Inesquecível. Quem assistiu a final do revezamento 4x100m livre masculino do Campeonato Mundial de Budapeste jamais vai se esquecer do que viu. Na raia 4 o Brasil chegava como a melhor equipe classificada após fazer uma boa eliminatória. Porém, todos os nadadores sabiam que deveriam melhorar a tarde para conseguir um lugar no pódio. Os erros nas trocas teriam de ser corrigidos e cada um precisaria ser mais rápido em sua parcial. Eles entenderam a missão e na grande final não só fizeram tudo isso como por muito pouco não venceram a prova.
Na final os Estados Unidos, reforçados por Caeleb Dressel e Nathan Adrian, eram os favoritos. E começaram com tudo. Dressel mandou logo de cara 47s26 na abertura do revezamento e junto com ele veio Gabriel Santos que passou em terceiro com 48s30. Caiu na água Marcelo Chierighini que fez um dos parciais mais fortes de todos os tempos: 46s85, recuperando terreno e botando o Brasil na briga. Cesar Cielo com sua experiência e velocidade cravou 48s01 e entregou com na segunda colocação em condições de disputa pela vitória. Bruno Fratus apertou o ritmo, fez 47s18 de parcial e chegou a emparelhar com Nathan Adrian, mas no fim por apenas 28 centésimos a vitória não veio.

O que não é motivo para lamentar em nada. Pelo contrário uma prata para celebrar, com sabor de ouro. Uma prova que o Brasil nadou com sangue nos olhos, na base da raça e com o coração. Todos foram ao limite, melhoraram muito do resultado pela manhã, bateram o recorde sul-americano (3min10s34) e colocaram no peito a medalha que havia escapado em Kazan-2015 e no Rio-2016. Ao fim da prova Cesar, o mais experiente do grupo, disse que já não acreditava que voltaria a ganhar medalhas em Mundiais, mas que a energia do quarteto o motivou e ainda afirmou em alto e bom ao vivo no Sportv que os companheiros de time eram “fodas”. Uma prova para ficar marcada na memória.
Mas não foram apenas o quarteto do 4x100m livre que teve motivos para comemorar em Budapeste. Joanna Maranhão não passou para a final dos 200m medley, porém bateu o recorde sul-americano com 2min11s24 e conseguiu o melhor desempenho dela em um Campeonato Mundial: o 10º lugar. Alegria que não escondeu ao fim da prova ao celebrar ainda na piscina. Quem também celebrou foram Nicholas Santos e Henrique Martins. Ambos vão para a final dos 50m borboleta amanhã com chances de pódio. Nicholas passou em terceiro com 22s84 e Henrique em sexto com 23s13. Os adversários são fortes, principalmente Caeleb Dressel e Andry Govorov, mas se a dupla repetir os resultados anteriores ao Mundial podem sim ganhar medalhas.

O dia foi bom para o Brasil, já que até na frustração deu para arranjar algo positivo. Felipe Lima e João Gomes Jr. chegaram com expectativa de ir a final dos 100m peito, mas o nível da prova foi fortíssimo. Tão forte que ambos nadaram hoje duas vezes abaixo do minuto nas eliminatórias e nas semifinais, mas nem isso adiantou para ir a final. Os 59s48 de Felipe e os 59s56 de João não foram suficientes. Tempos que seriam suficientes para entrar co folga nas finais do Mundial passado em Kazan e até no Mundial de Roma-2009, no auge dos trajes tecnológicos. O oitavo classificado foi o russo Kirill Prigoda com 59s24. Uma mostra que os 100m peito foi a prova que mais evoluiu nos últimos anos. O melhor da semifinal? Nem precisa mencionar que foi Adam Peaty com 57s75, novo recorde de campeonato.
Na final dos 400m livre tivemos uma revanche, ou melhor, um massacre. Sun Yang havia perdido sua coroa no Rio-2016 para Mack Horton e estava com o australiano engasgado na garganta. Principalmente pelas declarações recentes de Horton dizendo-se superior ao chinês pelo fato de nunca ter sido flagrado em um exame antidoping. Na água Yang triturou o rival: 3min41s38 contra 3min43s85. Em terceiro chegou o italiano Detti que deu calor no australiano nos metros finais.

Os Estados Unidos venceram além do 4x100m livre masculino outras duas provas. Katie Ledecky ganhou o primeiro ouro do país ao vencer com sobras os 400m livre. Sagrou-se tricampeã mundial na distância e voltou a bater o recorde de campeonato com 3min58s34. Minutos depois voltou para a piscina para ajudar o revezamento 4x100m livre feminino a conquistar o título mundial. No revezamento, porém, o maior destaque foi de Sarah Sjöstrom que bateu o recorde mundial dos 100m livre na abertura da prova: 51s71. Clique aqui e veja todos os resultados da etapa.
O Campeonato Mundial de Budapeste começou com tudo e mostrando um nível técnico absurdamente alto. E foi só o primeiro de oito dias de competição. Prepare ai o coração que teremos uma semana de fortíssimas emoções.
Por Guilherme Freitas