A natação portuguesa acredita que pode “chegar, ver e vencer”, como dizia o imperador Júlio César, no 36º Campeonato Europeu, que se inicia quarta-feira em Roma, o primeiro com público desde Glasgow 2018 devido à pandemia.
Embora com os pés bem assentes no chão, este pode ser um dos melhores Europeus de sempre para o país, que teve a sua primeira participação em Monte Carlo 1947. Na altura um dos históricos da modalidade em Portugal, Mário Alua Simas, foi sétimo na final dos 100m costas (com…1:11.6); e seria preciso esperar até nove de agosto de 1985 para vermos a bandeira nacional subir ao mastro, com o fantástico título de vice-campeão europeu de Alexandre Yokochi (2:19.63 nos 200m bruços).
São estes feitos – assim como a medalha de bronze de Alexis Santos em 2016 nos 200m estilos, ou a melhor classificação feminina, por Catarina Monteiro, quinta nos 200m mariposa em 2018 – que se esperam possam inspirar os ‘dez magníficos de Roma’.

“Expectativa de todos com classificações no top-16”
O diretor desportivo da FPN acredita que sim: “Se todos os atletas se apresentarem na sua melhor forma, o que nem sempre é fácil, em conjunto com o crivo que foi estabelecido para o acesso [os mínimos para o Europeu], há a expectativa de todos conseguirem classificações dentro dos 16 primeiros”.
E continua, em declarações ao site da FPN: “há um aspeto particular: não nos lembramos de situações em que tenhamos nadadores a participar nestes [em] campeonatos da Europa com tempos de entrada dentro dos oito primeiros”, refere confiante José Machado (ver declarações completas em baixo).
O problema das previsões é que são isso mesmo; com base nos indicadores que temos procuramos antecipar algo. Se se põe a fasquia muito alta isso pode ‘assustar’…se é demasiado baixa não vai motivar, inspirar.
Cinco lusos entre os oito melhores
Então vamos aos factos, segundo as ‘entry list (‘listas de partida’) divulgadas hoje pela Liga Europeia de Natação, e que consideram tempos realizados pelos atletas desde os Europeus de Budapeste em maio de 2021.

Portugal tem cinco atletas – três nadadoras e dois nadadores – entre os oito melhores das suas provas na forte competição continental, a saber:
– Tamila Holub, 5º tempo, 1500m livres (16:15.50)
– Tamila Holub, 7º tempo, 800m livres (8:32.30)
– Gabriel Lopes, 7º tempo, 200m estilos (1:58.56)
– Ana Catarina Monteiro, 8º tempo, 200m mariposa (2:09.32
– João N. Costa, 8º tempo, 100m costas (53.88)
Outras posições de destaque entre os melhores da Europa comprovam o otimismo (contido, é verdade) de José Machado, e são:
– Diana Durães, 9º tempo, 1500m livres (16:25.23)
– Camila Rebelo, 9º tempo, 200m costas (2:10.41)
– Diana Durães, 11º tempo, 800m livres (8:39.93)
– Diogo Ribeiro, 11º tempo, 50m mariposa (23.28)
– Francisco Santos, 12º tempo, 200m costas (1:57.06)
– Ana P. Rodrigues, 14º tempo, 50m bruços (31.09)
Faço notar que estas listas incluem o máximo de quatro atletas permitidos por país (sendo que em vários casos alguns países têm mesmo vários dos seus melhores entre os 16 primeiros), embora só possam chegar às meias-finais (que só há em provas até aos 200 metros) e finais (400m e acima) os dois melhores atletas por país nas eliminatórias.
Ou seja, feitas as contas, meramente estatísticas, Portugal é candidato a cinco finais e onze meias-finais (ou posição correspondente ao top-16), o que não deixa de ser uma previsão positiva, para um país que, apesar de tudo, é apenas o 18º com mais atletas em natação pura, de entre os 557 nadadores de 46 países.
Em Budapeste 2021 Portugal esteve presente apenas em duas finais, por Tamila (8ª nos 1500m livres) e José P. Lopes (6º lugar nos 800m livres), enquanto em Glasgow 2018 esteve em cinco finais: inédito 5º lugar feminino, por Catarina nos 200m mariposa, sétimos lugares de Alexis Santos (200m estilos), Diana (400m livres) e Tamila nos 1500m livres, e um oitavo por João Vital (400m estilos).
Itália, a grande favorita
Nas cinco disciplinas de natação, águas abertas, natação artística, saltos para a água e saltos de alto vôo (estreia em Europeus), estão inscritos um total de 1500 atletas de 50 dos 52 países que integram a LEN; os únicos ausentes são, claro, Rússia e Bielorússia, impedidos de competir a nível desportivo em qualquer competição internacional, na sequência da invasão da Ucrânia, país que estará presente com 18 atletas.
Na edição de 2021 do Europeu a Rússia havia sido o segundo país na tabela de medalhas (com 22), atrás da Grã-Bretanha (26), e à frente de Itália (com 27, mas menos de ouro ou prata).
