O Sporting Clube de Portugal fez história na natação portuguesa ao se tornar no primeiro clube a conquistar nove títulos consecutivos, em masculinos, a que junta o título em femininos, que era menos previsível.
E se em homens havia, mesmo, fortes possibilidades de a equipa orientada pelo decano Carlos Cruchinho alcançar este feito único, entre as mulheres tudo parecia extremamente equilibrado à partida, tendo em especial como fortes adversárias as campeãs em título, Algés e Dafundo, e as portistas.
E afinal foram as ‘leoas’ que surpreenderam na piscina olímpica do Jamor, conquistando o seu sétimo título de campeãs, e ainda com mais pontos que os colegas em masculinos: 930 elas e 915 eles.
Mas não se pense que a vitória em femininos foi menos suada: terminaram com apenas mais 61 pontos que as vice-campeãs FC Porto de José Manuel Borges, mais 167 que o Algés de André Ribeiro (que fez o seu primeiro Nacional de Clubes como técnico principal, após a saída de Miguel Frischknecht há menos de um ano), e com mais 201 que o Benfica orientado por Ricardo Santos.
Alexis e Francisco lideraram equipa 9 x campeã
Na última edição da competição em 2018/19 (ver quadros) o Algés tinha vencido em femininos, à frente de Sporting e Benfica, enquanto em masculinos os ‘leões’ foram primeiros, batendo Benfica e FC Porto (a mesma ordem final em homens, três anos depois).
E neste setor a equipa de Alexis e Francisco Santos (não, não são irmãos, só de ‘armas’…) superiorizou-se ao Benfica de Miguel Nascimento e Diogo Ribeiro em 84 pontos, mais 151 que o FC Porto, e mais 308 que o surpreendente Belenenses, que escalou do 8º lugar ao final do dia de sábado para um fantástico quarto lugar.
Alexis Santos, que tem no currículo, entre outros, ser duas vezes olímpico, medalhado em Campeonatos da Europa, e detentor das marcas nacionais mais pontuadas pela tabela FINA, torna-se agora o atleta mais vezes campeão de Portugal de Clubes, pois esteve em nove dos…nove títulos do Sporting.
Há quatro décadas no clube de Alvalade está Carlos Cruchinho, e por isso justificava-se ouvi-lo com mais cuidado (ver entrevista noutro artigo).
Diogo Ribeiro com novo recorde e mínimos para Mundial
Quanto às ‘finais’ de domingo (pois cada prova era uma final), destaque individual para o recorde nacional júnior/18 anos de Diogo Ribeiro, que nos 100m mariposa venceu em 52.68, a quase um segundo do veterano Fernando Silva (Naval do Funchal, em 53.64), naquela que é a sua segunda melhor marca de sempre; o seu recorde pessoal está em 52.54 e deu-lhe o título de vice-campeão europeu júnior em 2021.
O jovem do SL Benfica melhorou o máximo de 52.85 que o próprio obtivera no passado dia 2 nos Nacionais de Coimbra, reforçando o mínimo para o Europeu e Mundial da categoria, e próximo do exigido para o Europeu absoluto de Roma (52.28), que mais cedo ou mais tarde penso que vai atingir.
No final perguntei-lhe se tinha ficado satisfeito com a marca: “sim, fiquei bastante satisfeito, até pelo facto de ter voltado [nos segundos 50 metros] pela primeira vez em 27 segundos [27.86; 24.82 na primeira metade]. Mas acima de tudo por ter conseguido conquistar o primeiro lugar nessa prova para ajudar o clube”, afirmou.
Numa equipa muito jovem das ‘águias’ também se destacou Rafael Mimoso, que bateu o recorde nacional juvenil B (15 anos) aos 200m bruços, com 2:23.84. O anterior era de 2:24.15 e pertencia a André Silva (Palmela Desporto EM), ainda Rafael não tinha nascido, pois foi obtido em Loulé a 10 de junho de 2006…
O segundo dia de Nacionais da 1ª divisão trouxe as três marcas mais valiosas por pontos: além dos 827 pontos de Diogo Ribeiro nos referidos 100m mariposa, o seu colega encarnado, Miguel Nascimento, obteve 845 pontos nos 100m livres graças aos 49.61 que lhe deram a vitória. Tiago Costa (SCP) foi segundo em 50.78, e Diogo Lebre (SLB) terceiro em 51.02.
Alexis perto do Europeu; Tomás Veloso diz adeus
A terceira marca da competição foi para Alexis Santos: aos 50m costas venceu em 25.48, a meros 19 centésimos do mínimo para o Europeu de Roma (para o qual ainda não está apurado), e que lhe valem 814 pontos.
