Lia Thomas não é o primeiro atleta transgênero da natação, mas é a primeira que gera controvérsia e atenção da imprensa. Para ser mais exato, até um certo grau de preocupação. A imprensa, não só esportiva, tem tratado do caso que mexe com os rankings nacionais da natação universitária americana de forma ostensiva nas últimas semanas.
Para entender melhor do caso, a SWIM CHANNEL vai descrever em detalhes a história por completo. Lia Thomas nasceu William Thomas, natural de Austin, Texas, onde teve uma carreira de bastante destaque na natação desde a base. Junto com seu irmão mais velho Wes Thomas, os dois ainda figuram na tabela de recordes do clube Lost Creek Aquatics.
Thomas já era recordista na categoria 7-8 anos ao fazer impressionantes 37s35 para os 50m livre em piscina longa. Seu último recorde, ainda está lá, nos 1500m livre com 18 anos de idade em 2016: 16min20s12.

Bom atleta e bom aluno da West Lake High School, Thomas foi recrutado para a University of Pennsylvania, reconhecida como um dos mais destacados programas acadêmicos dos Estados Unidos e parte da Conferência Ivy League, considerada a elite acadêmica do sistema NCAA.
Ao chegar a Penn, Thomas teve impacto direto e imediato na equipe. Foram três anos nadando na equipe masculina chegando as finais da Conferência e terminando a temporada com os melhores tempos da Penn nas provas de 500 e 1650 jardas livre. Suas marcas de 4min18s72 e 14min54s76 foram índices B se aproximando de poder disputar o fortíssimo o Nationals NCAA da Divisão I.
Por conta da pandemia, a temporada passada da Ivy League foi cancelada. Foi neste período que Thomas tomou a decisão pessoal que mudou sua vida. O NCAA tem regras específicas para os atletas transgêneros e a obrigatoriedade da redução hormonal e um período de 12 meses abaixo do nível determinado.

A redução dos níveis de testosterona também era utilizado pelo Comitê Olímpico Internacional desde 2015, porém, a nova regulamentação não prevê mais tal procedimento. Pelo COI, as federações internacionais de esporte tem autonomia para tomar as suas decisões nas regras e protocolos, mas precisam apresentar comprovação científica para estes controles.
O sistema universitário americano do NCAA é independente, e a regra da redução hormonal segue em vigor, e sem perspectivas de ser alterada. William Thomas, agora Lia Thomas está dentro deste padrão e, por conta disso, autorizado para competir neste seu quinto ano de faculdade.
A elegibilidade universitária dos atletas-estudantes é de quatro anos, mas com o cancelamento da temporada passada, Thomas e outros tantos atletas ganharam este “ano extra”. Thomas ganhou um ano extra e numa nova equipe, o time feminino da Penn.

Universidade de Pennsylvania é daquelas equipes universitárias americanas que tem programas combinados, ou seja, homens e mulheres, treinando juntos e sob a coordenação do head coach Mike Schnur que está no programa há 29 anos sendo 17 como head coach das duas equipes.
Thomas saiu do time masculino entrou no time feminino, mas segue treinando com a mesma equipe, os mesmos companheiros, treinador e o programa de fundo da Penn.
Seus “novos” tempos já fazem impacto na equipe feminina. Com os recentes resultados, Thomas lidera o ranking nacional do NCAA nas 200 jardas livre (1min41s93) e nas 500 jardas livre (4min34s06). As duas marcas junto com as 1650 jardas livre (15min59s71) são novos recordes da universidade.
Os tempos ainda não superaram os feitos no time masculino (1min39s31, 4min18s72 e 14min54s76), respectivamente para os 200, 500 e 1650 livre. Nenhum destes tempos foram recordes da equipe masculina.

