DJ – Diana & José. Será esta a dupla portuguesa no 19º Mundial FINA cujas provas de natação se iniciam sábado em Budapeste, a cidade ‘suspeita do costume’ e onde se realizaram já inúmeras grandes competições, como o Mundial de 2017 ou o Europeu de maio de 2021.
Esta será a mais reduzida presença da natação portuguesa desde há muitos anos (há décadas creio), e que desta vez vê a pirâmide da comitiva portuguesa inverter-se: dois atletas apenas na piscina da Duna Arena, quatro nas águas abertas do Lago Lupa, e dez na piscina ao ar livre de Széchy, na Ilha Margarida.
Quando contactei a olímpica Diana Durães para saber as suas expectativas, o sinal de maturidade não podia ser maior, reconhecendo que nem tudo tem sido perfeito, mas que está ‘na luta’ pelos seus objetivos.
“Tem sido uma fase difícil, treinar e o resultado não corresponder…O nosso objetivo sempre foi marcar presença em Roma [no Europeu] e é isso que vou tentar mais uma vez”, disse-me confiante, mas ciente das dificuldades: “sei que estou preparada para nadar dentro do tempo exigido para o campeonato da Europa [16:28.47 aos 1500m livres], mas também sei que pode não ser suficiente para estar presente, pois para além do tempo tenho de ficar nas 13 primeiras”, disse-me.

“Grupo incrível que me fez voltar a sorrir…”
Mas a confiança e a experiência estão lá, no coração da benfiquista: “cheguei ontem [quinta-feira] de Serra Nevada [estágio em altitude] e trabalhei com um grupo incrível, que me fez voltar a sorrir, e é esse sorriso que quero levar até último segundo da minha prova… Não tenho nada a provar a ninguém”, declarou tranquila a maior recordista da natação portuguesa atual, que à sua conta tem oito – recordes nacionais – oito; todos dos 200m, 400, 800m e 1500m livres, em piscina curta e longa.
A atleta de Ricardo Santos no Estádio da Luz ainda acrescentou que “apenas podíamos optar por uma competição, os Jogos do Mediterrâneo [JM], Campeonato do Mundo ou Universíadas, e após as Universíadas terem sido canceladas [na China, devido à pandemia] optámos logo pelo Mundial, porque os JM não tinham a prova de 1500m”.
Diana, que completou no passado dia oito 26 anos, nadará domingo na segunda de três séries (pista zero), e está inscrita com o 18º melhor tempo, os 16:26.82 que obteve a 27 de março de 2021 em Coimbra.
Pode ainda não ser desta que bate o seu fantástico recorde de Portugal de 16:15.12 (no Arena Meeting Internacional de Lisboa a nove de fevereiro de 2020), mas o mínimo para o Europeu está certamente ao alcance de uma das mais experientes atletas da natação lusa, para que possa ‘voltar a sorrir’.

José Lopes ‘aquece’ nos 400m a pensar nos 800m
Em masculinos a ‘estória’ não parece muito diferente, e as declarações iniciais que a Diana me deu (ver acima) bem poderiam ser as de José Paulo Lopes…
Alguns dos seus últimos resultados não terão sido os que o atleta do Sporting Clube de Braga desejaria, mas uma coisa é certa, no último ano e meio o Zé Paulo provou ser mesmo um dos melhores europeus do meio-fundo e fundo.
Finalista há pouco mais de um ano (a 22 de maio) nesta mesma piscina de Budapeste (de que os atletas parecem todos gostar), foi o sexto melhor europeu nos 800m livres; depois disso atingiu o sonho dos Jogos Olímpicos em Tóquio, e já esta época esteve nos Mundiais de Curta em Abu Dhabi onde alcançou novos recordes nacionais aos 400m e 1500m livres.
O jovem treinado há anos pelo experiente Luís Cameira é o primeiro a competir na Duna Arena já neste sábado: nada na terceira de cinco séries dos 400m livres, onde está inscrito com 3:50.56, 27ª marca; nadará sem pressão, fazendo já o ‘aquecimento’ para os 800m livres de segunda-feira, onde procurará a sua melhor marca da época, neste ano pós-olímpico e que – também por isso, se sabe ser de descompressão, física e mental.
O diretor desportivo da Federação Portuguesa de Natação, José Machado, recorda que “os Europeus de Roma [natação de piscina de 11 a 17 de agosto] são a grande opção estratégica da época no que respeita à natação pura, enquanto nas competições de águas abertas e natação artística [no Mundial] haverá uma participação na máxima força”.