Referência ainda para mais duas vitórias de hoje de José Paulo Lopes (SC Braga), nos 1500m livres e 400m estilos, essenciais para a manutenção do clube em masculinos. Nos 400m estilos Tomás Veloso foi segundo classificado, naquela que foi a sua despedida da natação ao mais alto nível. O veterano nascido em 1996 conquistou no Jamor três segundos lugares e um terceiro, sendo uma das referências maiores da história da natação do seu Clube Náutico Académico de Coimbra, e mesmo da sua cidade.
Em femininos, tal como em masculinos, as sportinguistas foram ‘formigas’ trabalhadoras, e mesmo não brilhando à frente, arrecadaram muitos e valiosos pontos um pouco mais atrás.
Os 800m livres de domingo tiveram o mesmo resultado dos 400m livres de sábado: vitória de Tamila Holub (SC Braga), seguida de Diana Durães (SL Benfica) e Angélica André (FC Porto), com novamente duas sportinguistas no quarto e quinto lugar, e que nesta prova foram Mariana Mendes e Maria Moura.
Rafaela com melhor marca
A marca mais pontuada da competição em femininos chegou pelas mãos de Rafaela Azevedo (Algés e Dafundo), com uns rápidos 50m costas, em apenas 28.67 (833 pontos).
Nos 200m costas desta tarde demonstrou enorme raça, e numa disputa quase pessoal e de garra, bateu Rita Barros Frischknecht do Sporting – que liderava na passagem aos 100m e aos 150m – com um arranque brutal nos últimos 30 metros; nadou o último percurso em 35.74 (2:19.13 contra 2:19.78), e dá boas indicações para o Open da Dinamarca onde compete dentro de cinco dias pela seleção nacional (com Nascimento e Ribeiro).
E se no topo houve muitas alegrias – e algumas surpresas – no final da tabela também tristezas pela descida (vi no cais atletas emocionados por ‘caírem’ à segunda divisão).
Descem os últimos seis classificados (ver classificação no final), sendo de sublinhar – por curiosidade estatística que pode ou não revelar algo – a origem por distrito dos nove clubes que se mantêm (não incluí aqui os três que sobrem da 2ª divisão).
Em femininos: quatro clubes de Lisboa, dois do Porto, e um de Aveiro, Faro, e Braga.
Em masculinos: os mesmos quatro clubes de Lisboa, e um do Porto, Faro, Madeira, Coimbra, e Braga.
No acumulado: oito de Lisboa, três do Porto, dois de Braga e Faro (Loulé), e um de Aveiro, Coimbra e Funchal.
Classificação coletiva ao final do primeiro dos dois dias de competição
Femininos:
- Sporting, 930,00
- FC Porto, 869,00
- Sport Algés e Dafundo, 763,00
- SL Benfica, 729,00
- Galitos/Bresimar, 657,00
- SC Braga, 629,00
- Louletano/Loulé Concelho, 571,00
- CF Os Belenenses, 455,00
- Clube Fluvial Portuense, 440,00
- Associação Académica de Coimbra, 416,00
11.GDN Famalicão, 402,00
- Náutico da Marinha Grande, 376,00
13.Bairro dos Anjos/Leiria, 363,00
14.Colégio Monte Maior, 282,00
15.Leixões SC, 258,00
Masculinos:
- Sporting, 915,00
- SL Benfica, 831,00
- FC Porto, 764,00
- CF Os Belenenses, 607,00
- Louletano/Loulé Concelho, 592,00
- Sport Algés e Dafundo, 589,00
- Clube Naval do Funchal, 587
- C. Náutico Académico de Coimbra, 558,00
- Sporting Clube de Braga, 548,00
- GDN Famalicão, 525,00
- Galitos/Bresimar, 407,00
12.União Piedense (SFUAP), 373,00
13.FOCA/Quinta da Lixa (Felgueiras), 361,00
- Associação Académica de Coimbra, 321,00
- Colégio Monte Maior, 164,00
CLUBES CAMPEÕES DE PORTUGAL DE CLUBES
(competição não se realizou em 2019/20 e 2020/21)
Oito Títulos absolutos (ambos os sexos)
Clube Títulos
FC Porto 6
S. Algés e D. 2
34 Títulos em femininos
Clube Títulos
FC Porto 15
Sporting CP 7
S. Algés e D. 5
SC Braga 4
CN Amadora 2
SL Benfica 1
34 Títulos em masculinos
Clube Títulos
S. Algés e D. 10
Sporting CP * 9
SL Benfica 5
FC Porto 4
CN Amadora 3
CF Vilacondense 3
(1º clube a somar 9 títulos seguidos)
Sete clubes, 76 títulos
FC Porto 25
S. Algés e D. 17
Sporting CP 16
SL Benfica 6
CN Amadora 5
SC Braga 4
CF Vilacondense 3
(Fonte: FPN)