Ele tem apenas 20 anos de idade, e foi o grande nome do Campeonato Britânico disputado em Sheffield, na semana passada. Matthew Richards, mesmo tendo vencido apenas uma prova, os 200m livre, ele conseguiu algo que jamais havia sido alcançado na história da natação mundial.
A vitória nos 200m livre foi simbólica por várias razões. De uma forma geral, a Seletiva Britânica foi fraca, resultados bem abaixo dos índices estabelecidos pela Federação Britânica, mas os 200m livre masculino foi espetacular.
Foi a prova que fechou a competição, dois nadadores para 1min44s, dois para 1min45s e ainda dois para 1min46s, colocando a Grã-Bretanha, atual campeã olímpica no topo do ranking mundial e super favorita para o título mundial deste ano em Fukuoka. Além disso, a vitória de Richards batendo os dois medalhistas olímpicos da prova e quebrando a barreira do 1min45s pela primeira vez.
O “quebrar” acabou sendo o grande feito de Richards nesta Seletiva, pois além do 1min45s, que ele nunca tinha quebrado, ele ainda nadou abaixo da barreira dos 48 segundos nos 100m livre.
Abaixo de 1min45s nos 200m e 48s nos 100m, já é algo especial, afinal Richards se junta a Pieter van den Hoogenband dos Países Baixos, Michael Phelps dos Estados Unidos, Yannick Agnel da França, David Popovici da Romênia, Hwang Sun-Wow da Coreia do Sul, Matsumoto Katsuhiro do Japão e seus compatriotas Tom Dean e Duncan Scott.
Só que Richards foi mais além. Ele fez algo que nenhum outro alcançou combinando estas duas “quebradas” a mais uma, o sub 22 nos 50m livre. E isso foi inédito.
Richards começou a campanha com os 47s72 nas eliminatórias dos 100m livre. Ele até piorou na final, 48s02 e terminou em terceiro, mas a marca fechou o final de semana como o melhor tempo britânico no ano e segundo do mundo.
No dia seguinte, outro bronze, agora nos 50m livre com 21s98 fazendo da Grã-Bretanha o único país do mundo com três nadadores abaixo da barreira dos 22 segundos em 2023.
Para fechar a Seletiva, os 200m livre na prova que colocou Richards em Tóquio. Foi sua estreia na Seleção Principal da Grã-Bretanha e o ouro no revezamento 4x200m livre. Depois de empatar com James Guy na eliminatória com o segundo tempo com 1min47s09, Richards venceu a prova com 1min44s83 nadando 80% da prova atrás do campeão olímpico Tom Dean.
Talentoso e versátil, Matthew Richards também jogava rugby e lutava taekwondo até se especializar na natação. Depois de dois anos brilhando na Seleção Júnior chegou a equipe principal e foi logo para o time olímpico. Embora tenha nascido em Worcester, na região central da Inglaterra, em 17 de dezembro de 2002, seguiu a cidadania do pai e nada pelo País de Gales.
Desde o início da Pandemia, Richards se mudou para o Centro de Treinamento de Alto Rendimento de Bath onde treina com Jol Finck. Antes disso, junto com o pai construiu a sua própria piscina de quintal depois de passar dez semanas sem poder treinar. Um pequeno tanque de 5×3 metros com um metro de profundidade em água muito gelada onde só era possível treinar com roupa de neoprene foi a solução para seguir no seu sonho olímpico. Um investimento de pouco mais de 6 mil reais que iria se tornar em algo muito mais valioso.
Um ano depois, Matt Richards estava no time britânico para Tóquio. Mesmo sendo o mais jovem da equipe, foi quem abriu o revezamento 4x200m livre nas eliminatórias (1min46s05) e voltou para a final fazendo o terceiro parcial (1min45s01) ajudando a sua equipe bater o recorde europeu 6min58s58 e ganhar a medalha de ouro olímpica.