’ do sucesso que Alberto Silva trouxe do seu Brasil parecem começar a dar frutos na sua nova ‘menina dos olhos’, a seleção de Portugal.
Depois de algumas (poucas) competições em Portugal em que o trabalho ainda não era visível (atletas em carga, a adaptarem-se a novos métodos de trabalho, e sem torneios de grande competitividade), eis que na segunda etapa do FFN Golden Tour, em Marselha, se começaram a ver resultados mais palpáveis e de bom nível.
Portugal subiu ao pódio em todos os três dias da prestigiada competição, que levou ao sul de França alguns dos melhores do mundo, como Adam Peaty, que hoje venceu os 100m bruços nuns tranquilos 59.83, segunda marca mundial do ano…
João Costa obteve três medalhas
João Costa foi o destaque individual da seleção, alcançando a sua terceira medalha, hoje nos 50m costas, onde obteve a prata com 25.78. Ainda assim “o seu percurso submerso não saiu tão bem como ele queria”, disse-me o responsável pelo alto rendimento de Portugal.
Nas eliminatórias, onde ao longo da competição os atletas cumpriram o que Albertinho pediu, “nadar forte de manhã”, o costista de Guimarães obteve um novo recorde pessoal com 25.70, menos 4 centésimos que a sua anterior melhor marca, subindo um lugar entre os mais rápidos de Portugal (agora é o 4º melhor).
Em femininos Diana Durães também foi destaque no terceiro e último dia de provas, alcançando a medalha de bronze nos 800m livres com 8:45.55; melhorou seis segundos em relação às eliminatórias de sábado de manhã.
Em mais uma final A esteve também o júnior Diogo Ribeiro, apurado com 50.20 nas eliminatórias, a sua quarta melhor marca de sempre, e a melhor sem ser em período de pico de forma. Na final foi 8º classificado, “tendo falhado a chegada”, referiu Albertinho. Ainda assim, o vice-campeão europeu júnior dos 100m mariposa reforça o primeiro lugar do ‘ranking’ europeu da categoria, que já lhe pertencia com 50.44 no Arena Meeting de Lisboa em fevereiro.
Miguel Nascimento não nadou tão rápido de manhã e só pode nadar a final B; no entanto, ‘vingou-se e venceu com 50.14, uma boa marca e que lhe daria o 7º lugar na A.
Igual posição na final principal teria obtido Mariana Cunha nos 100m mariposa; e também a jovem atleta venceu a final B, em 1:01.17.
Portugal teve mais um vencedor de uma final B noutro jovem: Gustavo Ribeiro foi ‘repescado’ para nadar os 400m livres à tarde, e dos 4:17 de manhã, aproveitou a oportunidade e fez a sua 4ª melhor marca pessoal de sempre, 4:06.52. E mais uma vez, também a vitória na B daria um bom 7º posto na final A.
Num dia em que Portugal chegou a oito finais, Ema Conceição ficou a escassos centésimos do seu recorde pessoal aos 200m livres (2:04.53): foi a terceira melhor na final B com 2:04.93 e é mais uma das muitas jovens que vêm despontando em Portugal.
“Pódios todos os dias dá confiança e ganhamos o respeito da comunidade”
Alberto Silva avaliou de forma interessante esta presença de Portugal, com um discurso diferente: não só – claro – é “importante ver Portugal todos os dias no pódio, pois isso dá confiança ao ‘time’”, referiu, mas também Portugal ganha “o respeito na comunidade, e é isso que a gente quer mudar”.
“Nós éramos a única seleção aqui [além de França] que tinha fisioterapeuta e um biomecânico [Samie Elias] a gravar as provas; isso vai dando outra cara para o nosso ‘time’”, frisou, com orgulho.
Finalmente concluiu: “a grande maioria dos nossos atletas melhorou as suas marcas da manhã para a tarde, e muitos também as suas posições [classificações], e é isso que a gente quer implementar. Esta competição foi uma aprendizagem muito boa, numa competição muito forte e muito competitiva”.
As sementes do experiente ‘head coach’ e equipa começam a dar frutos.