Raia 7 para Bruno Fratus. No centro, na raia líder, o postulante ao bicampeonato, absoluto no último ciclo olímpico. Na disputa também o americano Nathan Adrian, entre outros grandes nomes. Mas o que poucos talvez esperavam era que, da raia 3, aos 35 anos, o ouro olímpico viesse com o campeão de 16 anos atrás, lá em Sidney. Antohony Ervin, o veterano, venceu a prova mais rápida da piscina no Rio-2016, e, ávido por desafios, aceitou mais um pouco mais de um mês depois: o Desafio Piraquê Raia Rápida.
Integrando a equipe norte-americana, uma das favoritas pela sua composição, ele reedita o duelo com o brasileiro Fratus neste domingo, no mesmo palco: o Estádio Aquático Olímpico. Os 16 atletas terão apenas uma hora para nadar até quatro vezes em busca das premiações que chegam a 100 mil reais no total.
África do Sul, Itália, Brasil e Estados Unidos são os países com quatro representantes cada, um para cada estilo.
O duelo que realmente mais atrai atenções é o 50m livre, que além de contar com o atual campeão olímpico e com o brasileiro, medalhista mundial da prova em Kazan-2015, tem a presença de Mirco Di Tora pelo time italiano, veterano de 30 anos e premiado com pódios europeus, e Douglas Erasmus, forte na África do Sul e menos conhecido no cenário mundial. Difícil imaginar que a “final”, que os dois restantes após três desafios, não conte com os dois finalistas olímpicos. Só para esquentar: Ervin completou o trajeto no Rio em 21s40, contra 21s79 de Fratus.
Mas a presença de olímpicos não fica apenas no livre. Inclusive, uma outra estrela mundial cairá na piscina que não teve a oportunidade de conhecer em agosto: Roland Schoemanm, 36 anos, campeão olímpico, mundial, e coleções de pódios internacionais na carreira. O sul-africano é especialista em livre, mas também em borboleta. Travará uma batalha pela vitória na prova contra Henrique Martins, que disputou o 100m borboleta e o revezamento medley do Brasil no Rio. Embora já seja um grande veterano, Schoemanm impõe gigante respeito nos adversários. Porém, pelo formato da disputa, rápida e de exigência de recuperação dinâmica, pode precisar de um fôlego extra contra os jovens Henrique (24 anos), Daniele D’Angelo (21) e Tim Phillips (25).
No estilo de peito, João Gomes Jr. Também experiente da seleção brasileira, e muito veloz, é favorito pra vencer no tiro curto. Pelos EUA, Mike Alexandrov é o rival, que não tem resultados expressivos desde 2010, Fabio Scozzoli, medalhista mundial do estilo em Xangai-2011, e Giulio Zorzi, bronze em Barcelona-2013.
A prova do costas tem um favorito: Eugene Godsoe, americano que vê o Raia Rápida como seu evento ideal: velocidade pura! É multi-medalhista internacional de provas nos estilos costas e borboleta, experiente e consistente. Um dos rivais de fôlego é o italiano Simoni Sabbioni, de apenas 19 anos e campeão olímpico da juventude nos 100m costas. Resta saber se terá explosão. O brasileiro é Henrique Rodrigues, nadador de medley e não necessariamente veloz ou especialista em costas, mas tem resistência para aguentar a curta maratona, com o sul-africano Gerhard Zandberg fechando a disputa.
Diante dos atletas apresentados, o Brasil tem boas chances de somar mais pontos (o método de disputa premia o vencedor de cada estilo com três pontos, dois para o vice e um para o terceiro lugar, com o revezamento para encerrar, valendo o dobro por posição), mas o páreo duro é contra os Estados Unidos. A África do Sul deve garantir alguns bons pontos, e a Itália vai precisar se superar – e contar com o fôlego de sua juventude, para tentar bater as equipes com mais atletas premiados e experientes no Desafio Piraquê Raia Rápida. Um evento que, como o nome diz, mal dá tempo de respirar. E, até por isso, eletrizante!
Por Mayra Siqueira