Itália será, na minha opinião, a grande favorita às medalhas, pelo grande nível que tem apresentado desde os Jogos Olímpicos de Tóquio 2021, brilhando também no Mundial de Budapeste em junho último. No histórico ‘Complexo Natatório do Foro Italico’ – inaugurado em 1938 após 10 anos de obras, e que já acolheu p.e. os Jogos Olímpicos de 1960, os Mundiais de 1994 e 2009 e o Europeu de 1983 – a maior delegação nacional será exatamente a italiana, com 57 atletas.
Seguem-se: Grã-Bretanha (41), França e Polónia (30 cada), Alemanha (29), Hungria (26), Suécia (25), Países Baixos (23), Espanha (22) e Grécia (20).
Declarações de José Machado
José Machado: «A particularidade desta edição de Roma é que para os nadadores presentes vai ser, de forma assumida, a competição mais importante da época.
A expectativa em relação aos resultados está um pouco mais elevada. Por outro lado, as posições que alguns atletas ocupam nos rankings permitem-nos pensar que é possível termos a participação em finais.
Ao mesmo tempo é possível que o grosso deste grupo, ou mesmo a totalidade possam nadar de tarde [meias-finais e finais].
Isto significa que todos os nadadores poderão conseguir classificações dentro dos 16 primeiros, o que está de acordo com a bitola que se estabeleceu do acesso a estes europeus e foi com essa base que os mínimos foram construídos.
Se todos os atletas se apresentarem na sua melhor forma, o que nem sempre é fácil, em conjunto com o crivo que foi estabelecido para o acesso, há a espectativa de todos conseguirem classificações dentro dos 16 primeiros.
Há um aspeto particular: não nos lembramos de situações em que tenhamos nadadores participar nestes campeonatos da Europa com tempos de entrada dentro dos 8 primeiros.
Temos alguns nadadores que tem condições para na “entrylist” figurarem entre os 8 melhores da competição. Alguns quase de certeza absoluta – a Camila Rebelo está no sexto lugar do ranking europeu, a Ana Catarina Monteiro está no sétimo – portanto, mesmo que participem todas as nadadoras, o que também não é certo, essas têm condições de na lista de entrada estarem entre os finalistas.
Esta é a expectativa em relação a outras competições semelhantes, penso que partimos com mais aspirações de conseguir mais classificações de final e mais classificações de semifinal. Apontou-se todos os objetivos da época para este Europeu, na esperança de que tudo corra bem.Os resultados da última competição [Open de Portugal Jamor 2022] que era claramente de preparação, não eram de momento alto de forma.
Se tivermos em atenção a esses resultados há condições reais para conseguirmos esse objetivo – de haver um grande número de classificações dentro dos 16 primeiros e de haver um número maior de presenças em finais do que houve nos últimos europeus. É esperar que assim aconteça. Foi assumido por todos que esta era a competição mais importante da época. É este o objetivo.»
DEZ ATLETAS DE 8 CLUBES EM 25 PROVAS:
11/08, quinta-feira, 1º dia
Diogo Ribeiro (SL Benfica/CAR), 50m Mariposa
Camila Rebelo (A. Louzan), 200m Costas
João Costa (V. Guimarães) e Francisco Santos (Sporting CP), 100m Costas
Tamila Holub (SC Braga) e Diana Durães (SL Benfica), 800m Livres
12/08, sexta-feira, 2º dia
Diogo Ribeiro, 100m Livres
Ana P. Rodrigues (Escola Desportiva de Viana), 100m Bruços
Francisco Santos e João Costa, 200m Costas
13/08, sábado, 3º dia
Diogo Ribeiro, 100m Mariposa
Camila Rebelo e Rafaela Azevedo (Sport Algés e Dafund/CAR), 50m Costas
Gabriel Lopes (A. Louzan), 200m Bruços
14/08, domingo, 4º dia
Ana Catarina Monteiro (C. Fluvial Vilacondense), 100m Mariposa
João Costa e Francisco Santos, 200m Costas
15/08, segunda-feira, 5º dia
Camila Rebelo e Rafaela Azevedo, 100m Costas
16/08, terça-feira, 6º dia
Diogo Ribeiro, 50m Livres
Ana Catarina Monteiro, 200m Mariposa
João Costa e Francisco Santos, 100m Costas
Ana P. Rodrigues, 50m Bruços
Gabriel Lopes, 200m Estilos
17/08, quarta-feira, 7º dia
(sem portugueses nas eliminatórias)
A comitiva é ainda composta por dois técnicos de clubes, e pelo restante ‘staff’ da FPN:
FPN: Alberto Silva (treinador do alto rendimento/CAR), Igor Silveira (preparador físico/CAR), José Machado (diretor desportivo), Samie Elias (biomecânico/CAR)
Treinadores Convidados: Fábio Pereira (Clube Fluvial Vilacondense) e Vítor Ferreira (Associação Louzan Natação)
Fisioterapeuta: Daniel Moedas (CAR)
Médico: Rui Escaleira (CAR)




































