Você se lembra de Eric Moussambani? Há quase 20 anos, o nadador da Guiné Equatorial se tornava um herói e símbolo olímpico. Ao nadar sozinho a primeira série dos 100m livres nos Jogos de Sydney-2000, o nadador com apenas quatro meses de experiência no esporte, conquistou as arquibancadas australiana pela garra e determinação.
Moussambani completou a prova em 1m52s72, bem longe do tempo de 47s84 que deu o ouro ao holandês Pieter van den Hoogenband. Mesmo sem medalha, o atleta gerou impacto não só em seu país, mas no mundo todo. A imagem dele nadando sozinho emocionou a arquibancada e faz ele ser lembrado até hoje.
A história de Moussambani nas Olimpíadas começou quatro meses antes dos Jogos quando ele ouviu no rádio a convocação. A virada olímpica ele aprendeu a fazer já nos Jogos com um treinador sul-africano que também lhe deu a sunga azul para competir.
“Estou muito orgulhoso de tudo o que aconteceu desde então”, disse Moussambani agora com 42 anos em uma entrevista para a agência de notícias EFE. “Minha participação nos Jogos Olímpicos me ajudou a conhecer melhor o meu país e me tornei uma figura do esporte, tanto aqui como nos países vizinhos. Sou uma espécie de embaixador da natação nesta região”, disse.
Desde 2012, ele é o treinador principal de natação da Guiné Equatorial, pequeno país localizado na costa leste do continente africano. Já aposentado das piscinas Moussambani continua sua saga de ajudar os esportes aquáticos do país. Em uma entrevista para o jornal espanhol Marca ele contou um pouco mais sobre seus planos.
“Planejamos ter dois meninos e duas meninas para a prova de 50m livre nas Olimpíadas de Tóquio ano que vem. O adiamento pode nos dar alguma vantagem para que eles tenham tempo para se preparar. Além disso, eles têm bons treinadores”, disse Moussambani.
Logo depois da sua volta da Austrália, foram construídas as duas primeiras piscinas olímpicas do país: uma em Malabo, a capital, e a outra em Bata. “Desde então, o amor pela natação cresceu muito na Guiné Equatorial. Temos meninos e meninas nadando nas categorias base, algo impensável quando eu comecei. E como é um esporte completo e saudável, muitas pessoas praticam isso como um hobby”, disse.
Eric tem o o objetivo de ser membro da Federação Internacional de Natação (FINA) para ajudar o continente africano a prosperar nos esportes aquáticos. Enquanto isso, ele alia sua profissão de técnico nacional com seu trabalho como engenheiro de computação. Ele se classificou para Jogos Olímpicos de Atenas-2004, mas por conta de um erro administrativo da federação de seu país teve o seu visto negado e não pôde viajar.
Um dos seus objetivos é também organizar competições anuais em águas abertas em Malabo. “No futuro, queremos também ter representantes das águas abertas nos Jogos Olímpicos”, comenta Moussambani.