Rafaela Monilly tem 19 anos e já é considerada uma das grandes promessas das águas abertas no Brasil. Mesmo com a pouca idade, a nadadora tem uma história que pode inspirar muito as pessoas.
Ela começou a nadar ainda bebê, aos 11 meses de idade. Aos quatro anos foi descoberta pelo professor Rafael Rosso da academia em que frequentava e sua primeira competição aconteceu com a equipe em um projeto do medalhista olímpico Gustavo Borges ainda aos quatro anos.
A academia em que treinava se filiou ao Corinthians, local onde deu suas primeiras braçadas em competições federadas. Aos seis anos foi convidada a fazer parte da equipe do SESI-SP, permanecendo dez anos no clube. “Foi no SESI que nadei os campeonatos do Sudeste do Mirim ao Petiz, Paulista e Brasileiro Infantil e Juvenil e Troféu Kim Mollo”, comenta Rafaela.

Em 2015 Rafaela foi apresentada as provas de águas abertas pelo seu antigo técnico Wellington Gama junto à Fernando Possenti, que na época era o responsável pela equipe de águas abertas do SESI. Ela começou a nadar competições como Desafios Aquaman, Circuito Mares, Circuito de Maratona Aquática e Campeonato Paulista da FAP. Sua primeira vez nadando no mar foi em 2015, em um Campeonato Brasileiro de 5 km ainda pelo SESI-SP.
“Foi bem desesperador pra mim. Ali eu descobri uma paixão e meu maior medo. Nadei a prova inteira chorando e quando sentia algo de errado, tipo animais marinhos, ou via que estava sozinha na prova e me dava crises de pânico. Teve provas em que eu nadava gritando”, comentou a jovem que também faz parte do time de atletas da Mormaii.
Na sua primeira prova de 10 km, Rafaela lembra que o juiz da prova quis até retirá-la da água. “Mas como minha paixão sempre falava mais alto eu me mantive ali firme. Completei a prova e assim que sai satisfeita com meu resultado, pois tive a certeza de que minha paixão se tornou um amor pra vida”, disse a nadadora.
Aos 16 anos ela começou a treinar na Equipe Caraguatatuba com o técnico João Baduca. Lá, a nadadora conquistou diversos resultados importantes com destaque para Campeonato Paulista de Maratona Aquática, o vice-campeonato brasileiro de maratona aquática, o vice-campeonato paulista nos 1500m e 800m e o título e novo recorde da tradicional Maratona Aquática 14 Bis, sendo a terceira atleta a sair da água entre homens e mulheres.

Rafaela sempre sentiu pânico ao entrar no mar, mesmo que nunca nada de grave tenha acontecido com ela. “Meu técnico (João Baduca) me aconselhou a fazer terapia, foi aí que eu comecei a melhorar e evoluir. O meu psicólogo na época, Breno Savassa, foi muito importante para essa melhora, pois ele não só me acompanhava no consultório, como também fora dele me fazendo viver na experiência o pânico e aprendendo a controlá-lo”, disse.
A nadadora fez terapia no consultório uma vez por semana e depois ia para o mar, as vezes com todos da equipe, e na maioria delas sempre com seu técnico. Ela continua com algumas crises, mas agora bem menores do que no começo. Rafaela recordou também de uma das suas piores crises ao longo de sua trajetória.
“Em um dos treinos estávamos no mar. Antigamente eu não conseguia nem deixar a cabeça dentro da água por medo. Mas após trabalhar esse medo já havia evoluído bastante e vinha aprendendo a lidar com as crises. Nesse treino o tempo estava bem nublado, mas seguimos nadando. Foi ai quando um grupo de golfinhos veio em nossa direção. Eu estava tão concentrada no treino que nem me atentei ao barulho que eles faziam, até que foi quando virei meu rosto para respirar e um deles saltou do meu lado. Foi horrível. Subi no caiaque desesperada”, conta.

“Fiquei no caiaque tentando voltar da crise e me acalmar, quando consegui controlar, o João me perguntou se queria parar o treino ou voltar pra água e continuar treinando. Com muito choro voltei pra água, porque na verdade sabia que tinha realmente que fazer aquilo para ir me superando. Sai da água com os olhos contendo duas bolsas de lágrimas que deixaram meus olhos inchados por dois dias”, completou.
Agora com menos intensidade e graças a terapia, a nadadora consegue se concentrar ainda mais quando está em uma crise e sair delas mais facilmente. Rafaela espera evoluir na modalidade e sempre focar nos seus principais objetivos a curto, médio e longo prazo.
“Penso sempre em evoluir, com metas, objetivos e superação. No momento estou focado a curto prazo na seletiva do Mundial Júnior. Em médio prazo quero fazer parte de um Brasileiro de piscina e a longo prazo, quero estar os Jogos Olímpicos de Paris em 2024”, finalizou.