No último fim de semana foi realizada a Travessia da Ilha Robben, na África do Sul. O ultramaratonista e palestrante Ryan Stramrood foi o grande vencedor da prova e ainda bateu o recorde da travessia. O sul-africano quebrou o recorde estabelecido por seu amigo Theodore Yach, falecido em outubro de 2018.
O atleta nadou da ilha até o continente na cidade de Blouberg. A prova, de 7,3 km, levou duas horas e 34 minutos para ser realizada tendo a água com temperatura média de 14ºC. Aos 46 anos ele poderia ter feito a prova no início do ano, quando a água estava um pouco mais quente, mas isso não o impediu de vestir apenas uma sunga e touca para cumpriu o desafio.
As leis de bloqueio causadas pelo COVID-19 impediram Stramrood de realizar a prova no começo do ano, mas na primeira oportunidade depois da liberação das regulamentações que o impediam de treinar, ele foi até a água da famosa ilha completou a prova.
“Quando cheguei à praia com a temperatura do ar a 10° C, olhando os 7,3 km de água gelada da baía, sabia que seria difícil. Geralmente treinamos e condicionamos nosso corpo com dificuldade para essas tentativas, mas a quarentena não permitiu. Confiei apenas na memória muscular e na determinação de chegar à praia e acredite, doeu”, disse o atleta a mídia local após a prova.
A Ilha de Robben é conhecida por ter sido no passado uma famosa prisão onde o futuro presidente da África do Sul, Nelson Mandela, passou 18 anos detido. Ao todo, Mandela passou 27 anos na prisão durante o regime racista do apartheid. A ilha fica a quase 8 km do continente e a 10 km da Cidade do Cabo.
Stramrood dedicou o feito ao seu amigo e ex-recordista da prova. “Dedico essa travessia ao meu amigo Theodore Yach que colocou a prova em patamar tão alta e que certamente ainda o nadaria abaixo do recorde se estivesse vivo hoje”, disse.
O sul-africano é conhecido por grandes provas e por suas palestras. Ele já atravessou o Canal da Mancha, nadou uma milha em condições de água abaixo de zero na Antártida, completou o revezamento duplo do Canal do Norte e também uma difícil tentativa de nadar da Rússia para os EUA, que não conseguiu completar.
Apesar disso, ele comentou que o distanciamento social e as faltas de treinamentos devido ao coronavírus está entre os desafios mais difíceis que ele enfrentou.
“O bloqueio foi brutal para todos nós. Meu próprio negócio de palestras não escapou do impacto. Mas mais uma vez, naquela água fria que enfrentei, quando a costa parece a milhões de quilômetros de distância e um alvo impossível, lembro-me de que a mentalidade envolvida e o trabalho realizado agora farão com que esse espaço altamente desconfortável e inseguro pareça uma memória distante no minuto em que saia naquela praia”, finalizou.
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