Com metade da temporada disputada, ocupando posições de destaque no ranking nacional universitário e muito próxima dos índices A do NCAA, é muito provável que Lia Thomas esteja no NCAA Divisão I Feminino de 16 a 19 de março do próximo ano em Atlanta, na Universidade Georgia Tech. Até lá o tema deve ser de muitas discussões e controvérsias.
Sobre uma possível participação de Lia Thomas nas competições da USA Swimming e quem sabe até em nível internacional, ainda não temos uma revisão sobre as recomendações que o COI solicitou a FINA. A USA Swimming deliberou no ano passado que iria adotar a mesma exigência que determinava a recomendação de 2015, exatamente o que Thomas fez para se tornar elegível no sistema do NCAA. A exceção da Federação Americana é para os nadadores menores de idade, estes em competições locais e regionais, não precisam nem se submeter a tal procedimento.
A temporada universitária americana tem uma parada neste final de ano. É o chamado “Christmas Break” onde atletas fazem training camps de alto volume e intensidade antes de retomarem as competições a partir de janeiro. Até lá, e com certeza, pelos meses seguintes o tema seguirá em pauta. Por enquanto, não há qualquer previsão da NCAA em rever seus critérios e exigências o que deixa Lia Thomas elegível até o fim da temporada.
Coach, seria controverso a FINA andar em direção contrária ao COI, no que tange ao reconhecimento e integração de atletas trans, desde que garantidos os protocolos de controle hormonal etc. Os Jogos Olímpicos de Tóquio foram um divisor de águas com homens e mulheres trans competindo, além de serem a edição com o maior número de atletas abertamente LGBTIA+ participando, representando 27 países, com destaque para os Estados Unidos. Avalio que excluir atletas trans do esporte, já havendo normativas comprovadas pelo comitê científico do COI para que possam competir sem benefícios sobre outros/as atletas seria um retrocesso por parte da natação mundial. Abç. Fabiano Devide.
Ridículo aceitarem isso, acho que se for para pensar assim vamos acabar com as paralimpiadas pois é igualar os totalmentes diferentes. Só quero ver se for convocado para olimpíada, pois como homem era um nadador medíocre agora como trans vai tirar as melhores nadadoras do mundo. RIDICULO. ATÉ QUANDO VAMOS ACEITAR ISSO.
As mulheres lutaram para praticar esporte, onde antes não podiamos nem assistir, a categoria trans deve lutar por uma categoria para eles.
Concordo
Muito boa a matéria! Muito bem colocados os fatos e suas relevâncias!
Parabéns ao Coach Alex Pussieldi
Nós homens temos mais uma opção de sucesso no esporte, se não conseguirmos sucesso no masculino podemos nós ” transformar ” em mulheres em 12 meses e ai termos uma chance a mais de conseguir a glória e o prestigio de vencer como esportista.
Quero ver qual hetero top se subestima a isso!
Quanta ignorância ♀️
O problema é que o atleta trans que nasceu homem construiu um físico completamente masculino (estrutura óssea e músculos) durante anos e só depois de ter o corpo completamente maduro começou a fazer o tratamento para redução da testosterona. A vantagem já foi construída, é óbvio que é injusto com as mulheres. A estrutura de Lia é provavelmente muito mais robusta do que as demais. Não sei se é possível com anos de tratamento para supressão da testosterona reduzir o percentual de massa muscular da atleta a níveis equivalentes a de uma mulher, se for, só deveria entrar na categoria após ao atingimento da equivalência.
Concordo plenamente. Levou anos construindo o biotipo masculino, somente a redução da taxa hormonal em um ano não é suficiente para provocar a equivalência. Sei que é um assunto polêmico e que a comunidade Trans tem direitos como todos nós mas vamos tratar as desigualdades como desigualdades. Não dá pra proporcionar direitos à uns prejudicando outros. Até hoje atletas mulheres que nasceram mulheres e têm níveis de testosterona considerados fora do padrão tem que provar que são mulheres.
A Rebeca Gusmão competiu o PAN em 2007 com uma estrutura corporal totalmente masculina. Lembram do tamanho dela? Ninguém a impediu de competir, ninguém se negou a subir no pódio com ela. Ninguém quesionou a sexualidade dela. A Rebeca só foi desclassificada pq foi comprovado que ela tinha vantagens HORMONAIS em relação às outras atletas. O problema de vocês é o preconceito, mas vocês nunca vão admitir isso.
Questionou a sexualidade não, corrigindo, ninguém questionou o gênero dela. Sexualidade e gênero são coisas totalmente diferentes
Mas se tu tem uma estrutura assim, ok. Tem gente que tem a estrutura perfeita para maratona, outros para 100m, outros para nadar… Aí é Deus, natureza ou seja lá em que acredite. Agora, tu nascer homem, te desenvolver em termos ósseo, muscular e etc como homem e depois alterar algumas coisas e competir com mulheres? É óbvio que gera uma vantagem!!! Ou é a toa que ele foi de nadador comum no masculino para o super top feminino.
Acredito que deveriam abrir uma competição entre os transgêneros, pq querendo ou não a Lia e mais forte que as mulheres por ter um corpo masculino. Ser maior e mais forte acredito eu . Que as mulheres irão ficar em desvantagem em competir com ela